Uma gotinha de sangue e nada mais

Uma gotinha de sangue se encontra com um frascão de soro e sucessivamente têm o mesmo destino; a punção venosa.

A gotinha e o frascão se entreolham e seus destinos são traçados.

O vermelho fundiu ao incolor dos líquidos, transcorrendo veia a dentro, num gotejar nervoso...

A gotinha, lentamente, sorri, unindo-se ao vermelho mar, encharcada em suavidade mera. O frascão estapafúrdio se desespera ao esvaziar-se em desequilíbrio às correntes maritimas del plata.

Cuidadosamente a gotinha de sangue se recompõe com paciência e a lucidez dos sábios, contrapondo ao frascão de soro, que apressadamente se deteriora na ansiedade e a estupidez dos tolos.

Há tempos fui um frascão de soro. Hoje estou condicionado a uma artéria venosa. Amanhã serei uma gotinha de sangue e nada mais.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 10/06/2022
Reeditado em 11/06/2022
Código do texto: T7534773
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.