Suderj informa: sai o povo do Rio, entra Eike Batista

Quando foram divulgadas as primeiras fotos do novo Maracanã, algo que chamou a atenção de todos foi o novo formato das redes. Agora, elas não ficam mais como antes, parecendo um véu de noiva, como um abrigo poético para a bola, mas estão quadradas, tal com acontece na Europa. A justificativa dada pela Fifa foi que deve haver um padrão nas instalações e equipamentos esportivos ao redor do mundo. Lembremos que essa é a mesma Fifa que não permitiu que o estádio se Brasília continasse se chamando Mané Garrincha. Temos aí mais dois capítulos da Burrocracia do futebol. Será que essa senhora tão chata parou por aí? Não...

Durante anos, os frequentadores do Maracanã ouviram a frase “Suderj informa...” nas partidas de futebol no Maracanã na hora da substituição de jogadores e quando eram informados público e renda. Era muito comum depois dela ouvir aplausos ou vaias. Com o novo Maracanã, momentos simples como esses estão praticamente extintos.

O Maracanã ficou fechado por quase 3 anos, milhões dos cofres públicos foram gastos em sua reforma. Agora, praticamente terminado, o estádio foi entregue à administração de Eike Batista. Estar sob a tutela da iniciativa privada pode significar uma maior organização e um maior profissionalismo na gestão do complexo esportivo, mas no caso em questão significa bem mais além disso.

Primeiramente, o Governo do Estado do Rio de Janeiro veio com a iniciativa de demolir o Museu do Índio. Um prédio que, apesar de abandonado há mais ou menos vinte anos, tem todo um valor histórico, visto que é uma construção de 1910. Cabral e Cia alegavam que retirar o edifício dali era uma das exigências da Fifa para a reforma do Maracanã, pois seria uma área necessária para a circulação de pessoas, algo que foi negado pela entidade. Sendo assim, por que a tentativa de demolição?

Depois, notícias sobre a derrubada da Escola Municipal Friedenreireich – referência quando se fala em Ensino Fundamental no Estado - começaram a se espalhar. Justificativa? Precisavam do espaço para a construção de um estacionamento e de duas quadras. Será que não há outro lugar disponível para tal?

Apesar desses dois absurdos, Cabral não parou por aí. Agora, a vontade é demolir o Estádio de Atletismo Célio de Barros – que, durante a reforma do Maracanã, virou uma espécie de canteiro de obras e estacionamento de caminhões – e o Parque Aquático Julio Delamare. As duas áreas são muito importantes para a população do Rio de Janeiro, visto que abrigam diversos projetos sociais – como o “Suderj em forma” – e servem de espaço para treinamento de atletas olímpicos brasileiros; esportistas esses que já sofrem com a interdição do Engenhão pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

Cabral e Cia querem ceder a área do Célio de Barros e do Julio Delamare também para eike Batista. A intenção é construir mais dois estacionamentos.

Pelo jeito, nunca mais gritaremos “O Maraca é nosso”.