CRIANÇA NÃO É BRINQUEDO!

CRIANÇA NÃO É BRINQUEDO!

Impossível não perceber a evolução da violência e da inércia em nossas crianças e jovens. Uma contradição, alguns diriam. Violência ou inércia? Pois bem, andam eles, em sua maioria, entre esses pólos negativos. Trabalhei muito, para assumir essa opinião. Encontrei vasto material, não só sob o ponto de vista dos profissionais, que com muito respeito admito, acabam tirando conclusões com base em conjecturas e nos poucos casos que lhes chegam às mãos. Fui mais a fundo na origem e encontrei um manancial de explicações que me trouxeram respostas plausíveis e concretas e também soluções, não muito práticas para quem não dispõe de uma coisinha básica chamada “boa vontade”. A boa vontade muitas vezes muda tudo. Transforma. E foi com boa vontade que pesquisei muito e agora trago para aqueles que também tenham a boa vontade de ler e entender as minhas citações e conclusões.

Ao contrário do que pensamos a criança não é um brinquedo, um bibelô, tal qual uma boneca ou um ursinho de pelúcia. A infância é um período de aprendizado muito importante, indispensável para a formação do caráter e conforme adquira, bons ou maus hábitos nesta fase, serão estes que determinarão os resultados para toda esta existência. Allan Kardec nos lembra, no Livro dos Espíritos, que a infância não é um estado normal de inocência, porque o espírito já possui sua bagagem espiritual, boa ou má, de existências anteriores, mas, é possível sim reformar-lhe o caráter e reprimir os maus pendores, na primeira fase da infância quando os seus instintos ainda estão adormecidos, estando assim mais acessível e maleável aos ensinamentos dos Pais e Educadores.

No Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XIV ele diz: “Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais que revelem os germes desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas; (...)”

Sabemos bem que é verdadeira essa afirmação, mesmo que outra doutrina nos impeça de aceitá-la, basta que observemos alguns exemplos de crianças que ainda muito pequenas e “inocentes” cometem atrocidades, e não são poucas. Torturam e matam animais e pessoas.

Assim como temos exemplos de más tendências trazidas do passado e não corrigidas no presente, temos também, Graças a Deus as “crianças gênios”. Como explicar o que havia com Mozart, Kim Yong-Ung, Gregory Smith, Akrit Jaswal e outros?

Como é sublime essa missão! Modificar, contribuir para a evolução de um ser que nos foi confiado por Deus, mostrando-lhe o caminho correto. Mas para isso, precisamos estar convictos de que a tarefa não é fácil, requer muito amor, muita paciência, muita disciplina e disciplina é o ponto onde tudo começa a se complicar.

Devemos educar nossos filhos, desde o berço. Não podemos esperar chegar a adolescência para fazê-lo, será tarde demais. Chico Xavier dizia em suas preleções: “Criança que gosta de rasgar papéis é uma criança até certo ponto agressiva. Não podemos permitir que tenha uma liberdade nociva. Crianças que destroem brinquedos, objetos domésticos, estragam paredes, móveis, matam animais e plantas, gritam continuamente, explodem em birra à menor contrariedade, demonstram ervas daninhas que devem ser combatidas pelos pais, para que não se transformem em caminho para a irresponsabilidade e o crime, gerando violência. Habituando-os desde pequenas transgressões, à disciplina e ao equilíbrio, estaremos imunizando-os contra grandes atitudes de desequilíbrio.”

No ambiente familiar, compete aos pais o dever de exercer o poder, a autoridade. Como nos lembra Emmanuel: “Nem freio que os mantenha na servidão, nem licença que os arremesse ao charco da libertinagem.” No Livro Provérbios, 13:24, está escrito: “Quem se nega a disciplinar e repreender seu filho não o ama; quem o ama de fato não hesita em corrigi-lo.” No Eclesiástico, 30:7 – “Aquele que estraga seus filhos com mimos, terá que pensar as feridas.”

A falta de preparo da maioria dos pais no enfrentamento das dificuldades no processo educativo dificulta a prevenção e a correção dos problemas que surgem. Em Nosso Lar, diz André Luiz: “Na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal, raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. O maior número de casais humanos é constituído de verdadeiros forçados, sob algemas.” Diante das próprias dificuldades de ajustes, muitos os liberam demais, os prendem demais, os ignoram, transferem a responsabilidade de educar para outras pessoas, ou superprotegem, tornando-os egoístas, orgulhosos e frágeis diante dos problemas.

