A ENGENHARIA AMBIENTAL: SANEAMENTO DE ÁGUAS PARA A SUSTENTABILIDADE

O desenvolvimento econômico e tecnológico das últimas décadas ocorreu de forma acelerada e sem o devido planejamento para uso dos recursos naturais e o resultado é a escassez de água para o consumo. Agora, os desafios da Engenharia Ambiental começam por lidar com os problemas que emergiram pelo fato de que o meio foi ignorado em função de tempo e custos de produção. O objetivo deste estudo é comentar sobre este cenário, sobre os impactos e desafios nele inseridos e apresentar a importância do Saneamento de águas para a sustentabilidade. Os resultados mostram que a Engenharia Ambiental tem uma missão social de envolver conhecimento técnico para o saneamento das águas, mas principalmente para conscientizar a sociedade, empresas, indústrias e Poder Publico da urgência que se faz para a percepção dos impactos até então causados aos recursos hídricos e da promoção de mudanças de atitude em relação à utilização da água e manuseio e descarte de agentes químicos, resíduos sólidos e desejos provenientes de esgotos.

Palavras-chave: Engenharia, Ambiental, Saneamento, águas.

Introdução

A proposta deste artigo é comentar sobre a importância do saneamento de águas para a sustentabilidade do planeta e realçar a atuação da Engenharia Ambiental neste processo. Desejou-se responder as seguintes perguntas:

 Qual o cenário do saneamento no Brasil?

 Quais os impactos e desafios relacionados à questão do saneamento de águas que Engenharia Ambiental encontra neste cenário?

 Qual a importância do processo de saneamento para a sustentabilidade?

 Como a Engenharia Ambiental deve atuar para contribuir com a sustentabilidade?

O saneamento teve suas origens ainda nas comunidades indígena, onde já havia a preocupação com a forma de armazenar a água em vasos de argila e barro. No ano 2000 A.C, já há relatos de que as tradições médicas recomendavam o tratamento da “água que devia ser purificada pela fervura sobre um fogo, pelo aquecimento no sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela ou podia ainda ser purificada por filtração em areia ou cascalho, e então resfriada.” (GUIMARAES, SILVA E CARVALHO, 2007, p.03).

No Brasil, a época da colônia marca o período em que o saneamento em cidades. Segundo Ribeiro (2013), com a vinda da Corte de Portugal, no princípio do século XIX, houve uma expansão da população e abertura de portos, de modo que as cidades passaram a ter maior importância socioeconômica. O principal problema que perdura até os dias atuais surge aqui: a infraestrutura não foi planejada para acompanhar toda esta expansão.

Exemplo do problema da infraestrutura, comentado por Ribeiro (2013), em referência às instalações sanitárias em residências, localizadas ao fundo das casas, que, quando estavam cheias de dejetos e já infectados e com mau cheiro eram manuseados, por escravos, para transporte e despejo na beira mar ou em algum local escolhido sem muitos critérios. Também o abastecimento de água das casas era feito pelos escravos, que carregavam vasos sem nenhuma proteção a agentes contaminantes.

A partir de 1930 já eclodiram as epidemias, que tornavam urgentes a necessidade de mudanças e melhorias no sistema de abastecimento de água. Foi aí que água passou a ser vista como um bem comercializável, deixando de ser entendida como bem público.

No início do Século XX, a insatisfação com a ineficiência dos serviços de abastecimento de água e saneamento promoveu o surgimento de projetos de retirada de esgotos por meio de tubulações. Ribeiro (2013) acredita que em 1930 todas as capitais já possuíam sistema de distribuição de água e coleta de esgoto.

A Era Vargas, como ficou conhecido este período presidencial, promoveu migração de pessoas da zona rural para os grandes centros urbanos, aumentando a demanda pelo saneamento, mas, conforme Ribeiro (2013), só na Ditadura Militar este assunto ganhou ênfase, com a criação do PLANASA - Plano de Nacional de Saneamento. Por causa do PLANASA, um dos primeiros cursos de Graduação em Engenharia Ambiental surgiu em 1978 com o objetivo de superar o atraso no setor de saneamento no país.

Giacomo e Deursem (2015) explicam que a função da Engenharia Ambiental é preservar os recursos naturais e proteger a saúde humana. Para isso, o papel do engenheiro é de promover a vida sustentável do planeta, diminuindo os impactos dos processos produtivos ao meio ambiente, sendo ele responsável pelo planejamento e desenvolvimento de projetos de saneamento e distribuição de água, pela avaliação e prevenção da poluição causada pelas atividades empresariais.

