Pressionar árbitro de futebol na hora do VAR é besteira

A pressão que os jogadores fazem aos árbitros nas checagens do VAR é chata e inútil

por Márcio de Ávila Rodrigues

[14/01/2024]

Uma das situações mais ridículas do futebol moderno é a pressão que os jogadores fazem sobre o árbitro quando o jogo está parado para uma checagem do VAR.

Falo para quem gosta e acompanha futebol. Para muita gente, portanto.

VAR é a sigla em inglês para Vídeo Assistant Referee, traduzível para “árbitro assistente de vídeo”. Esse árbitro extra acompanha o jogo em uma cabine fechada, com uma equipe de auxiliares, sem contato com outras pessoas, sejam jogadores, dirigentes ou torcedores.

Já o árbitro tradicional continua em campo onde recebe, do primeiro ao último minuto do jogo, pressões e reclamações de. praticamente, todos que estão no estádio. Os dirigentes das federações e confederações futebolísticas, por isso mesmo, têm optado por valorizar árbitros que também sejam atletas fortões, para impor respeito.

O que as imagens televisivas nos mostram é que, no momento em que o jogo é paralisado para uma análise do VAR, os jogadores cercam o árbitro principal e ficam reclamando insistentemente, pressionando sem parar.

Em alguns poucos casos, o árbitro de campo é chamado para analisar as imagens fora do campo. Mas, na absoluta maioria das vezes, a decisão é tomada na cabine fechada do árbitro assistente, que a comunica pelo aparelhinho que está no ouvido do árbitro de campo.

Nestes casos a pressão é inócua, pois a decisão não está dentro das quatro linhas. Mas, mesmo nos poucos casos em que o árbitro principal é chamado para ver o vídeo, a pressão promovida pelos jogadores tem pouca influência, é inútil.

São até frequentes os casos em que o árbitro volta atrás em uma decisão já tomada, mas somente quando o vídeo mostra uma imagem inovadora ou o árbitro assistente solicita a mudança após traçar a linha de impedimento, usando a tecnologia do computador. São casos que tornam inútil a pressão psicológica promovida pelos jogadores.

O futebol é uma atividade competitiva, e qualquer decisão beneficia um e prejudica outro. Mudar uma decisão por influência de uma pressão testemunhada pelos milhares de torcedores em campo ou acompanhando em casa pela televisão é uma prova de fraqueza que produz consequências sérias, inclusive violência.

A falação dos jogadores de futebol no ouvido da arbitragem, pelo menos nas competições importantes, é apenas uma chatura inútil, uma bobajada.

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.