É muito fácil dizer SIM, prático! E a criança para de “encher” a paciência, ou porque “EU AMO MEU FILHO”, quero vê-lo sempre feliz, por isso dou tudo que ele pede, faço tudo que ele quer. Será que assim estará dando amor? Quantas crianças gostariam de ouvir de seus pais um sonoro e bem explicado NÃO? Muitas, acreditem. Já ouvi queixas do tipo: “meu pai nem liga”, “minha mãe nunca tem tempo”, “ninguém me deixa falar o que penso”, “lá em casa o pessoal ta nem aí”. Eram garotos que podiam ter um destino diferente. Para essas afirmações não me atenho somente a leituras, são diálogos reais com crianças e jovens que encontro em qualquer lugar ou circunstância, além de ter colhido muitas delas na época que estive como professora. Quantas vezes mães me procuravam para agradecer as mudanças no comportamento dos filhos! Mas eu não fazia nada. Só os ouvia, aconselhava com carinho ou usava austeridade, quando se fazia necessário. Não sei se hoje seria possível sequer ouvi-los.

Com as novas regras, os pais foram “podados” em sua autoridade. Por conta dos abusos e absurdos que infelizmente acontecem, criou-se um Estatuto cuja tônica é o respeito à criança. Sobre esse polêmico assunto, li um artigo de Morel Felipe Wilkon, com o qual me identifiquei e concordo quando considera como resultados negativos o fato de pais lavradores não poderem contar com os filhos na lavoura, a mãe não poder atribuir tarefas domésticas como lavar louça ou varrer a casa a um filho, porque caracteriza trabalho. E diz mais: “Liberdade pra tudo, direito pra tudo, deveres poucos e não cobrados. O aluno tem direito de contestar o método de ensino e os critérios de avaliação. O ECA acabou com a disciplina. Na tentativa, válida e meritória, de coibir abusos, que sabemos que havia, acabou com a disciplina. Tudo no Universo é disciplina. As órbitas dos planetas, as estações do ano, os dias e as noites. As Leis de Deus são disciplina. A reforma íntima, as questões morais, o autoconhecimento, tudo isso é questão de disciplina. As grandes conquistas da Humanidade, as grandes invenções, os maiores feitos no esporte, nas artes, na guerra, nas conquistas de povos, no desenvolvimento mediúnico, tudo se deve à disciplina.”

Muitos têm desejo de ter filhos, mas poucos se preparam para isso. Colocar uma criança no mundo é muito mais que “Crescei e multiplicai”. É ser responsável pelo sucesso ou pelo fracasso de um ser que foi colocado em seus braços pelo Senhor de Todo o Universo, e a Ele ter que prestar contas, quando a hora for chegada.

Sei que seria muita presunção da minha parte, achar que poderia convencer as pessoas das minhas certezas, mas ainda assim espero que este alerta tenha ajudado alguém a olhar a educação dos seus filhos sob nova ótica. Porque nossos filhos, como nós, são espíritos imortais criados à imagem e semelhança de Deus.

Que Jesus abençoe todas as crianças do mundo!

Fátima Almeida

09/10/2015

Notas:

Morel Felipe Wilkon: http://www.espiritoimortal.com.br/o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-numa-visao-espirita/#sthash.zspg4AkR.dpuf

- Jesse Harding Pomeroy, aos 11 anos de idade, já torturava e assassinava outras crianças menores.

- Eric Smith aos 13 anos foi para a prisão por assassinar Derrick Robie de 4 anos, com requintes de crueldade. Continua preso passando por avaliações de dois em dois anos.

- Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Suas primeiras músicas datam de quando ele tinha apenas 4 anos de idade.

- Kim Yong-Ung - Com apenas 4 anos - já estava na faculdade - já lia em japonês, coreano, alemão e inglês. Com 9 anos - Doutor “Honoris Causa” em Matemática Espacial e Cálculo Diferencial. Aos 12 anos - título em Física Nuclear. Seu QI: 210. Com 15 já tinha o maior QI do mundo.

-Gregory Smith - Com apenas 12 anos, foi nomeado para receber o Nobel da Paz. Com 2 anos já lia e aos 10, se matriculou na universidade. E quando não estava estudando, Gregory viajava pelo mundo com ativistas buscando os direitos da criança. Fundou a International Youth Advocates, uma organização que promove passeatas pela paz e compreensão entre os jovens de todo o mundo. Deu uma aula para os membros da ONU.

-Akrit Jaswal - Com sete anos, o menino já era cirurgião, com um QI 146. Em 2000, Akrit executou o seu 1º procedimento médico em sua casa, com apenas 7 anos de idade. (operou uma menina de oito anos com mão queimada em um incêndio) Mesmo sem nenhuma formação médica e sem experiência de cirurgia. Com doze anos, Akrit disse estar próximo de descobrir uma cura para o cancro.

Fátima Almeida
Enviado por Fátima Almeida em 09/10/2015
Reeditado em 16/10/2015
Código do texto: T5409814
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