Assim, dentro deste contexto, este trabalho foi elaborado para comentar a importância da atuação da Engenharia Ambiental no saneamento de águas e com isso ser uma fonte de pesquisa para outros profissionais que se interessem pelo assunto, bem como ser uma ferramenta para despertar a consciência quanto à relevância do tema em questão.

Desenvolvimento

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar Salubridade Ambiental. (GUIMARAES, CARVALHO E SILVA, 2007, p.01).

Saneamento é a OMS – Organização Mundial de Saúde (apud ITB, 2013) é o conjunto de medidas adotadas em um local, para impedir que fatores físicos de efeitos nocivos possam prejudicar a saúde física ou mental e social das pessoas e para melhorar a vida das mesmas. Tais medidas precisam abranger três esferas governamentais, sendo elas a Municipal, Estadual e Federal, além de contemplar o abastecimento de água tratada, a coleta e tratamento de esgoto, a limpeza dos centros urbanos, o manejo de resíduos e a drenagem das águas pluviais.

O ITB (2013) apresenta dados do SNIS – Sistema Nacional de Informações Sanitárias: 82,5% dos brasileiros são atendidos com água tratada. Apenas 48,6% da população tem coleta de esgotos e destes, só 39% é atendido pelo tratamento de esgotos.

Pena (2015) conceitua o saneamento como um conjunto de infraestrutura e de medidas que o governo adota para gerar melhores condições de vida, compreendendo serviços como abastecimento de água, esgotos sanitários, o manejo e a drenagem de resíduos, da água pluvial.

Mesmo com os avanços que se apresentam nos últimos 20 anos o problema relacionado à desigualdade regional e disponibilidade de infraestrutura traz reflexos para do desenvolvimento no território brasileiro. Pena (2015) mostra que as cidades mais desenvolvidas como o Rio de janeiro e São Paulo tem índices de tratamento de esgoto de 93% enquanto Belém e Macapá estão com índices próximos de 7,7% e 5,5% respectivamente. Além disso, dentro da mesma cidade existe uma desigualdade relativa à ausência dos serviços de água, esgotos e eletricidade.

Um dos problemas é que nem sempre o terreno é habitado pelo proprietário e o outro é que as taxas e impostos cobrados pelo Estado para a manutenção desses serviços são altas e não seguem uma proporção devidamente estabelecida, de forma que a população mais pobre sente mais o peso dos impostos do que a de maior poder aquisitivo.

Problemas recorrentes nos sistemas são devidos ao não cumprimento dos padrões de portabilidade pela água distribuída e a ocorrência de intermitência no abastecimento, comprometendo a quantidade e a qualidade da água distribuída à população. Além disso, o índice de perda é muito elevado principalmente em função de vazamentos e desperdícios. (GUIMARAES, SILVA E CARVAHO, 2007, p.07).

O PLANASA tem como meta reduzir até este ano de 2015, reduzir a proporção da população sem acesso a água e ao saneamento básico e até 2020 melhorar a condição de vida das comunidades em bairros degradados. Além disso, deseja-se universalizar as estruturas de saneamento básico em todo país até 2033. Porém, o grande impasse destas metas, conforme ITB (2013) é que demanda um investimento de bilhões de reais por parte do Estado.

“A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial estão intrinsecamente relacionados com o meio ambiente.” (GUIMARAES, SILVA e CARVALHO, 2007, p.08). Com mais de quatro bilhões de casos ao ano, a diarreia é ainda uma das doenças que mais comete a população e responsável pelo índice de 30% das mortes de crianças, por desidratação, com menos de um ano de idade. A principal causa dessa doença está nas condições inadequadas de saneamento.

As principais doenças veiculadas pela água são causadas por: vírus (ex: poliomielite, hepatite infecciosa), bactérias (ex: febre tifoide desinteira bacilar, leptospirose, cólera, gastroenterites), protozoários (ex: desmentiria amebiana, giardíase) e por helmintos ou vermes (esquistossomose, ancilostomose e ascaridíase). (CASTRO, 2010, p.10).

