Helena (publicado originalmentem em 10/8/2005)

Hoje esta coluna será inteiramente dedicada a Helena Ranaldi. Muitos não sabem quem ela é, que papéis fez, onde os interpretou. Ela é uma atriz da Rede Globo. Mas, ao contrário da maioria de lá, não freqüenta revistas de fofoca, muito menos festa de celebridades. A única vez em que figurou nas capas desse tipo de veículo aconteceu quando se separou do marido, diretor Ricardo Waddington. Apenas neste caso, Helena teve “de se explicar”. Discreta, bela, atraente e talentosa, a atriz, aos 39 anos, completados em 24 de maio, aniversariou o 15 º ano de carreira em 2005. Estreou na extinta TV Manchete (1983 – 1999) em 1990 com a novela “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, quando interpretou Stefânia. De lá para cá, seu trabalho foi marcado por mulheres de personalidade forte (a veterinária Cíntia em “Laços de Família”, de 2000), outras muito frágeis (a Lúcia Helena, na sensual “Presença de Anita”, de 2001). Natural de São Paulo, formou-se em Educação Física. Deu aulas, mas em pouco tempo a televisão a roubava das quadras. A paixão em representar levou-a a continuar na Manchete, onde, em 1991, participou de “Amazônia”, uma tentativa frustrada da emissora da família Bloch em repetir o sucesso do ano anterior com “Pantanal”.

Logo a Globo a contratou. De cabelos curtos, aparência de adolescente, mas já aos 26 anos, foi a Nina em “Despedida de Solteiro” (1992). Passaram-se 12 meses e mais um convite para novela: a macabra “Olho no Olho” (1993), na qual fez Malena, sua primeira vilã. Subiu ao altar em 1994 com Ricardo. Até 1996, gravou uma novela por ano: “Quatro por Quatro” (1994), “Explode Coração” (1995) e “Anjo de Mim” (1996), seu primeiro trabalho com protagonista. Em 1997 nasceu Pedro, o único filho de Helena. Dois anos depois, ainda cuidando dos primeiros passos do garoto, aceitou uma pequena participação em “Andando nas Nuvens” (1999). No auge da carreira, em 2000, encarnou a veterinária Cíntia em “Laços De Família”. Aproveitou e emendou sua primeira minissérie: “Presença de Anita”. Atuou na fraca “Coração de Estudante” (2002) antes de atingir o ponto alto da trajetória dela – a professora Raquel de “Mulheres Apaixonadas” (2003). Como em 1992, cortou seus cabelos bem curtos. Como na vida real, sua personagem era uma professora de educação física. Raquel era vítima de violência doméstica: apanhava do marido. Depois, fez sua segunda minissérie, a excelente “Um Só Coração” (2004). Este ano, em “Senhora do Destino”, viveu Yara.

Helena Ranaldi apresentou o “Fantástico”. A experiência com o jornalismo durou pouco, só alguns meses, em 1996. Mas, ao lado de Pedro Bial, não comprometeu. Os quadros que chamava no programa dominical eram gravados. Apenas uma vez ela entrou ao vivo. Nesse período, o “show da vida” testava as atrizes globais, que se revezavam na bancada do “Fantástico” (Carolina Ferraz foi outra que também comandou a atração informativa). Helena ficou somente naquilo que sabia fazer, e bem, os palcos, os cenários, os sets. A graça dela está no jeito de cativar os telespectadores. Basta um sorriso mais maroto, como os que a maldosa Suzana dava, ou os olhares compenetrados entristecidos, como os da pobre Lúcia Helena. Podem ser os lábios sensuais de Cíntia, unido ao corpo bem traçado, desenhado delicadamente. Qualquer personagem tem sua característica, sua forma. E Helena deu a todos eles seu toque especial, particular. A vibração a flor da pele, a contagiante energia que marcou esses 14 trabalhos em 15 anos de interpretação, permanecem intactos. Quem não lembra da Suzana, em “Quatro por Quatro”, cometendo suicídio jogando o carro num precipício? Ou então do choro de desespero de Lídia Rosemberg, a polonesa com medo de “Um Só Coração”?

Sou fã de Helena Ranaldi desde 1993, quando a vi em “Olho no Olho”. Desde então, eu, que detesto novelas, acompanho somente as que ela está. Poucos capítulos, é verdade. Destes, é óbvio, tenho minhas preferidas: “Presença de Anita”, “Laços de Família” e “Olho no Olho”. Sempre tive a sensação de que ela trazia a minha memória alguém que já conhecia. Mas nunca soube quem. Não sei mesmo. Talvez aqueles olhos... Talvez aquela boca... Essa certeza que jamais terei: quem ela é, ou melhor, quem ela foi? Helena de Tróia? A Helena sempre imaginada pelo autor Manoel Carlos, que surge sempre nas novelas dele? Ou simplesmente qualquer Helena, entre as quais está a Ranaldi? Eu desconheço a resposta. Helena Ranaldi é uma mulher muito bonita. E ponto encerrado. É uma moça com vasto talento. Mais uma afirmação. A beira dos 40 anos, está melhor que nunca. Gosta de Elis Regina e Roberto Carlos. Recentemente, estreou no cinema. Rodou “Bodas de Papel”, dirigido por André Sturm, que tem Cleyde Yáconis, Walmor Chagas, Sérgio Mamberti e Dario Grandinetti (de “Fale com Ela”) no elenco. Estréia em 2006. Helena será Nina, como em “Despedida de Solteiro”. É mais uma das Helenas. Agora em tela gigante. Vou encará-la novamente. Em todas as dimensões.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 05/07/2009
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