FAUNA EXTRAORDINÁRIA DA AUSTRÁLIA

 

Os mais comuns são os marsupiais, cangurus, coalas e o diabo-da-tasmânia. Há também crocodilos, inúmeras variedades de serpentes venenosas, aranhas e várias espécies de baleias, golfinhos e tubarões. Das 22 mil espécies da flora australiana mais de 90% são autóctones (aborígenes) e muitas delas endêmicas.

Não é novidade que a fauna australiana desperta curiosidades. A região conta com inúmeras espécies de animais que chamam atenção de cientistas, profissionais da área biológica e veterinária. Porém, algumas evoluções foram notadas nessas três espécies:

O demônio da Tasmânia

O nome faz lembrar do personagem Taz, dos "Looney Toones". O animal da mesma espécie é um marsupial que sofreu um câncer raro, um tumor facial  agressivo, que exterminou parte da população de demônios nos anos 1990. Os cientistas previram que esse fenômeno agressivo seria fundamental para acelerar os processos evolutivos da espécie e a seleção natural agiu rápido. Há evidências cientificas que provam que o sistema imunológico desses animais está aprendendo a combater a doença, visto que a taxa de mortalidade desses mamíferos está caindo.

O lagarto australiano

A espécie batizada Saiphos Equalis também apresentou uma certa desordem na hora de conceber os filhotes. Foi observado que o lagarto produziu um lote de ovos, como todo réptil ovíparo, onde os novos filhotes se desenvolveram dentro do ovo que foi chocado e nasceram, tudo dentro do convencional. Porém, apenas três semanas depois a mesma fêmea que chocou esses ovos teve outro filhote, só que dessa vez por parto normal, sem ovos. É a primeira vez que isso é observado por cientistas em uma espécie vertebrada. A gravidez desse lagarto é irregular.

 

Crocodilo de água salgada

Esse animal assustador para o homem poderia ser considerado improvável, se a bizarrice não fosse regra na fauna australiana. O crocodilo marinho ou crocodilo de água salgada é o único de sua espécie a não habitar os mais profundos rios de água doce. Ele também é o maior réptil do mundo, chegando a atingir 5,2 metros de comprimento e estimativa de vida de 70 anos

 

Fauna da Austrália
Um bebê coala no Currumbin Wildlife Sanctuary. [wikipedia]

O coala (Phascolarctos cinereus) é um herbívoro marsupial arbóreo nativo da Austrália e o único representante existente da família Phascolarctidae.

O coala é encontrado nas regiões costeiras do leste e sul da Austrália, desde perto de Adelaide até a parte sul da Península do Cabo York. As populações também se estendem por distâncias consideráveis ​​para o interior, em regiões com humidade suficiente para sustentar florestas adequadas. Os coalas do Sul da Austrália foram em grande parte exterminados durante o início do século 20, mas desde então o estado foi repovoado com populações vitorianas. O coala não é encontrado na Tasmânia ou na Austrália Ocidental.

O coala é muito semelhante em aparência ao wombat (seu parente vivo mais próximo), mas tem uma pelagem mais espessa, orelhas muito maiores e membros mais longos. O coala tem garras grandes e afiadas para ajudar a escalar troncos de árvores. O peso varia de cerca de 14 kg (31 lb) para um macho grande do sul, a cerca de 5 kg (11 lb) para uma fêmea pequena do norte. Os cinco dedos do coala são dispostos com polegares oponíveis, proporcionando melhor capacidade de preensão. Os primeiros dois dedos são posicionados em sobreposição nas patas dianteiras e os três primeiros dedos nas patas traseiras. O coala é um dos poucos mamíferos (além dos primatas) que possui impressões digitais. As impressões digitais do coala são semelhantes às impressões digitais humanas; mesmo com um microscópio eletrônico, pode ser bastante difícil distinguir entre os dois.

Os dentes do coala são adaptados à sua dieta herbívora e são semelhantes aos de outros marsupiais diprotodontes, como cangurus e wombats. Eles têm incisivos afiados para cortar as folhas na frente da boca, separados dos dentes rangentes da bochecha por um amplo diastema.

