A vingança de Rock (publicado originalmente em 18/3/2023)

Um ano após o tapa de Will Smith, Chris Rock se vinga. A apresentação ao vivo na Netflix, dias atrás, ‘Indignação Seletiva’, passa longe de ser apenas stand-up de tiradas agridoces. O ator e comediante faz a plateia travar de nervosa com piadas envolvendo temas-tabu à agenda ‘woke’ dos EUA, que se espalhou pelo planeta e virou o que a patrulha do politicamente correto (PPC).

Rock fez com elegância, atirando a isca aos espectadores e depois surpreendendo-os. Exemplo: “Sou favorável às mulheres fazerem o que quiserem com seus corpos...” (aplausos esfuziantes) “... inclusive assassinar bebês” (menos aplausos); “Os republicanos [considerados a ‘extrema-direita americana’, segundo a imprensa militante] mentem demais, uma atrás da outra...” (gritos entusiasmados, assovios acalorados) “... já democratas [à mídia, queridinhos, esquerda que ‘se preocupa com o social, minorias’] omitem de nós o que quiserem, tudo ao nosso bem, claro” (uma ou outra ovação).

Não para aí. Ele esfrega na pupila da audiência uma das características mais covardes da PPC: vitimismo. Joga na cova dos leões Meghan Markle, esposa do príncipe Harry. “Ela foi se queixar à Oprah [Winfrey, apresentadora de TV multimilionária, negra, um dos símbolos dos ‘liberals’, progressistas americanos], dizendo não saber que a família real era racista. O que custava pesquisar antes? É a família real!” Rock ainda revela que forçou a escola de uma de suas filhas a expulsá-la por mau comportamento, ‘para que aprendesse a ser gente’ (“hoje é uma garota muito melhor”) e contou a história da mãe: “Nos anos 50, era proibido negros se tratarem com dentistas brancos. Quando minha mãe teve problema nos dentes, sabe onde foi? Ao veterinário.” Espanto!

O ‘gran finale’, claro, foi sobre Smith. Durante o show, Rock falou: “Não me criem problemas com rappers. É a última coisa que preciso.” Smith, além de ator, é rapper. Rock reduziu o protagonista de ‘Homens de Preto’ a nada. Escancarou o verdadeiro motivo que levou WS a espancá-lo (sem spoilers – tem a ver com o ‘casamento aberto’ de Smith). ‘Indignação Seletiva’ é alívio neste mundo que não mais está chato, mas perigoso, onde reinam hipocrisia, demagogia e mau gosto. Duração: 70 minutos. Cotação: ótimo.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 27/03/2023
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