Lenda Marilyn (publicado originalmente em 20/3/2012)

Sexta-feira, dia 23, está programado para estrear no Brasil ‘Sete Dias com Marilyn’. Consegui ver o filme mês passado. Sou fã de Marilyn Monroe desde o dia em que assisti a ‘Quanto Mais Quente Melhor’ (1959). A vida torta e problemática da estrela nascida e morta na terra do ecrã, Los Angeles, é descortinada no microcosmo das filmagens de ‘O Príncipe Encantado’ (1957), onde ela contracena com o mito Laurence Olivier (Kenneth Branagh). Há pouco a comentar sobre ‘Sete Dias com Marilyn’ em seu todo. É o encontro do estagiário Colin Clark (Eddie Redmayne) com a, já na época, lenda viva da libido, cuja vida era cercada de não-me-toques, conspirações e minitragédias. Marilyn (Michelle Williams) destruía corações por onde passava. Fazia os homens caírem de amor por ela e a estrela os dispensava mais tarde, quando não mais lhe convinha. Com Clark foi assim e L. Olivier nem teve esta chance, pois a musa nem sequer o considerava atraente, para desgosto e frustração do pobre sir ator.

A coluna se centrará em Michelle Williams. Que atriz! Que banho de sensualidade na telona! É perfeito quando se é fã das duas neste caso: de Michelle e de Marilyn. Há quem diga que a atriz não é e nem ficou parecida com a protagonista de ‘Os Homens Preferem as Loiras’ (1953). Pra mim ficou, muito. A pinta no rosto parece ter nascido com a viúva de Heath Ledger. Redmayne dá o tom certeiro e nos passa exatamente o tamanho da sensação de inacreditável quando Clark vê Marilyn chegar pela primeira vez. É o rapaz de 23 anos completamente apaixonado por aquela mulher de 30. O jovem até tenta engatar o namorico com a camareira Lucy (Emma Watson), porém o encanto da sereia fala, ou melhor, berra aos ouvidos do moço. À medida que o longa se desenrola, vemos cada vez mais o tom de desespero dele em querer cuidar dela, que vive à base de remédios. Há momentos em que Clark é o pai que Marilyn nunca teve. Noutros, o irmão mais velho. Na terceira, o seu amante fiel e devotado.

Michelle tem feito ultimamente filmes que exigem dela uma cor sexy, e o seu talento e beleza provam as suas estonteantes interpretações. Ou se esqueceram de ‘Namorados para Sempre’ (2010)? Em ‘A Ilha do Medo’ (2010), por mais que ela queira varrer a formosura para debaixo do tapete, seu encanto está impregnado. Quando fez ‘O Segredo de Brokeback Mountain’ (2005) e conheceu Ledger nos bastidores, dava pistas acerca de atriz que estava por vir. Enterrou de vez a personagem teen de ‘Dawsons’ Creek’ (1998-2003) e se mostrou como a profissional gabaritada e preparada aos desafios da carreira. Participou dos projetos interessantes ‘Não Estou Lá’ (2007) e ‘Sinédoque, Nova Iorque’ (08). Aos 32 anos, foi indicada ao Oscar três vezes: ‘Brokeback Mountain’, ‘Namorados’ e ‘Marilyn’. Neste teve azar de disputar com Meryl Streep e a incorporação de Margareth Tatcher. Era difícil tirar o troféu da veterana. Mas com certeza a Marilyn, por enquanto, é o personagem da vida de Michelle.

É o primeiro longa-metragem dirigido por Simon Curtis, experiente em trabalhos na TV. No cinema, produziu ‘Mrs. Dalloway’ (97), outro filme sobre uma mulher histórica (no caso, baseado em livro de Virginia Woolf). ‘Sete Dias com Marilyn’ tem também como relevo Branagh e Judi Dench na pele de Sybil Thorndike, que J. Dench conheceu pessoalmente. Na película ainda vemos o terceiro e último marido de Marilyn, Arthur Miller (Dougray Scott), o empresário Arhur Jacobs (Toby Jones) e Paula Strasberg (Zoë Wanamaker), espécie de anjo da guarda de Marilyn. Paula tinha a dura missão de ajudar a estrela a decorar as suas falas nos filmes, dar ânimo e elevar a autoestima da diva loira.

O resumo é a exclamação de Clark ao ver Marilyn se despindo para nadar no rio: ‘Oh, God!’.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 20/03/2012
Código do texto: T3564695
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.