O Poderoso Chefão: Parte 2 ½ (publicado originalmente em 6/4/2005)

Três anos depois do lançamento de “Os Intocáveis” (1987) dois filmes atestaram relação a esta fita: “O Poderoso Chefão III”, concluindo a trilogia sobre a máfia, dirigida por Francis Ford Coppola; e “Dança com Lobos”, onde Kevin Costner, protagonista do filme de 1987, se consagrou como ator e diretor no Oscar, sendo presenteado com estas duas estatuetas. A história rodada há 18 anos se passa na Chicago dos anos 1930, domínio dos contrabandos de bebida alcoólica de Al Capone (Robert De Niro, inspirado no legítimo Don Vito Corleone). Dirigido por Brian De Palma, “Os Intocáveis” tem, além de Costner e De Niro, Andy Garcia e Sean Connery no elenco. Kevin interpreta Eliot Ness, o novo investigador da polícia escalado para derrubar trapaças do Scarface. Ness encontra a corrupção vasta no seu departamento. A maioria dos tiras se deixa vender e a Lei Seca fica apenas no papel. O combate aos gângsters, porém, tem de seguir em frente. O jovem agente Eliot, após uma derrota na primeira empreitada, encontra o veterano guarda de rua Jim Malone (Connery). Durão e honesto ao extremo, Malone não demora para aderir ao grupo do novato. A trupe ainda não está completa.

Recrutar pessoas incorruptíveis é difícil. Mais ainda naquela época, onde era proibido pensar em beber. Giuseppe Petri (Garcia), exímio atirador de descendência italiana (a década de 1930 ficou marcada pelo regime totalitário do fascista Benito Mussolini). Passada a impressão da desconfiança, o quarteto é completado com o último membro, Wallace, que entra na patota sem saber muito o que fazer. Quando conseguem impedir um importante carregamento liquido de Al Capone, as manchetes dos jornais logo estampam na capa o apelido de “Intocáveis”. No momento inicial, o chefão contra a Lei Seca não dá importância aos êxitos da turma de Ness. Até que outro tombo ocorre nos negócios de Capone. Disparo a disparo, os revólveres trabalham. Mortes acontecem. As baixas, tanto no grupo de Eliot quando no de Al, sucumbem. Chega o dia do julgamento de Capone, mas uma importante e imprescindível testemunha não é achada. O julgamento fica ameaçado. No universo de chantagem e falcatrua, o submundo do crime quer fincar sua bandeira. A crise econômica provocada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, ajudou nisso. Tráficos, roubos, latrocínios... E de terno e gravata.

Filho primogênito dos dois “O Poderoso Chefão” (1972 e 1974), “Os Intocáveis” não possui o mesmo refinamento, mas em alguns aspectos esbanja elegância. Por exemplo, o figurino. Totalmente feito por Giorgio Armani, reproduziu fielmente os trajes usados por Al Capone para o corpo de De Niro. Também confeccionou os demais ternos dos outros atores. Indicado a três Oscars, ganhou o de ator coadjuvante, para Sean Connery, e perdeu o de trilha sonora (composta por Ennio Morricone) e direção de arte. O personagem Malone deu para Sean também o Globo de Ouro de coadjuvante. Nos bastidores, poucos problemas. Para fazer Al Capone, desde o início da produção do longa-metragem Brian De Palma quis Robert De Niro. O ator, devido a incompatibilidade da agenda, não aceitou. O diretor contratou Bob Hoskins para o lugar dele. Tempos depois, Robert sinalizou com possibilidade de encarnar o bandido. Palma desembolsou 200 mil dólares para dispensar Hoskins. Como a história do filme era verídica (os Intocáveis existiram de fato), Albert H. Wolff, único vivo da turma original, deu dicas a Kevin Costner de como se portar nas filmagens. A caracterização dele veio bem a calhar.

Evidentemente, a película de Brian De Palma não pode ser, nem brincando, comparada às obras roteirizadas por Mário Puzo e dirigida por Coppola. Os dois filmes dos anos 1970 protagonizados por Marlon Brando foram campeões tanto de bilheteria quanto de prêmios. Assim sendo, seria pecado compará-los a “Os Intocáveis”. O enredo é paralelo ao de Puzo, mas não chega nem aos pés. Apenas Sean Connery teria a categoria de integrar o cast daquela superprodução de três décadas atrás. Andy Garcia (nascido em Havana, Cuba) desempenhou tão bem seu personagem que integrou o elenco da terceira parte do “Poderoso Chefão”. Esta fita se parece com “Os Intocáveis”. Cada diretor imprimiu o próprio ritmo e a ausência de mitos (como Brando) contribuiu para os esquemas darem certo. Se na fita de 1987 o figurino foi de gala, nos projetos de 1972 e 1974 as interpretações fizeram nomes do filmes virarem marcas, selos de alta qualidade. Al Pacino debutava no cinema e ninguém melhor que M. Brando para educá-lo na sétima arte. Portanto, como foi lançado 36 meses antes de “O Poderoso Chefão: Parte III”, “Os Intocáveis” seria “The Godfather: Part 2 ½”. Referências, nele, não faltam.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 24/06/2009
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