De acordo com Castro (2015) cólera, gastro-enterite, amebíase, hepatite, desinteria bacilar, poliomielite, febre tifoide, ascaridíase são exemplos de doenças causadas pela falta de saneamento básico, especialmente pela falta de tratamento da água. Outras doenças em destaque, conforme Guimarães, Silva e Carvalho (2007) são as verminoses, infecções respiratórias, doenças respiratórias crônicas, Tuberculose e câncer do aparelho respiratório, todas com as causas na poluição do ar e água e falta de saneamento.

“A poluição da água (...) contribui com a redução de sua oferta para o planeta, e nesse caso, várias são as consequências para essa poluição, resultando na diminuição da qualidade, bem como da quantidade de água disponível para uso”. (VIEIRA E BARCELLOS, 2011, p.70). Para Jakuboski, Santos e Rauber (2014), a água que está à disposição da população está reduzida em sua quantidade e qualidade. Isso porque a oferta de recursos hídricos está cada vez menor e a poluição maior. Esta poluição é consequência da industrialização e urbanização.

“O desenvolvimento vem se efetivando em detrimento ao meio ambiente, sem um planejamento adequado ou uma política de crescimento sustentável.” (JAKUBOSKI, SANTOS E RAUBER, 2014, p.02). A poluição da água traz consequências graves à humanidade, como surgimento de doenças, comprometendo a sobrevivência animal e vegetal. Assim, o saneamento é essencial para saúde humana.

“A poluição dos recursos hídricos refere-se à questão ambiental, diante desse ato devastador torna-se necessário despertar tanto a preocupação individual como a preocupação coletiva.” (JAKUBOSKI, SANTOS E RAUBER, 2014, p.08). A Engenharia Ambiental tem papel fundamental nesta ação. A Engenharia Ambiental surge para propor soluções que amenizem os problemas vigentes.

Ziberman (2004 apud MEDEIROS et al. 2015) explica que a Engenharia Ambiental apresenta-se por meio de conceitos e atividades básicas para soluções problemas de saneamento, principalmente quanto ao abastecimento público de água, na disposição de esgotos e resíduos, na drenagem pluvial, controle hídrico, com a preocupação de identificar e tratar impactos sociais e ambientais que o os processos produtivos possam causar ao meio.

A água é elemento essencial para o desenvolvimento e o progresso. “A água é uma matéria-prima finita e não renovável que necessita de conservação para assegurar sua qualidade.” (CASTRO, 2010, p.06). A água é um recurso natural renovável que é matéria-prima da produção. Medeiros et al. (2015) acredita que a água seja o componente responsável pelo equilíbrio do ecossistema bem como pela sua manutenção e constitui um dos recursos naturais mais utilizados pelo homem. Além das necessidades metabólicas que a água precisa suprir, são diversos os seus fins.

A água é utilizada na indústria, na geração de energia elétrica, na irrigação da agricultura, no abastecimento humano e é insumo principal em diversos negócios. A Engenharia precisa lidar com vários problemas relativos á água, inclusive, a sua disponibilidade, visto que sua oferta depende do clima, do ciclo de chuva, das vazões das bacias hidrográficas. Com o aumento da emissão de poluentes no meio ambiente, houve o aumento da temperatura global há riscos de eventos hidrológicos, enchentes, secas, bem como da alteração do volume das águas.

Neste contexto, a preocupação ambiental se apresenta como um dos temas mais relevantes e urgentes para a Engenharia Ambiental, que, segundo Medeiros et al. (2015), deve preservar a qualidade da água e buscar formas para minimizar os danos ambientais por meio do planejamento do saneamento, criando redes de distribuição de água, projetando estações de tratamento, controlando o descarte de resíduos. Além da orientação para os processos, a Engenharia Ambiental tem compromisso com a conscientização das partes envolvidas para a preservação do meio.

Santos (2015) ainda lembra que o engenheiro ambiental deve, de maneira sistêmica, controlar e gerenciar os recursos hídricos, promovendo a educação ambiental em relação aos problemas relativos à água, por meio de ações concretas, com planejamento de sistemas que possam ser utilizados no desenvolvimento de medidas estruturais que reduzam as enchentes nos centros urbanos, com obras que sejam capazes de conte-las, reter ou melhorar o escoamento das águas.

O Engenheiro Ambiental tem o papel fundamental de solucionar os impactos relativos à água de forma a pensar e projetar formas de controle de poluição e da qualidade da água dos mananciais, para garantir a preservação física, química e biológica do meio. Entretanto, para isso, Cunha et al. (2011 apud SANTOS, 2015) acredita que o principal desafio seja conservar os recursos hídricos atuais para que haja água no futuro.

