QUESTÕES ACERCA DOS TEXTOS

O que são textos?Para que servem?O que distingue um do outro?

Segundo Costa Val, texto ou discurso é uma “ocorrência linguística, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal” (1994, p. 3). Isto é, para produzir um texto, devemos levar em consideração: os fatores pragmáticos, a coerência e a coesão. É importante enfatizar que o nexo (a coerência) é essencial para que uma sequência linguística possa ser reconhecida como texto, contudo, nem sempre esse nexo precisa ser expresso através de um mecanismo gramatical (coesão).

Já para Fávero, em sentido amplo, texto é “toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano” (1997, p. 5). Ou seja, são considerados como textos: uma pintura, uma escultura, um desenho, uma música etc.

Os textos servem para diversos propósitos: convencer, ofender, instruir, seduzir, induzir, esclarecer, informar; enfim, poderíamos usar esta página inteira para explicitar suas finalidades, pois são inúmeras. Neste momento, por exemplo, estamos tentando definir a terminologia texto, esclarecendo suas finalidades e fornecendo suas características.

Assim, se a intenção de um locutor é contar uma história fictícia, ele optará por uma estrutura definida: enredo, personagens, tempo, espaço e narrador. Se sua intenção é expor sua opinião sobre determinado assunto, produzirá um texto que se organiza em torno de argumentos, visto que seu propósito maior é persuadir o interlocutor.

É válido ressaltar que Marcuschi (2002) distingue tipos textuais de gêneros textuais. Tipos textuais seriam sequências de enunciados dentro dos gêneros: narração, descrição, argumentação, exposição e injunção. E gêneros textuais seriam os textos materializados que encontramos em nosso cotidiano, os quais manifestam particularidades sociocomunicativas (existem estudos que já nomearam mais de 4000 gêneros): bula de remédio, poema, artigo científico, palestra, manual de instrução, lista de compras, e-mail, crônica, resenha, reportagem, enquete, curriculum vitae etc. Como afirma Bezerra (2002), falar em tipo implica considerar a estrutura e falar em gênero significa acatar o uso.

Já as autoras Kaufman e Rodriguez (1995) partem dos seguintes critérios para definição e classificação da tipologia textual: funções da linguagem (informativa, literária, apelativa e expressiva) e tramas (narração, argumentação, descrição e conversação) que predominam na construção dos textos.

No âmbito pedagógico, faz-se necessário trabalhar com os gêneros e os tipos textuais a partir de uma configuração híbrida, ou seja, com a intertextualidade inter-gêneros (um gênero com a função de outro) e a heterogeneidade tipológica (um gênero com a presença de vários tipos).

Mediante tais nomenclaturas e independente delas, podemos afirmar, com certeza, que quando interagimos com outras pessoas, seja através da linguagem verbal ou extraverbal, produzimos textos e não amontoados de riscos ou frases. Alcançar tal proeza não é difícil. Entretanto, é preciso, também, querermos não apenas exteriorizar os pensamentos ou transmitir mensagens, mas também atuar sobre os interlocutores, para assim, podermos modificar a nossa realidade.

Referências

BEZERRA, Maria Auxiliadora. Textos: seleção variada e atual. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva. BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.). O livro didático de português: múltiplos olhares. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

FAVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 4 ed. São Paulo: Ática, 1997.

KAUFMANN, Ana Maria. RODRIGUEZ, Maria Helena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médica, 1995.

MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva. BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

DENISE CARVALHO
Enviado por DENISE CARVALHO em 02/11/2010
Reeditado em 02/11/2010
Código do texto: T2591872