DO TEXTO ARGUMENTATIVO - DESENVOLVIMENTO

Todo argumento ou raciocínio é um movimento do nosso pensamento para produzir uma conclusão.

Juvenal Savian Filho

Argumentatividade é o oxigênio da comunicação eficaz, afinal, nossos jogos verbais não aspiram por convencer o outro de que nossas teses procedem, isto é, são dignas de créditos? Nas teias da linguagem, enfatiza Benveniste, esbarramos com o poder fundador que instaura uma realidade imaginária, anima as coisas inertes, faz ver o que ainda não existe, traz de volta o que desapareceu. De modo que se trata (Argumentatividade) de uma ferramenta deveras imprescindível no produzir sentidos textuais.

Argumentar é empresa complexa, requer certos canais de estruturação e consciência de que as premissas podem se manifestar encapotadas. No ensino de Charaudeau, tal processo se compõe de três asserções: a de partida (o dado), a de chegada (conclusão) e a de passagem (prova). Um recurso que exige muito trabalho é o do campo lexical. Ora, termos mal empregados induzem a interpretações desviantes, arbitrárias e manipuláveis. Uma boa seleção lexical, nos alerta Ingedore V. Koch, é indispensável para tornar o texto mais atraente, mais produtivo, mais apto a produzir os efeitos desejados. É estarrecedor ainda o que temos de textos vestidos por uma espécie de “cara-de-paudês”.

Avancemos com Vanda Elias e Koch (Escrever e Argumentar) no conhecimento de algumas estratégias no arquitetar de Argumentos. Salientamos que esta abordagem se respalda na Linguística Textual - análises científicas absolutamente refratárias a textos sem razão de ser. Assim, levantada uma tese, como agirmos para que atinjamos a Textualidade? A afirmação de Meyer “argumentar é, em primeiro lugar, encontrar uma ordem” procede. Então, a primeira possibilidade de organização textual (Desenvolvimento) é a que conhecemos por “Fazendo Perguntas e Apresentando Respostas”. Trata-se daquele viés de planejamento no qual elencamos tópicos interrogativos e, óbvio, explicamos cada um, Justificando. Outra saída é “Levantar o Problema e Apontar solução”. Aqui, uma variante da anterior, nosso argumento é arranjado na base de problema-solução. Uma terceira via consiste no “Indicando Argumentos Favoráveis X Argumentos Contrários”. O foco, neste caso, é a fabricação de argumentos abarcando algo controverso. Isso “pressupõe o levantamento de argumentos favoráveis e contrários para uma tomada de posição, a defesa de um ponto de vista, uma avaliação”. Em penúltimo lugar, surge o tipo “Tecendo Comparação”. O próprio nome sugere o exercício a ser feito: comparar a fim de que identifiquemos “pontos próximos ou distantes entre dois elementos e, com base nisso, manifestar a nossa posição sobre um assunto”. A quinta estratégia de organização argumentativa se intitula “Recorrendo à Exemplificação”. Neste esquema, enumeramos exemplos verdadeiros, substanciais, que fundamentem nossa leitura, nossa posição.

Esta escrevinhação, adrede, não se refere a estratégias para iniciar uma Argumentação, tampouco para concluí-la. Ademais, outros fenômenos também ficaram de fora. Nosso intuito maior é chamar a atenção para o desafio do Desenvolvimento do texto argumentativo. Valerá a pena, enfim, estudarmos os livros a seguir, pois aprofundam, inclusive, outros aspectos. Começamos por “Argumentação”, de José Luiz Fiorim, passando por “O Texto Argumentativo”, de Adilson Citelli, “Tratado da Argumentação: a nova retórica”, de Chaim Perelman, "Linguagem e Discurso: modos de organização", de Patrick Charaudeau, terminando por “Argumentação: a ferramenta do filosofar”, de Juvenal Savian Filho.