A conservação dos recursos hídricos requer soluções de curto a longo prazo que considerem os aspetos humanos, físicos, biológicos, com o complexo interesse de toda a sociedade por meio do planejamento e da execução de ações. A avaliação econômica dos serviços ambientais é essencial neste panorama, assim como o uso eficiente da água, especialmente projetado em fins de reaproveitamento.

Santos (2015) considera que a conservação da água deve ser promovida pela adoção de programas que busquem fontes de alternativas de suprimento, como uso de água das chuvas, água de lençóis freáticos ou ainda, águas reaproveitadas de outros processos.

Tratamento de água é um conjunto de procedimentos físicos e químicos que são aplicados na água para que esta fique em condições adequadas para o consumo, ou seja, para que a água se torne potável. O processo de tratamento de água a livra de qualquer tipo de contaminação, evitando a transmissão de doenças. (CASTRO, 2015, p.04).

Richter (2015) explica que o tratamento de água consiste em procedimento aplicado na água para torna-la própria ao consumo, livrando a água de agentes contaminantes. São procedimentos de tratamento da água: coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção, fluoretação, correção de RH.

A coagulação é o processo pelo qual a água na sua forma natural entra na Estação de Tratamento e recebe, uma determina quantidade de sulfato de alumínio que faz aglomerar partículas sólidas que se encontram na água. A Floculação é um processo pelo qual a água em movimento armazenada em tanques de concreto faz com que as partículas sólidas se aglutinam em flocos maiores. Já a decantação, explica Richter (2015), é o processo de ação por gravidade, onde os flocos com as impurezas e partículas ficam depositados no fundo dos tanques, separando-se da água.

O processo de Filtração consiste em passar a água por filtros formados por carvão, areia e pedras de diversos tamanhos, de forma que as impurezas de tamanho pequeno ficam retidas no filtro. A Desinfecção é a aplicação de cloro ou ozônio na água com o objetivo de eliminar micro-organismos causadores de doenças.

Ritcher (2015) ainda lembra que a Fluoretação é o procedimento de aplicação de flúor na água para prevenir a formação de cárie dentária em crianças. E a Correção de pH é a técnica de colocar na água a cal hidratada ou carbonato de sódio para corrigir o pH e preservar a rede de encanamentos de distribuição.

Com desenvolvimento econômico e o avanço de tecnologias, os processos produtivos viram a necessidade de aumentar a capacidade de produzir mais com menos. A eficácia e a eficiência fizeram com que os procedimentos tivessem seus focos nos resultados quantitativos de custo x benefício, de forma que se tornou comum o emprego de substâncias químicas que agilizassem a produção bem como para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, quando usadas em produtos de higiene, beleza e medicamentos. Ao mesmo tempo, o uso de agentes químicos sem a observância de suas peculiaridades, durante anos de descarte é uma das principais causas da poluição e contaminação de águas.

Pena (2015) acredita que a principal causa da poluição das águas é o desenvolvimento descomedido da economia e sua incidência é ainda mais concentrada nos centros urbanos, cuja deposição imprópria de dejetos advindos do sistema de esgoto e saneamento é cada vez maior.

Para a medição da qualidade da água, Silva e Brotto (2015) explicam que podem ser os adotados alguns reagentes como oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, dureza, demanda bioquímica de oxigênio, nitrogênio e outros nutrientes bem como parâmetros bacteriológicos, metais pesados e demais poluentes orgânicos. A análise destes parâmetros é primordial para o planejamento e a operação das instalações de tratamento.

“O agente químico contaminante inorgânico de maior preocupação em águas subterrâneas é o íon nitrato NO3-, que normalmente ocorre em aquíferos de zonas rurais e suburbanas.” (BAIRD; CANN, 2011, apud SILVA e BROTTO, 2015, p.01). A origem do nitrato em lençóis subterrâneos é proveniente da aplicação de fertilizantes com nitrogênio, bem como inorgânicos e de esterco animal, em plantações, no cultivo do solo, no esgoto humano depositado em sistemas sépticos e deposição atmosférica.

O excesso de íon nitrato em água potável é preocupante por causar em recém-nascidos a síndrome do bebê azul; e em adultos, conforme pesquisas, pode ser responsável por causar câncer de estômago, e aumentar a probabilidade de câncer de mama em mulheres. (BAIRD; CANN, 2011 apud SILVA e BROTTO, 2015, p.01).

