A Argélia pesca nas "águas turvas", prometendo oferecer o gás à Espanha

O Director-geral do grupo argelino "Sonatrach" mantém "todas as precauções para enfrentar qualquer eventualidade no caso de não  renovar o contrato, objeto da concessão através do gasoduto, atravessando o Marrocos para Espanha", considerando que a Argélia promete continuar a fornecer gás à Espanha mesmo si Marrocos não concordar em renovar este contrato, que termina, 31 de Outubro próximo.

E o jornal espanhol “El Mundo” informou sobre a paralisadas das negociações objeto da prorrogação do contrato do gasoduto - Magrebe-Europa; uma vez que as fontes marroquinas continuam negando quaisquer declarações e alegações relativas ao processo das negociações comerciais em curso.

Desde o início da tensão entre Rabat e Madrid, os meios de comunicação espanhóis e argelinos têm promovido rumores de vingança marroquina contra o vizinho do norte,  recusando renovar o contrato do gasoduto, atravessando o território marroquino para a Espanha e Portugal.

Uma vez que  não foi anotado declarações oficiais marroquinas sobre o assunto.

Toufic Hakkar, director-geral da Sonatrach considerou na margem de uma conferência da imprensa, terça-feira passada, que a Argélia tomou "todas as medidas necessárias para o caso de não renovar o contrato, relativo a concessão do gasoduto", acrescentando: "sobre qualquer  eventualidade de não renovar este contrato, que se expira no próximo mês de outubro.

“A Argélia poderá abastecer a Espanha e continuar também a manter o fornecimento sem problemas com a possibilidade de uma demanda adicional para o mercado espanhol.”

Nesse contexto, Moussaoui Ajlaoui, professor-pesquisador do Centro de Estudos da África e Oriente Médio considerou que o que o diretor do grupo “Sonatrach”, um homem do regime argelino, referendo a tal licitação objeto de extorsão e tentativas de pescar em águas turbulentas, devido à tensão entre o Marrocos e Espanha.

Al-Ajlawi acrescentou, junto ao jornal eletrônico Hespress, que a Argélia sofre há quase dois anos com os problemas do abastecimento da Espanha com gás, sobretudo com a alta demanda interna, perguntando-se: O que a Argélia tem hoje para  fazer para enfrentar a demanda adicional da Espanha?

Os Relatórios argelinos alertavam que a Argélia pode ter que parar de exportar gás, devido à alta demanda interna e ao declínio da produção;  ameaçando o país com uma grande crise econômica, sobretudo depois do fracasso da Argélia em diversificar sua economia, totalmente dependente do petróleo.

O professor, pesquisador do Centro de Estudos para a África e Oriente Médio frisou, em seu depoimento, que a Argélia vai sofrer nos próximos anos, porque foi obrigada a atender às necessidades do mercado interno em termos do gás,  afetando de forma direta o desempenho do gasoduto Magrebe-Europeu.

Sendo dois gasodutos argelinos conectados com a Espanha; o primeira é o gasoduto  “Medgaz”,  ligando diretamente a Argélia à Espanha, desde o porto de Beni Saf até Almeria, ou seja o gasoduto “Sonatrach”, influenciando a maioria das suas ações. Tal segundo gasoduto mantém a Argélia para a Espanha via Marrocos.

A Espanha já não se limita apenas ao gás argelino, como fazia décadas atrás, uma vez que os Estados Unidos da América tiraram a Argélia do primeiro lugar em termos de exportação de gás para este país europeu; considerado parte da estratégia da Espanha para diversificar seus parceiros.

Nos últimos anos, as receitas de Marrocos com o gasoduto argelino de gás natural, atravessando o seu território para a Europa, diminuiu, elevando-se a 55 por cento em 2020.

Considerando que os dados oficiais divulgados pela Administração Aduaneira e Impostos Indiretos, no âmbito do relatório anual de 2020, indicam que a diminuição das receitas deste gasoduto, estimada em cerca de 454 milhões de dirhans.

Em 2018, essas receitas totalizaram cerca de 1,5 bilhão de dirhans e, em 2019, diminuíram para 1 bilhão de dirhans, caindo para 500 milhões de dirhans no ano passado.

Finalmente, o gasoduto tem uma extensão de 1.400 km, parte dos poços Hassi R'Mel na Argélia em direcção a Espanha e Portugal, passando por Marrocos, numa distância de cerca de 500 km,  cujo percurso Beni Mathar e perto de Taza e Ouazzane antes de chegar a Tânger.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor universitário, Marrocos

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 30/06/2021
Reeditado em 30/06/2021
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