Fase de experimentações (publicado originalmente em 3/12/2022)

A parceria de Monte Hellman com Jack Nicholson, nos anos 60, rendeu 2 filmes de faroeste, estilo em moda na época. Um deles, ‘A Vingança de um Pistoleiro’ (1966 – na íntegra no youtube), foi dirigido pelo 1º, roteirizado pelo 2º e produzido por ambos. No script, 3 amigos são confundidos com ladrões que roubaram uma diligência – um foi capturado e enforcado.

Alguns justiceiros, liderados pelo xerife local, começam a perseguir o trio de inocentes, enquanto os culpados se escondem numa pequena cabana, onde um está gravemente ferido. Com tons intimistas, climas tensos, longas cenas silenciosas e fotografia bem trabalhada, o resultado da fita é satisfatório, apesar de copiar determinados pontos dos westerns (excesso dos tiroteios, por exemplo) e com a parte do elenco jovem tentando passar a impressão de ter uma experiência que ainda não possuía.

Nicholson, por exemplo, chegava à primeira década da carreira, estava com 29 anos e recebeu aproximadamente 700 dólares pelo trabalho. O longa alterna bons e maus momentos e recupera fôlego quando Wes (Nicholson) e Vern (Cameron Mitchell) se escondem na casa de uma família, cuja filha Abigail (Millie Perkins – 29 anos em 1966, a personagem tinha 16 e ela convenceu, com sua ‘cara de passarinho medroso’ e corpo de aspecto frágil) se mostra solidária com os fugitivos.

O destaque no cast é Harry Stanton, que interpreta Dick, um dos verdadeiros bandidos, e encarna o mal autêntico com seu tapa-olho significativo. Para a turma ‘antes dos 30’ de ‘A Vingança do Pistoleiro’ a década de 1960 foi a fase de experimentações.

Jack Nicholson, por exemplo, alternou produções cômicas ‘trash’ e terror engraçado, com Roger Corman no comando, obras ‘fora da caixinha’, que abordavam temas psicodélicos e velocidade de carros, e estes bangue-bangues à ‘macarronada italiana’.

O escritor Ruy Castro tem uma teoria com a qual tendo a concordar, olhando a história, e que explica razoavelmente bem estes testes ‘procurando afirmar’ a carreira dos atores: os anos 60 ‘não existiram’ porque de 1961 a 1965, diz ele, ‘ainda estávamos na década de 1950’, e de 1966 a 1970, ‘não sabíamos, mas já vivíamos nos anos 70’. Duração: 82 minutos. Cotação: regular.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 05/12/2022
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