Braga et al.(2015 apud SILVA e BROTTO, 2015) acreditam que o uso de fertilizantes sintéticos é responsável pelo aumento da eficiência na agricultura, mas, ao mesmo tempo, o excesso é carregado para os rios, lagos e lençóis de águas subterrâneas, e tem provocado a eutrofização, comprometendo a qualidade das águas, uma vez que o ciclo do nitrogênio para ser equilibrado envolve um conjunto de fatores bióticos e abióticos.

O aumento de produtividade biológica dos lagos ocorre de acordo com quantidade de nutrientes disponível e pode ser observada na proliferação de algas, cianobactérias e outros vegetais aquáticos, o que compromete a penetração de luz e a baixa concentração de oxigênio dissolvido, causando danos à biodiversidade.

Mas não é só na agricultura que os danos à água são facilmente entendidos e observados. Também em relação ao despejo da água das residências. Silva e Brotto (2015) afirmam que é comum que estejam contaminadas por materiais orgânicos, excesso de nitrogênio, fósforo, sólidos, coliformes e representam um perigo à saúde humana.

De acordo com os estudos de Silva e Brotto (2015), dos elementos intermediários formados durante o metabolismo biológico é o nitrogênio amoniacal, considerado um indicador de poluição recente. Assim, o nitrogênio pode estar ligado a componentes que produzem muita energia. Quando o Nitrogênio apresenta-se junto ao alto teor de nitrato e com baixo teor de amônia pode demonstrar que a poluição aconteceu há mais tempo.

Conforme Pena (2015), tudo que é gerado na área de uma bacia hidrográfica é escoado para o leito do rio, seja na cidade ou no campo. No primeiro caso, o problema é a poluição da área urbana e no segundo, a do uso excessivo de agrotóxicos, contaminando o lençol ou a água de curso mais próximo.

Um dos grandes desafios para a Engenharia Ambiental é a escassez de locais onde é possível utilizar a água para consumo, uma vez que o desenvolvimento socioeconômico e a intensificação do processo de industrialização e a introdução de novas técnicas de plantio no campo, afetam cada vez mais as reservas hídricas.

Tucci (2008) diz que o desenvolvimento sustentável precisa ser pensado em uma sistemática de conservar o meio para a qualidade de vida das pessoas, como forma de harmonizar as relações produtivas com a qualidade de vida. A engenharia Ambiental deve atuar sobre a premissa do planejamento, da infraestrutura e da gestão ambiental e com total atenção aos impactos que o desenvolvimento traz para as águas, principalmente as urbanas.

A falta de tratamento de esgotos é um destes impactos, visto que o esgoto é despejado na rege pluvial e escoa pelos rios. Há cidades que não implantaram uma rede de drenagem urbana e optaram pelas redes de esgotamento sanitário, que nem sempre são tratados, cujo impacto consecutivo é o aumento da impermeabilização do solo, levando a quadros de alagamento.

Tucci (2008) lembra que estas inundações são resultados de outros fatores, como a ocupação do leito dos rios e do aumento dos resíduos sólidos. Outro impacto refere-se ao risco no abastecimento de água para a polução em virtude da degradação da qualidade da água pela falta de tratamento dos efluentes inclusive pela ocupação das áreas de contribuição de reservatórios de abastecimento urbano.

Dentre as causas dos impactos promovidos pelo desenvolvimento urbano está, segundo Tucci (2008), o despejo dos esgotos nos rios, contaminando este sistema hídrico, sem haver nenhum tipo de tratamento, o transporte de grande quantidade de poluição das cidades por meio do esgoto pluvial, a contaminação das águas subterrâneas pelos dejetos das residências e das indústrias e a ocupação do solo sem nenhum controle sobre o sistema hídrico.

A Engenharia Ambiental deve esta atenta a outros desafios. A Falta de conhecimento da população e de profissionais que muitas vezes ignoram informações sobre os problemas relativos ao saneamento e suas implicações. O foco em redução de custos de produção é outro desafio a ser vencido, visto que muitas empresas não conseguem entender os problemas a longo prazo que causam com medidas ambientais inadequadas. Além disso, Tucci (2008) relatada também sobre a concepção errônea dos engenheiros para planejamento e controle de sistemas.

