O quarto de Jodie (publicado originalmente em 3/9/2016)

Em 1976, no filme ‘Taxi Driver’, Jodie Foster tinha incompletos 14 anos. Dividia cena com um Robert DeNiro explosivo e raivoso na pele do motorista que se revolta contra tudo e todos. O tempo passou e a loirinha mignon de olhos claros conseguiu sucessivos sucessos. O maior deles talvez seja a policial Clarice de ‘O Silêncio dos Inocentes’ (1991).

Por este papel recebeu seu segundo Oscar. O primeiro foi três anos antes, por ‘Acusados’ (1988). Há alguns anos, sem alardes, estreou como diretora. Os três primeiros longas – ‘Mentes que Brilham’ (1991), ‘Feriados em Família’ (1995) e ‘Um Novo Despertar’ (2011) – tiveram impacto suave na crítica e ela mesma participava como atriz, no enlace difícil dos malabarismos entre sustentar as duas profissões.

Woody Allen, mestre na tarefa, tem muito a dizer. No começo de junho, Foster estreou ‘Jogo do Dinheiro’. Quarto filme como diretora, é o mais técnico e fulgurante. Junta George Clooney e Julia Roberts no elenco, e um programa de TV invadido por um surtado em busca do dinheiro que perdeu. Explico: Clooney é Lee Gates, apresentador do programa que leva o título da fita.

Trata-se de uma atração sobre economia, onde ele indica investimentos e os demais conselhos a quem quer aumentar a grana. Numa dessas escorregadas, aponta uma empresa a ser alvo de ações. O caso dá errado e um dos apostadores invade o estúdio onde Lee e Patty (Julia), a diretora da TV, estão ao vivo. Revoltado, Kyle (Jack O’Connell) amarra uma bomba em Lee e aponta a arma em sua cabeça.

A partir daí, começa o thriller de arrepiar os cabelos e o suspense come solto. Aos poucos vamos sabendo quem é Kyle e o que está por trás do rombo que o acometeu. Por meio da bela Diane Lester (Caitriona Balfe), relações públicas da empresa-alvo de suspeitas, a luz é jogada ao público. Num ano em que ‘A Grande Aposta’ (2015) nos levou a chutes e pontapés a ao menos tentar o mundo da economia, o show dado tanto por Clooney, Julia, O’Connell e Caitriona, como por Jodie Foster é de impressionar.

A diretora-atriz conseguiu dar à fita ares das ágeis produções de meados da década de 1990. Fiquei feliz. O cinema hollywoodiano ainda respira e as esperanças não agonizam.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 05/09/2016
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