O coala macho, como muitos marsupiais, tem um pênis bifurcado. A fêmea possui duas vaginas laterais e dois úteros separados, o que é comum a todos os marsupiais.

O cérebro dos ancestrais do coala moderno já preenchia toda a cavidade craniana, mas foi drasticamente reduzido nas espécies atuais, uma degeneração que os cientistas suspeitam ser uma adaptação a uma dieta pobre em energia. Um dos menores marsupiais, com não mais que 0,2% de seu peso corporal, cerca de 40% da cavidade craniana é preenchida com líquido cefalorraquidiano, enquanto os dois hemisférios cerebrais do cérebro são como "um par de metades de nozes enrugadas no topo do cérebro caule, sem contato entre si nem com os ossos do crânio. É o único animal na Terra com um cérebro tão estranhamente reduzido.

Geralmente é um animal silencioso, mas os machos emitem um chamado publicitário muito alto que pode ser ouvido a quase um quilômetro de distância durante a época de reprodução. Quando sob estresse, os coalas podem emitir um choro alto, que foi relatado como semelhante ao de um bebê humano. Há poucas informações confiáveis ​​sobre a expectativa de vida do coala, mas em cativeiro observou-se que eles atingem a idade de 18 anos.

Os incêndios não representam perigo para os coalas somente pelo risco de morrerem queimados ou sufocados, mas porque, com a perda de seu habitat, esses animais precisam percorrer longas distâncias no solo, momento em que são vulneráveis ​​ao ataque de dingos e raposas, ou podem ser atropelados. Além disso, boa parte das árvores que queimaram são eucaliptos, dos quais eles se alimentam. “Quando a temperatura está acima de 40°C e o clima está seco, a umidade das folhas diminui, o que dificulta sua capacidade de encontrar água e pode provocar sua morte”, explica David Phalen, professor de Ciência da Universidade de Sydney.

Borboletas mortas em Nova Gales.

Borboletas mortas em Nova Gales.TRACEY NEARMY (REUTERS)

A ministra do Meio Ambiente da Austrália, Sussan Ley, explicou nesta segunda-feira que os coalas, considerados uma espécie “vulnerável”, receberam “um golpe extraordinário” com os incêndios e que em algumas áreas do país podem estar em risco de extinção. O ecologista Euan Ritchie explica que “ainda existem populações importantes em áreas que escaparam desses incêndios”, de modo que a espécie não estaria correndo perigo. Mas ele enfatiza que 50.000 exemplares morreram somente na ilha Kangaroo. Segundo o WWF, o coala poderá desaparecer de Nova Gales do Sul (cuja capital é Sydney) em 2050, em razão do desmatamento. Esse Estado perdeu 25% de seus coalas nos últimos 20 anos, segundo a WWF.

Embora as imagens mais dramáticas dos grandes incêndios sejam as dos cadáveres dos icônicos cangurus e coalas, a maior preocupação dos conservacionistas é com espécies menos conhecidas que já estavam em risco. O fogo devorou ​​mais de um terço da ilha Kangaroo, onde duas delas habitam: a cacatua preta brilhante (após duas décadas de trabalho sua população na área havia aumentado para cerca de 350 exemplares) e o pequeno rato-marsupial conhecido como dunnart, tão raro que mesmo alguns dos cientistas que o estudam nunca viram um.

Apesar dos numerosos animais venenosos na Austrália, as mortes são relativamente raras. Os dados oficiais mostram que entre 2001 e 2017 houve uma média de 32 mortes anuais relacionadas a animais

 

Peixe pedra

Peixe pedra — Foto: DAVID GRAY / AFP)

O efeito das picadas das pequenas medusas irukandji é tão forte que alguém não consegue respirar, como se tivesse um elefante sentado no peito, e a dor é tão intensa que a pessoa sente vontade de morrer, diz o cientista australiano Jamie Seymour, que experimentou isso pessoalmente onze vezes. São os riscos do trabalho que, entre outras coisas, envolve extrair o veneno dessas temíveis criaturas marinhas para salvar vidas, explica este toxicologista da Universidade James Cook, na Austrália.