Muitos engenheiros que atuam na urbanização estão desatualizados quanto às informações sobre a gestão ambiental e as inovações tecnológicas para solucionar problemas estruturais que causam alterações críticas no meio, como exemplo do aumento de áreas sem permeabilidade, que contribuem para aumentar a temperatura, a frequência de inundações, maior poluição e agravos da saúde.

Outro desafio da Engenharia Ambiental é desenvolver o planejamento urbano de forma sistemática, pois o que se percebe é uma visão setorizada, que não incorpora aspectos relacionados aos componentes da infraestrutura da água. Ainda há, segundo Tucci (2008) o desafio da capacidade gerencial, pois em muitos municípios a questão da água sequer faz parte da estrutura de planejamento e gerenciamento urbano.

O cenário é de crise ambiental. Os desafios permeiam a escassez de água potável, a contaminação, riscos a biodiversidade e saúde humana, alterações de clima, desmatamentos, queimadas e a geração exorbitante de lixo. É neste cenário de desafios cada vez mais complexos e entrelaçados que a solução dos problemas de grande magnitude demandava da Engenharia Ambiental uma visão mais ampla e sistêmica, para promover um desenvolvimento urbano e social, unificando estes âmbitos.

Para Varalho, Leite e Silva, (2014), a Engenharia Ambiental demanda uma visão tecnológica, integrada e interdisciplinar, e por isso é a chave no desafio contemporâneo de relacionar sociedade e economia, cultura, ciência, tecnologia, política e o meio ambiente, de forma a perceber e compreender todos estes elementos como parte de processos de interações permanentes.

O Engenheiro Ambiental tem a responsabilidade de gerenciar pessoas e processos que requerem mais do que conhecimentos técnicos, conhecimentos humanos e sociais, mas a habilidade reflexiva para, de acordo com Varalho, Leite e Silva (2014) desenvolver uma visão crítica necessária para identificar o impacto das soluções da engenharia para um desenvolvimento urbano sustentável.

O contexto atual exige que a Engenharia Ambiental atue para minimizar os impactos da poluição das águas, intensificar as campanhas de conscientização ambiental, desenvolver práticas para controle e fiscalização das empresas, para realizar o manuseio e descarte dos resíduos sólidos e o para tratar e reaproveitar a água. Pena (2015) afirma que é imprescindível, que a Engenharia Ambiental contribuía para aplicação das medidas sustentáveis e, antes de qualquer coisa, que cumpra seu papel de ajudar na preservação da água e de outros recursos naturais essenciais para as gerações futuras.

Conclusão

O papel da Engenharia Ambiental frente ao Saneamento de águas está muito alem da aplicação de técnicas para tratar a água e torna-la adequada ao consumo. Também está longe de restringir-se à preocupação com o planejamento da infraestrutura urbana. Sua atuação deve pautar-se na premissa da identificação de riscos e impactos ao meio e das formas de promover soluções para resolver ou minimizar estes impactos. A Engenharia Ambiental deve relacionar-se com a população, influenciar sua forma de pensar no mundo, em suas interações e nas consequências que a poluição causa para a saúde e para a biodiversidade. Deve ajudar a humanidade a entender sua participação ativa como parte equilíbrio ambiental.

A água é essencial para a vida e precisa ser um tema de atenção no trabalho da Engenharia Ambiental, assim como para as tomadas de decisão do Poder Público, pois urge a obrigação de preservação e de conscientização, pois uso impróprio da água e sua contaminação podem trazer efeitos irreversíveis ao meio e a saúde, de forma que o saneamento é fundamental.

A Engenharia Ambiental deve operar na conscientizar das pessoas sobre os impactos e consequências da contaminação e no desperdício de recursos hídricos, auxiliando nos processos de produção para o desenvolvimento de medidas que solucionam ou atenuam a poluição e ainda, que cooperam para a melhoria da qualidade de vida para a presente e futuras gerações.

A realidade da crise ambiental em que o mundo se encontra faz com que a Engenharia Ambiental reconstrua um modelo de desenvolvimento em que seja possível, cada vez mais, equilibrar a preservação do meio ambiente e o crescimento tecnológico, com a criação de soluções que atendam as necessidades da população sem perder a noção de sistemas interdependentes e de geração futura.

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JOSÉ GERALDO de FIGUEIREDO
Enviado por JOSÉ GERALDO de FIGUEIREDO em 12/04/2016
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