GREVE DOS LIXEIROS

 

Terminada a greve dos lixeiros na cidade do Rio de Janeiro, ficam algumas reflexões para todos nós. E uma delas, no meu entender, a mais séria de todas é a seguinte : onde estamos depositando toda a sujeira que a população joga fora todos os dias ?

 

Fiquei assustado com o volume de lixo espalhado pela cidade. Na portaria de serviços do supermercado que fica ao lado de casa, em apenas um dia de greve, havia uma montanha de lixo da altura do teto do primeiro andar do prédio em frente, por mais uns 5 metros de largura ocupando metade da pista e metade da calçada. Fiquei pasmo !

 

E comecei a pensar : para onde vai tudo isso, todos os dias ? Fui pesquisar. Cada cidadão produz, em média, 1 quilo de lixo por dia. Em uma cidade como o Rio de Janeiro, que possui pouco mais de 6 milhões de habitantes, “produzimos”, então, 6.000 toneladas de lixo por dia, ou 180.000 toneladas por mês, ou 2.160.000 toneladas por ano ! Não é estarrecedor ?

 

E essa montanha vai para onde ? Temos aterros sanitários adequados e tecnicamente preparados para o tratamento do lixo ? Há aterro apropriado para resíduo hospitalar que deve se tratado de forma diferente ? Dados oficiais nos informam que pouco mais de 1% (hum porcento) do lixo é reciclado.

 

Agora, imaginemos tudo isso acumulado nos último 10 anos. Sim, apenas nos últimos 10 anos, para que o drama não seja maior e que o medo do que vem por aí não seja pior. Sim, porque isso nada mais é do que uma bomba relógio que irá explodir na nossa cara muito em breve.

 

Mas a situação é muito mais critica. Afinal de contas, cidades como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e outras capitais possuem algum sistema sanitário, mesmo que seja precário. Mas e no interior ? Milhares de cidades de pequeno e médio porte não sabem o que é isso e descartam seus resíduos em terrenos inapropriados, contaminando o solo, o subsolo, os rios, a água, o ar, os lençóis freáticos, etc. Enfim, destruindo a natureza, a nossa casa.

 

Produzimos lixo e nem nos preocupamos para onde ele vai ! Embalamos em sacos plásticos e acreditamos que “fizemos a nossa parte”. Qual a sequência disso ? “Ah, não é problema meu, pago meus impostos, portanto não me aborreça”.

 

Estamos preocupados com passeatas, manifestações, arruaças, vandalismos, golpes da esquerda ou da direita, mas não nos preocupamos com o verdadeiro inimigo que ronda sombriamente as nossas casas : o lixo. Em breve seremos atacados por leptospirose, bacteriemia, septesemia e outros “bichos” todos oriundos do lixo que nós mesmos produzimos e não o eliminamos da forma correta para nos proteger. Mais uma vez damos tiro no pé.

 

Leandro Cunha

Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 09/03/2014
Reeditado em 09/03/2014
Código do texto: T4722161
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