OS OUTROS "LADOS" DA HISTÓRIA

OS OUTROS "LADOS" DA HISTÓRIA

Penso que o conceito que meu irmão -- professor "CARIOCA", aqui em Belém -- desfruta no meio da Capoeira na Capital não se deve ao nosso Centro Cultural (CCCP), de curta duração e quase nenhuma lembrança. Está mais ligado às Rodas na Praça da República, que ajudou a sustentar entre 1989 e 93/94 juntamente com os então professores "Laíca", Rai e Nonato, Nelson Guedes, Jon, "Péba" e outros mais e pelo fato de ter visitado praticamente todos os Grupos e academias existentes entre Icoaraci e Marituba, indo até Castanhal. Enquanto isso, os 2 nomes maiores dela "dormiam" ou não eram vistos em lugar nenhum, principalmente em "Rodas livres", como eram chamadas as Rodas nas praças. Eis um "lado" que poucos conhecem de certas "figuras" locais ! Mestre "Laíca" que já em 1981 -- mal tendo iniciado -- havia Rodas abertas na Praça da República... acrescento que no mercado Ver-o-Peso também tinha ! Meu irmão a viu na televisão, nessa época, talvez na TV Marajoara ou Rauland. Boa parte dos que nos admiram -- a mim "por tabela", por ser irmão gêmeo, confundido com o "capoeira" da família -- tem idéia equivocada da atuação (?!) do Centro Cultural, até porque efetivamente não fizemos praticamente nada.

O objetivo de ter o FPC - Federação Paulista de Capoeira "monitorando" as graduações locais e só titulando após Cursos e testes foi RECUSADO por todos. O ensino em 3 frentes -- no bairro Cidade Nova -- esbarrou no preconceito de EPs e Centros Comunitários e no despreparo (para o trabalho com crianças) dos instrutores de dois dos 3 núcleos. As aulas de meu irmão duraram até meados de 1989, findando NA RUA por recusa de 3 ou 4 Centros e até escolas públicas. Portanto, a divulgação que tornou a Capoeira de Belém mais conhecida em boa parte do Brasil -- além do Canadá, Polônia, Alemanha e Nova York -- foi toda realizada via Correios, às nossas expensas, apenas com o trabalho de jornaleiros. A profissão colaborou para que tivéssemos várias reportagens de qualquer notícia local sobre a Capoeira e tais notas eram enviadas para boa parte do país, onde estão até hoje... nem tudo está perdido !!!

Foi graças ao CENTUR -- na pessoa da diretora da Biblioteca, Regina Maneschi e sua assessora -- que as intenções iniciais do CCCP de uma divulgação CULTURAL se tornaram realidade. Após duas "exposições" chinfrins, feitas de papel de pão e tiras de cartolina "recicladas" de gráficas do bairro, o CENTUR apadrinhou em julho/1991 o que seria a MAIOR EXPOSIÇÃO de Capoeira de todo o Brasil, na época e com materiais nos enviados de Aracaju, Rio, SP e até Porto Alegre, além de discos raros, cartões postais, artesanat, brindes, posters, pinturas e o que coube no amplo salão. As duas maiores TVs locais (TV Liberal e TV RBA) compareceram á inauguração nas férias de julho/91, além da TV Cultura. Para espanto de quase todos, a Exposição "A CAPOEIRA EM TODAS AS ARTES" foi vista -- mesmo que por poucos minutos -- em boa parte das casas no Estado inteiro.

A partir daí, apesar dos Correios, recebi mais de 60 cartas de mestres importantes no Brasil, convite para Batizado em SP e Aracaju e um conceito que cabia ao meu irmão, já que na Capoeira tenho participado mais como OBSERVADOR do que como praticante efetivo. Resta saber o que escreveu sobre o CCCP certa pesquisadora de Belém numa Monografia ("monogracinha", segundo o mano) produzida (se eu entendi bem) a partir de ENTREVISTA comigo e... na casa dela ! Embora me orgulhe de minha boa memória para fatos e datas, não consigo confirmar nem uma nem outra das afirmações. Sera que tenho "AMNÉSIA seletiva" ?! A realidade é uma só: o CCCP "faliu" no mesmo ano em que foi criado, 1988... qualquer história além dessa é SANDICE ou equívoco, até porque DESINFORMAÇÃO não faltou pela Imprensa, que publicava verdadeiros "absurdos" a nosso respeito, tendo uma delas como tópico de matéria um certo "FIO DE SAXOFONE". Acredite quem quiser !

"NATO" AZEVEDO (em 17/março 2022, 21hs)

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OBS (*1) - reduzida e posta em 32 painéis de compensado 4 mm, a exposição foi levada ás praças e colégios nobres de Belém, além de EPs de expressão. Mesmo com o Centro inativo, em "letargia", continuamos a usar seu nome para conseguir espaços em entidades para a Exposição (em escolas e outros locais) e para "shows" anuais em teatros de Belém. Era mais fácil obter autorização a partir de uma "Entidade oficial" do que por pessoa comum... ainda assim, eu poderia ter usado o nome do Grupo "Berimbau de Ouro", também desativado ou o de um certo "Ação Comunitária" e que era mera farsa para servir á vaidade de seu mentor ou "mestre". Daria "na mesma" ! (NATOAZEVEDO - 18/mar. 2022)