OS PARADOXOS DA "RIO + 20"

Antes de mais nada gostaria de salientar que a opinião pessoal que aqui expressarei em absoluto se traduz em crítica ao Estado do Rio de Janeiro, longe disso, nossa querida terra maravilhosa, atualmente tão sofrida, detentora de tantos pontos igualmente maravilhosos que compõem nosso vasto portfólio de belíssimos pontos turísticos que encantam o mundo.

Todavia...

Fato é que a tão comentada conferência ecológica que ali se realizará logo mais em Junho deste ano, a "RIO + 20" tem como essência algo paradoxalmente gritante entre nós, "seres esquizóides" daqui e do quase restante do mundo: a realidade inviável do nosso atual e global "crescimento insustentável", para lá de desordenado.

Eu queria pensar diferente mas me sinto um tanto indignada, principalmente com o que vemos por aqui, mais uma vez, com a desolação que novamente atinge Teresópolis depois das chuvas torrenciais.

O poder público sequer resgatou a tragédia de pouco mais de um ano e já se vê às voltas com outra. Dá para acreditar em alguma coisa?

A natureza sempre se faz presente a buscar o que lhe é de direito, e antes de planejarmos um crescimento econômico sustentável primeiramente deveríamos nos educar no sentido de nos viabilzarmos sustentavelmente como seres humanos que somos.

Obviamente que também não somos os únicos, aliados a uma considerável dose de negligência pública mundial de desrespeito com o todo de nós mesmos, a destruir nosso pequeno micro- mundo;

Há quem não mantenha sustentavelmente nem o lixo da sua própria casa, da sua própria calçada, da sua própria rua.

E eu aqui falando no planeta salvo pela Rio + 20!

Grande parte das Nações, por mais "primeiro mundistas" que se denominem, têm sua cota de destruição do planeta em nome da ganância que carreia todo tipo de progresso, paradoxalmente em nome do bem comum do mundo e do planeta.

É qual um destino holístico e inexplicável a ser vivenciado nestes tempos de tão moderna tecnologia...que tudo pode, mas muito pouco resolve no que tange à sustentabilidade..

Porém, toda "salvação" ecológica também passa pela vontade e consciência política em implementar algo a melhorar de verdade o social como um todo: EDUCAÇÃO. Cadê a nossa?

Não há como se desenvolver consciência sem educação primária.

É só olharmos para o que acontece no país todo no que diz respeito à manutenção dos nossos ecossistemas e das paisagens naturais!

Não escapa um Bioma, um Estado da nossa Federação, sequer uma cidade, grande como São Paulo, ou mesmo a mais minúscula cidade do mais remoto interior ou do Sertão das demais regiões!

Por aqui não se suntenta nem um parque! As pracinhas, na sua maioria, são depósitos de mato e de lixo.

Ademais, não é incomum vermos matas incendiadas pelos caminhos cortados pelas rodovias, árvores derrubadas a olhos vistos do povo mas não das autoridades que cuidam, fotografias de imensos clarões na Mata Atlântica e na Amazônia.

Aqui, somos campeões da ocupação desordenada de solo do "Oiapoque ao Chuí", e do acúmulo de tudo quanto é lixo por todos os lados.

Em Sampa se conseguiu afundar cerca de quatrocentas carcaças de automóveis nas águas dos nossos rios e represas que constituem área de PROTEÇÃO DE MANANCIAIS!

E o povo no geral sabe lá o que é "proteção de manancial"?

E tampouco quer saber! Podem perguntar que ninguém "tá nem aí!'.

Mesmo com a "CONTROLAR" a fumaça preta atinge nossos narizes descontroladamente todos so dias!

Muitas praias brasileiras conhecidas como as maravilhas do mundo são apenas belos cenários ecológicos de fachada!

Ao fechar das nossas belas cortinas, sob os drásticos bastidores dos paradisíacos "pôr-de-sóis", o lixo e a poluição via esgotos a "céu aberto" são de espantar e de fechar qualquer horizonte de verdadeira esperança.

Quantas vezes já ouvimos dizer do derramamento de óleo no mar pelas bases petrolíferas daqui e do mundo?

Quantos golfinhos e peixes a morrer nas praias pela contaminação das águas pela perene inconsciência do Homem?

E a contaminação nuclear dos oceanos como a mais recente de Fukushima?

Qual será o nosso futuro? Dá para acreditar que será bom? Dá para acreditar que alguma Nação reverterá o sofrimento do planeta a abrir mão dos seus lucros desmedidos...via conferências ecológicas?

Eu não acredito, mas posso estar errada. Oxalá esteja!

Do jeito que caminhamos, podem chamar a Rio + 20. + 30, + 40, + 50.. e por aí iremos a nos perder pelos números das irresponsabilidades.

Melhor sairmos da progressão aritmética das tantas políticas ineficazes e voltarmos os olhos à matemática da destruição que avança em progressão geométrica.

Dentro do conjunto infinito de ações educativas a serem implementadas mundialmente, a intersecção do meu sentimento é dum imenso conjunto vazio...a representar a atual e desenfreada devastação do nosso resiliente planeta.

Até quando suportaremos?