Manual de clichês e defeitos (publicado originalmente em 25/3/2023)

Brendan Fraser ganhou Oscar de ator por ‘A Baleia’. Brendan Fraser! Aquele dos 3 filmes da ‘Múmia’ (1999-2001-2004)! Os jurados da Academia jamais fogem do lugar-comum: basta o sujeito se transformar totalmente e, zapt!, a estatueta vem. Que o diga, só para dar exemplo, Charlize Theron em ‘Monstro’ (2003). ‘A Baleia’ é sobre Charlie, professor (à distância) de redação.

Tem história difícil: abandonou a esposa e a filha de 8 anos para viver com um aluno, que se matou por causa da depressão. Após esta perda, Charlie, que já era gordo, multiplicou seu peso por 3, desenvolveu obesidade mórbida. Recluso, não tem coragem de se expor aos alunos e fecha a câmera do notebook nas aulas. De vez em quando, a amiga enfermeira o visita – ela, nos desdobramentos da trama, terá função importante, bem como o jovem religioso que insiste em pregar a ‘Nova Vida’ ao doente.

Dirigido por Darren Aronofsky (‘Cisne Negro’, 2010), o longa-metragem tem vários defeitos. A decepcionante formação do personagem-protagonista, no conteúdo e maquiagem (que, pasme, levou Oscar...). Fraser não convence com aqueles enchimentos, tampouco no andar ou respirar. Ambiente falso se moldou para ver se cativava alguém – conseguiram, visto a premiação.

Com seus 2 metros de altura, o ator, naquele peso, passa a impressão de ser ‘anomalia’ em pé, principalmente no jogo de câmeras ao ficar perto da enfermeira e da filha. O clichê da filha e do religioso, que embaralham chavões toscos para dar emoção ‘sentimentalóide’, e o script fraco se completam. Charlie tem trecho da redação preferida, que ouve quando acha que morrerá.

Isso desrespeitosa o espectador. É óbvio, bobo. O ambiente cinza da fotografia, com dias chuvosos, é vício de Aronofsky. Cá pra nós, no Oscar, a cada ano se desmancha o brilho de outrora com a patrulha do politicamente correto na cerimônia e regras (porcentagens, produção e elenco, de latinos, asiáticos, negros, gays etc – para surpresa de ninguém, a PPC reclamou que Charlie devia ser interpretado por um ator gordo, que ‘tem lugar de fala’). Pena que a festa do centenário, 2028, provavelmente será com esta gente no comando. ‘A Baleia’ – duração: 115 minutos; cotação: ruim.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 27/03/2023
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