SENSIBILIDADE DE UM JUIZ - (parte dois)

SENSIBILIDADE DE UM JUIZ - (parte dois)

Para aqueles que perderam a primeira parte, vamos relembrar: Antes do mérito o conhecimento - fase de esclarecimento da causa de pedir ou de informar. Quero chamar a atenção para a qualidade humana de ser sensível, ter compaixão, simpatia, ternura, piedade, empatia. Logo, se pelo juiz, é a qualidade de se fazer justiça (nem sempre acontece). Surge então a questão do caráter, o que por vezes falta, traduz-se por “cauterizado”, que pode ser o ato de queimar por meio de cautério, o que se diz de cáustico, corrosivo, e em medicina aplicar cautério - cauterizar uma ferida - (pode ser a causa). E os efeitos? Figurativamente, pode ser causar angústia, aflição, afligir: cauterizar bons pensamentos. Tem Juiz, e tem Juiz; tem advogado, e tem advogado - isso se diz dos tipos variados, tanto de um como de outro. Tanto um como o outro, quando em início de carreira quer fazer o melhor, e isso acontece por algum tempo, até que seja influenciado pelo “sistema”. O novel Juiz trabalha querendo dar do seu melhor para que tão logo que promovido chegue a uma instância mais elevada; por sua vez o advogado trabalha abnegadamente para construir a sua carteira de clientes, para tanto, procurando ser vencedor nas suas causas. Isso dura algum tempo (de cinco a dez anos, o que em mais de 70% desiste de sua profissão, no caso do advogado). O advogado começa a entender que nem tudo é uma bela petição, depende também dos contados, da peregrinação aos cartórios e gabinetes, das manhas dos Oficiais (que tem fé pública) e com um mandado na mão, passam a ser mais forte que Sansão. Para facilitar o entendimento, e não ser prolixo, citamos o caso de um advogado, muito correto, que defendia uma multinacional, éramos seu adverso, fomos vitoriosos num processo de milhões, mas o resultado era sempre dificultado. Filho de pastor, de consciência cristã, abriu o jogo: “doutor, vendo a sua postura, não posso te enrolar (postergar), se não chegar ao que a empresa deseja, não vamos ter um final”. Ele foi honesto, na justiça existe todos os “meios” para não deixar acontecer. Dos milhões, um acordo dos mil. Porque isso acontece? Se o Juiz é o árbitro? É claro que bem conhecemos como funciona o “sistema” no Brasil, em todo o lugar, em toda a situação, na maioria dos casos prevalece o “jeitinho” brasileiro - é um câncer. Um Juiz sério, recebe pressão de todos os lados, quer seja dos seus maiorais, quer seja dos políticos - e para dizer a verdade, quando não concordam com o sistema, ele é transferido para a mais distante Comarca, é quando sacrifica a família e filhos, porque lá na instância de cima também existe a falta de sensibilidade dos maiorais. Você advogado, vai lá fazer a sua defesa oral! Eles podem gritar, podem se dizer os papas, mas você tem que permanecer humilde, por não dizer humilhado. Tem que ser esperto, se cochilar, seu tempo já passou e ninguém dá conta que você é o grande responsável pelo sucesso de sua causa. Falta sensibilidade, reciprocidade! Uma das mais nobres profissões - advogado, tão desmerecido, tão espezinhado, um dos trabalhadores mais vilipendiados (quando fora do sistema). Em qualquer profissão, o cumprimento do dever é essencial, mas carece de ser sensível!