Mussum 'eternis' (publicado originalmente em 4/11/2023)
Daqui a 8 meses, julho de 2024, a morte de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum dos Originais do Samba e dos Trapalhões, completará 30 anos. Nestas décadas, jamais correu o risco de ser esquecido pelo público que o amava. Aqui e ali, sempre aparecia uma lembrança, cena, risada, trecho de entrevista, enfim.
E agora que a cinebiografia foi lançada (em cartaz em Jacareí e São José) é que ficará mesmo eternizado. Dirigido por Silvio Guindane e roteirizado por Paulo Cursino, ‘Mussum: O Filmis’ mostra a trajetória completa do sambista e comediante que não tinha papas na língua quando o assunto era sério e, tenho a absoluta certeza, botaria hoje para correr, rapidinho, todos esses atuais lacradores progressistas que desejam fazer fama em cima de temas ardilosos como racismo e vitimismo, sinalizando aquelas falsas virtudes que conhecemos bem.
Aílton Graça dá vida ao protagonista. Sua atuação é tão impactante que ele ter conquistado o Kikito de Melhor Ator no Festival de Gramado eram favas contadas. Aliás, o evento entregou outros troféus à fita: Filme, Júri Popular, atriz coadjuvante (Neusa Borges, mãe de Mussum na fase adulta), ator coadjuvante (Yuri Marçal, Mussum jovem), trilha sonora e menção honrosa à maquiagem de Martin Macias Trujillo.
Outro destaque é Vanderlei Bernardino, ator que, confesso, não conhecia, na pele de Chico Anysio, mestre do humor brasileiro que lançou, nos anos 70, o artista na inesquecível Escolinha do Professor Raimundo, e fez mais: deu ao pupilo a dica de falar com os ‘is’ no fim das frases, característica primeira do jeito Mussum de interpretar.
Felizmente, coube a Cursino, com larga experiência em campeões de bilheteria, o script. No fim do ano passado, entrevistei-o ao programa ‘Gente em Destaque’, da TV Câmara Jacareí. Ao falar de ‘Mussum’, decretou: “De minha parte, esperem um filme sem a preocupação com o politicamente correto. Não terá nada disso. Fiquem sossegados”. Cumpriu à risca. Duração: 116 minutos. Cotação: ótimo.