Dezenas de medusas irukandji, algumas do tamanho de uma semente de gergelim, flutuam em tanques de água em um laboratório desta universidade no estado de Queensland. Em outro tanque há um dos peixes mais venenosos do mundo: o peixe-pedra e sua espinha dorsal mortal.

O veneno deste peixe pode matar seres humanos, embora na Austrália não tenham sido registrados casos fatais. Seymour sobreviveu à sua picada. Sua equipe estuda os animais mais mortais da Austrália para tentar entendê-los e ajudar a proteger as pessoas.

 

Apesar dos numerosos animais venenosos na Austrália, as mortes são relativamente raras. Os dados oficiais mostram que entre 2001 e 2017 houve uma média de 32 mortes anuais relacionadas a animais, embora a maioria seja causada por cavalos e vacas.

Desde 1883, foram registradas duas mortes por medusas irukandji e cerca de 70 por cubomedusas. Para comparação, apenas em 2022 houve 4.700 mortes por drogas, álcool ou acidentes de trânsito na Austrália, de acordo com dados do governo. "As chances de receber uma picada ou mordida de animal na Austrália são razoáveis, mas as chances de morrer são muito baixas", diz Seymour.

Sua equipe é a única a extrair o veneno desses animais letais para convertê-lo em antídotos. No caso das cubomedusas, o processo é complicado. Os pesquisadores têm que remover seus tentáculos, congelá-los a seco e extrair o veneno quando ele solidifica.

Para as medusas irukandji não há remédio. Os médicos devem tratar cada sintoma quando aparece. Se a assistência médica for rápida, a chance de sobrevivência é alta.

A extração do veneno do peixe-pedra é mais delicada. Os cientistas devem inserir uma seringa nas glândulas venenosas do animal vivo enquanto o seguram com uma toalha. O veneno é enviado a um centro no estado de Victoria que se encarrega do processamento.

Primeiro, o pessoal injeta uma pequena quantidade do veneno em um animal, como um cavalo, durante seis meses, que desenvolve anticorpos naturais. Então os cientistas retiram o plasma do animal, extraem os anticorpos, removem as impurezas e o convertem em contravenenos para humanos.

Mudança climática

Estes antídotos são enviados para hospitais na Austrália e em outras nações do Pacífico para serem administrados a pacientes que foram picados ou mordidos por algum desses animais. "Temos alguns dos melhores contravenenos do mundo, sem dúvida", orgulha-se Seymour.

A mudança climática pode tornar cada vez mais necessários esse tipo de remédios, alertam os cientistas. Cerca de 60 anos atrás, as medusas irukandji costumavam rondar as águas australianas entre novembro e dezembro.

Com o aumento das temperaturas oceânicas, sua presença pode se estender até março. O aquecimento também leva as medusas letais para o sul da costa australiana, mais longe do trópico. Os alunos de Seymour descobriram que essas mudanças de temperatura também alteram o nível de toxicidade do veneno.

"Por exemplo, se preparo um contraveneno para um animal a 20 graus e sou mordido por um animal que vive em um ambiente de 30 graus, esse contraveneno não vai funcionar", explica.

Estudos científicos demonstraram que o veneno dessas criaturas também poderia ser usado para tratar outras doenças, embora seja uma área de pesquisa pouco financiada. O veneno "deve ser pensado como um guisado de legumes. Há muitos componentes diferentes", diz Seymour. "O que estamos tentando fazer é separar os componentes e descobrir o que acontece"

Apesar dos numerosos animais venenosos na Austrália, as mortes são relativamente raras. Os dados oficiais mostram que entre 2001 e 2017 houve uma média de 32 mortes anuais relacionadas a animais.

Peixe pedra

Peixe pedra — Foto: DAVID GRAY / AFP)

 

O efeito das picadas das pequenas medusas irukandji é tão forte que alguém não consegue respirar, como se tivesse um elefante sentado no peito, e a dor é tão intensa que a pessoa sente vontade de morrer, diz o cientista australiano Jamie Seymour, que experimentou isso pessoalmente onze vezes. São os riscos do trabalho que, entre outras coisas, envolve extrair o veneno dessas temíveis criaturas marinhas para salvar vidas, explica este toxicologista da Universidade James Cook, na Austrália.

