Prefiro o outro ‘Amanhecer’ (publicado em 29/11/2011)

A tarefa de formar fãs de cinema é complicada. Principalmente quando existe a franquia adolescente. A fórmula dos estúdios em nada se altera: lançam um rosto bonitinho nas telonas e ele agrada as jovens, que gritam apaixonadas. ‘A Saga Crepúsculo’, o mais recentes destes filões, arrecadou bilhões de dólares em bilheterias desde 2008, quando o primeiro longa chegou até os cinemas, ‘Crepúsculo’. O mesmo número dos bilhões dos ingressos serve também para as fãs do ator Robert Pattinson, o protagonista da cinessérie ao lado de Kristen Stewart, a mocinha. Mas o jeito de galã não basta para fazer bons filmes. É preciso estrutura a tanto. Não é o que temos em ‘Amanhecer– Parte 1’, lançado mundialmente quatro dias atrás e já uma febre em fazer dinheiro.

Após o citado ‘Crepúsculo’ vieram ‘Lua Nova’ (09) e ‘Eclipse’ (10) antes de ‘Amanhecer’. No quatro trabalho, Edward Cullen (Pattinson) se casa com Bella (Kristen) e eles passam a lua-de-mel no Rio de Janeiro. Bella engravida e agora o dilema começa: como ele é um vampiro, de que maneira o bebê nascerá, se é que nascerá? Não é tudo: a garota parece ser contaminada pelo rebento, que a destrói fisicamente. Ela perde peso, empalidece. Temos um vampirinho vindo aí? Bella pode morrer, pois o feto suga todas as suas energias. Edward fica com remorso, afinal ele tentou evitar a gravidez. Qual será a salvação? Ou melhor: existe solução? Evidentemente, como o nome do filme diz, haverá em 2012 a segunda parte e saberemos este destino ingrato de Bella.

Porém, não se enganem. Toda a história está recheada de erros, interpretações fracas e a direção desviante. Bill Condon (‘Dreamgirls’, 06) dirige a peça com o propósito fixo, o de afagar as adolescentes gritadeiras fãs de Pattinson. Não li os livros de Stephenie Meyer e, portanto, não posso comentar o roteiro de Melissa Rosenberg. O que está claro são efeitos especiais amadores para obra do século 21, principalmente nas transformações do clã de Jacob (Taylor Lautner), os lobos. E em certas cenas logo me veio referências a ‘O Bebê de Rosemary’ (1968). A sequencia do nascimento da criança é exemplo explícito disto. Outro contra é o tempo em que a cidade do Rio de Janeiro surge na tela. Um minuto, dois. Ver Pattinson arrastar o português doeu, mas menos.

Edward e Bella são nos anos 2000 o que Jack e Rose foram na década anterior, ou vocês se esqueceram de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet em ‘Titanic’ (1997)? Procedimentos iguais, com produtos na praça com fotos do casal do filme de 11 Oscars, delírios das adolescentes para o futuro astro consolidado do cinema. Indo aos anos 80, temos mais um: Kim Basinger e Mickey Rourke em ‘9 ½ Semanas de Amor’ (86). Mesma coisa: tietes em cima de Rourke, ainda sem ter o rosto desfigurado. É cíclico e vicioso. Encontraremos fitas deste modo cotidianamente e os (as) tolos (as) que caem neste alçapão. Aí se enjoa de tudo, um novo ídolo teen aparece e R.Pattinson viverá fazendo filmes sem expressão, ou não. Depende dele. Com Kristen, o caso é semelhante.

Mas entre os ‘Amanhecer’, fico com ‘Antes do Amanhecer’ (95), Filme com ‘F’ maiúsculo.

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Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 02/12/2011
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