Sem Ballack, Alemanha será campeã só por 1 a 0 (texto-bônus ao Recanto das Letras)

Michael Ballack, principal jogador da Alemanha nos últimos dez anos, está fora da Copa do Mundo de 2010 por contusão. Para mim foi um imenso abalo ler a notícia e até agora compreendê-la e assimilá-la está sendo um doloroso processo. Isto porque já descrevi aqui em outros textos sobre a minha paixão pela Alemanha e a minha torcida por ela na Copa, o que ocorre desde 2000. O choque da perda de Ballack será superado. Temos atletas que suprirão, com a mais absoluta certeza, a ausência do camisa 13 do Chelsea. E afirmo com força que a Germânia conquistará o tetra.

Não à toa, nosso cast tem Klose, Podolski, Lahm, Schweinsteiger, Mertesacker, Trochowski, Gomez e Cacau, entre outros. Klose marcou dez gols quando se somam os Mundiais de 2002 e 2006 (cinco em cada). Podolski pode até não ter tido a temporada boa que se esperava dele, mas tem talento para superar o problema. Lahm é um versátil. Atua tanto na lateral direita quanto na esquerda. E bem. Schweinsteiger é um meio-campista esplêndido. Une classe e garra no campo com fineza. Mertesacker é a segurança na zaga. Alto, forte e combativo, é o ponto forte da defesa alemã. Trochowski vem se firmando partida a partida. Dono de passe seguro, é o cérebro do time. Cacau e Gomez são atacantes jovens, têm cheiro de gol na veia. São artilheiros prontos para as batalhas na África.

Nos sites de notícias, inúmeros jogadores e técnicos apontam Brasil e Espanha como favoritos para o título de 2010. Discordo. Todos campeões do mundo, com exceção do Uruguai, são favoritos a erguer a taça. Alemanha, Argentina, Brasil, França, Inglaterra e Itália podem, sim, conquistar o campeonato. Fico do lado dos alemães porque torço por eles. Cada um tem 16,67% de chance.

Nenhuma outra seleção tem. O Brasil já ganhou muitas vezes. A Itália acabou de vencer. A Argentina tem 24 anos de fila. A Alemanha vai de 20 anos. Inglaterra só foi a melhor do mundo em casa, em 1966. A França também, em 1998. Para mim, a final será Alemanha x Argentina ou Alemanha x Inglaterra. Estamos em Ballack. A diferença será a seguinte: ao invés de a decisão ser 2 a 0 ou 3 a 1 para a Alemanha, será empate de 0 a 0 ou 1 a 1. O 1 a 0 em favor da Alemanha também é cotado. Aliás, mais cotado. Sem o meio-campista, o time perde 9,10% do brilho, pois os outros 89,90% estão com os demais dez titulares.

Outras baixas, como Enke (o goleiro que se suicidou em 2009), Adler (também goleiro, quebrou costelas) e Rolfes (machucado no joelho) são importantes também. Mas o time se supera sempre. Basta notar que a seleção alemã estava desacreditada em 2002 – terminou com vice-campeã – e em 2006 – ficou em terceiro lugar. Tradição é tradição e pesa.

Em 2010 não será diferente. Até porque existem coincidências pró-Alemanha e contra o Brasil. A Alemanha não fica mais de quatro Copas seguidas sem conquistar o título. Passou em branco em 30, 34, 38 e 50 e levou a de 1954. Depois, saiu do pódio em 58, 62, 66 (vice) e 70 (terceiro) e conquistou em 74. Por fim, veio a lacuna de 78, 82 e 86 e o título de 1990. Agora, passadas as pelejas de 94, 98, 2002 (vice) e 2006 (terceiro) estamos na quinta, 2010, com o já cantado primeiro posto.

E se a Alemanha empatar ou perder um jogo durante a primeira fase, as chances de ganhar o título aumentam, pois nas três campanhas vitoriosas constaram, no mínimo, uma derrota ou um empate. E as curiosidades anti-Brasil: sempre que o time canarinho vai a uma competição sem atletas do Corinthians (com exceção da Copa de 62), a equipe é desclassificada. Mais um: sempre que Júlio César, Robinho e Gilberto vão juntos ao torneio, o país perde a Copa. E outro: toda vez que eu compro o álbum da Copa, a seleção pela qual torço, vence – eu juntei as figurinhas de 94, quando vibrava pelo Brasil. Quarto: as datas, os dias da semana de 2010, coincidem com 1982, ano de terrível lembrança aos verdes e amarelos. Exemplo: o dia da final das duas competições foi 11 de julho, ambas no domingo. Então, vejam a quantidade de características que beneficiam os alemães.

Um físico já disse que a Alemanha será campeã em 2010. Ele fez as contas, resolveu as equações e atestou isto. O futebol não é ciência exata, mas números podem ajudar a elevar os ânimos da gente, não é?