Dezenas de medusas irukandji, algumas do tamanho de uma semente de gergelim, flutuam em tanques de água em um laboratório desta universidade no estado de Queensland. Em outro tanque há um dos peixes mais venenosos do mundo: o peixe-pedra e sua espinha dorsal mortal.

O veneno deste peixe pode matar seres humanos, embora na Austrália não tenham sido registrados casos fatais. Seymour sobreviveu à sua picada. Sua equipe estuda os animais mais mortais da Austrália para tentar entendê-los e ajudar a proteger as pessoas.

"Austrália é, sem dúvida, o continente mais venenoso do mundo", assegura Seymour à AFP. "Quando converso com as pessoas, especialmente com os americanos, elas se surpreendem que não morramos todos ao nascer", acrescenta.

Passeando entre os tanques, o cientista vai mostrando suas perigosas criaturas, entre elas algumas cubomedusas, comumente chamadas de vespas-do-mar, cujo veneno pode matar uma pessoa em apenas dez minutos.

Apesar dos numerosos animais venenosos na Austrália, as mortes são relativamente raras. Os dados oficiais mostram que entre 2001 e 2017 houve uma média de 32 mortes anuais relacionadas a animais, embora a maioria seja causada por cavalos e vacas.

Desde 1883, foram registradas duas mortes por medusas irukandji e cerca de 70 por cubomedusas. Para comparação, apenas em 2022 houve 4.700 mortes por drogas, álcool ou acidentes de trânsito na Austrália, de acordo com dados do governo. "As chances de receber uma picada ou mordida de animal na Austrália são razoáveis, mas as chances de morrer são muito baixas", diz Seymour.

Sua equipe é a única a extrair o veneno desses animais letais para convertê-lo em antídotos. No caso das cubomedusas, o processo é complicado. Os pesquisadores têm que remover seus tentáculos, congelá-los a seco e extrair o veneno quando ele solidifica.

Para as medusas irukandji não há remédio. Os médicos devem tratar cada sintoma quando aparece. Se a assistência médica for rápida, a chance de sobrevivência é alta.

A extração do veneno do peixe-pedra é mais delicada. Os cientistas devem inserir uma seringa nas glândulas venenosas do animal vivo enquanto o seguram com uma toalha. O veneno é enviado a um centro no estado de Victoria que se encarrega do processamento.

Primeiro, o pessoal injeta uma pequena quantidade do veneno em um animal, como um cavalo, durante seis meses, que desenvolve anticorpos naturais. Então os cientistas retiram o plasma do animal, extraem os anticorpos, removem as impurezas e o convertem em contravenenos para humanos.

Estes antídotos são enviados para hospitais na Austrália e em outras nações do Pacífico para serem administrados a pacientes que foram picados ou mordidos por algum desses animais. "Temos alguns dos melhores contravenenos do mundo, sem dúvida", orgulha-se Seymour.

A mudança climática pode tornar cada vez mais necessários esse tipo de remédios, alertam os cientistas. Cerca de 60 anos atrás, as medusas irukandji costumavam rondar as águas australianas entre novembro e dezembro.

Com o aumento das temperaturas ceânicas, sua presença pode se estender até março. O aquecimento também leva as medusas letais para o sul da costa australiana, mais longe do trópico. Os alunos de Seymour descobriram que essas mudanças de temperatura também alteram o nível de toxicidade do veneno.

"Por exemplo, se preparo um contraveneno para um animal a 20 graus e sou mordido por um animal que vive em um ambiente de 30 graus, esse contraveneno não vai funcionar", explica.

Estudos científicos demonstraram que o veneno dessas criaturas também poderia ser usado para tratar outras doenças, embora seja uma área de pesquisa pouco financiada. O veneno "deve ser pensado como um guisado de legumes. Há muitos componentes diferentes", diz Seymour. "O que estamos tentando fazer é separar os componentes e descobrir o que acontece"

Fauna Austrália, pesquisa Net