OSCAR anti-woke

Parece que os valores universais estão voltando. Querendo ou não, a festa do Oscar é uma dopamina no nosso cotidiano. Uns detestam, mas assistem. Dessa vez, as minorias tiveram seus espaços garantidos, mas mantidos nos devidos lugares. Não houve a estridência de insultos à raça branca e tapas entre gangues rivais, nem piadas recheadas de palavrões por parte do anfitrião.

O ator nu como paraninfo pra anunciar o melhor Vestuário, foi uma sutil e inteligente ironia que se ri até hoje.

Como eu, a maioria das pessoas não está interessada nas biografias desses fantásticos empreenderes da indústria cinematográfica, por isso citar os nomes de todos eles é irrelevante. Mencionarei o óbvio e alguns nomes.

Foi tentado alguns discursos de engrandecimento feminino e das guerras atuais (mais especificamente a defesa do Hamas - nada do Sudão ou Haiti). Não colou.

O Oscar de melhor filme foi pro badalado "documentário" sobre Robert Openheimer. Eu daria para Ficção Americana. Filme que mostra a hipócrita adesão das pessoas brancas a causa anti-racista , mas que só acreditam nas pessoas de cor em seus estereótipos. É cômico, porém trágico, como a editora literária e o diretor de filmes veem o personagem principal.

Melho ator foi para quem interpretou o Robert acima citado. Bradley Cooper foi melhor e merecia o Oscar.

Melhor atriz foi a Emma Stone, indefectível como Bella Baxter em Pobres Criaturas, superbo filme-fantasia. Mas eu daria para Carey Mullingan, como a esposa de Berstein em Maestro. Incrível como ela é subestimada.

Ator coadjuvante foi justo, o Homem de Ferro levou. Fiquei balançado entre Downey e o ator que faz o irmão do personagem principal em Ficção Americana.

Atriz coadjuvante é que foi um desperdício. Os Desajustados é um filme mediano e a atriz só faz caras e bocas. A badalação em cima dela me pareceu mais resquício daquela narrativa "mulher preta pobre e mãe no universo patriarcal branco". Jodie Foster e Emily Blunt estão impecáveis nos respetivos dramas.

Maquiagem deveria ser pra Maestro. O filme da Emma Stone levou.

Melhor musica, levou a que está despontando pro esquecimento.

Eu diria que este Oscar-24 foi antítese do Oscar-21. Este então cometeu injustiças como não premiar Judas e o Messias Negro ou Os Sete de Chicago como melhor filme. Andra Day (inesquecível como Billie Holyday) e Vanessa Kirby (até hoje me impressiona o rosto e o discurso dela no tribunal) foram escanteada por Frances McDormand num atuação que só se notava suas sobrancelhas arqueadas de mulher desencantada, num filme chatíssimo .