Livro Macunaíma e Filme: principais diferenças

DIFERENÇAS ENTRE O LIVRO Macunaíma (1928) E O FILME (1969):

Toda produção artística, inspirada/baseada/adaptada em outras, possui particularidades que aqui trataremos como interpretação e protagonismo. Entendemos que as obras são passíveis de várias interpretações e que, indo para outro campo da arte, ela pode ser recriada conforme a vontade do seu criador. Dessa forma, é natural que, ao nos depararmos com um filme inspirado/baseado/adaptado em um livro, fiquemos de certa forma frustrados com o personagem principal, por exemplo. Pois no nosso imaginário, durante a leitura, esse mesmo personagem teria um aspecto físico e/ou comportamental diferente do filme. Assim ocorre com a história em si, que pode ter pontos em comum com o livro e, ir para caminhos totalmente diferentes do original. Isso é protagonismo. O diretor de um filme, que traz a versão de uma obra literária para a cinematográfica, está ciente que haverá comparações, críticas e até mesmo incompreensão sobre as mudanças e, como protagonista, ciente que é outra arte e que possui a liberdade de construir novas possibilidades, sem desrespeitar o original, arrisca-se. É o caso de Macunaíma, na versão cinematográfica é considerada “baseada” na obra de Mário de Andrade.

1. Obra baseada em [...] Não tenta ser fiel ao original, assim pode ser parecida, mas diferente.

2. Obra inspirada em [...] É muito divergente da original. Lembra em pouquíssimos aspectos, personagens, lugares etc.

3. Obra adaptada [...] Tenta ser o mais fiel possível, mas para trazer a sua identidade e/ou marcas, difere-se propositalmente em alguns aspectos. E, mesmo não tentando ser diferente, acaba sendo, pelos motivos que já explicamos.

Para fins pedagógicos, pois as provas e demais atividades cobram o enredo do livro, escrevemos, a seguir, as principais diferenças entre a obra de Mário de Andrade e o filme de Joaquim Pedro de Andrade (diretor).

No filme, Macunaíma, em fuga do Curupira, recebe roupas e dicas da Cutia para chegar em casa. No livro, a Cutia, sabendo de toda a história de malandragem e maldade do herói, joga uma calda de mandioca brava em Macunaíma, mas ele desvia a cabeça: seu corpo cresce e ele vira adulto, mas a cabeça permanece de criança.

No filme, a mãe de Macunaíma morre naturalmente após a chegada de Macunaíma em casa. No livro, em uma caçada, ele mata uma veada que tinha acabado de ter crias. Porém, quando se aproxima, descobre que a veada era a sua mãe. E daí, vai embora com os seus irmãos rumo a uma saga pela mata.

No filme, Ci é uma guerrilheira que luta contra o governo e, em um dos combates explode juntamente com o filho. No livro, Macunaíma encontra Ci como uma guerreira Amazona, Imperatriz das matas, ambos brigam e assim como o filme, com a ajuda dos irmãos, Macunaíma estupra Ci. Mas ela o aceita e Macunaíma passa a ser o Imperador das matas. O filho deles, assim que nasce, mama no peito da mãe que estava envenenado, pois uma cobra preta havia mamado antes o seio da Índia. O filho morre e, entristecida, Ci resolve ir morar no céu virando uma estrela. Antes disso, presenteia o Muiraquitã a Macunaíma.

No filme, o Muiraquitã é roubado quando Ci explode. No livro, Macunaíma perde o amuleto enquanto brigava com o monstro Capei. O Muiraquitã cai na água, é engolido por uma tartaruga e, apanhada por um mariscador, o talismã vai parar nas mãos do gigante Venceslau. Mais tarde, um pássaro conta para Macunaíma que o amuleto foi encontrado e vendido para Venceslau Pietro Pietra, um peruano rico e com costumes europeus que mora em São Paulo. Macunaíma, Jiguê e Mannape vão para a grande cidade recuperar a muiraquitã.

No filme, Macunaíma, os irmãos e a vão para São Paulo em um caminhão pau de arara. No livro, os irmãos descem o rio Araguaia com um barco cheio de cacau (moeda de troca) e chegam em São Paulo, mas o cacau não tinha valor.

No filme, Macunaíma finge que morreu após ter ido à casa do gigante a primeira vez. No livro, Macunaíma é morto pelo gigante e picado para virar uma polenta. Os irmãos o salvam e Manaape, que era um feiticeiro, o faz ressuscitar.

No filme, Macunaíma derrota o gigante durante uma feijoada. No livro, uma macarronada.

No filme, os irmãos de Macunaíma assim como a namorada desaparecem. No livro, Jiguê briga com Macunaíma por causa da preguiça e então Macunaíma envenena um anzol. O irmão fica doente e vira uma sombra envenenada vingativa que tenta comer Macunaíma a partir de então. Toda vez que Macunaíma quer comer, a sombra vira uma comida envenenada. Com muita fome, Macunaíma achando que iria morrer decide envenenar o maior número possível de animais para não morrer sozinho. E se cura ao passar o veneno para os bichos. A sombra Jiguê resolve deixar Macunaíma escapa da sombra Jiguê que volta para casa e, por causa da saudade, come o seu irmão Manaape e a princesa, que tinha sido companheira do herói.

No filme, Macunaíma morre ao ir banhar na água na qual tinha uma Uiara. No livro, Véi, a deusa do Sol, quer se vingar de Macunaíma, pois ele havia prometido casar e ser fiel a uma de suas duas filhas e Macunaíma não cumpriu. Véi prepara uma armadilha e, quando Macunaíma entra na água por causa do calor emitido pela deusa-sol, é mutilado pela Uiara. Ele consegue se reconstituir, mas perde novamente o Muiraquitã e uma perna. Então ele decide ir morar no céu e vira a constelação Ursa Maior.

No filme, aparece o Macunaíma conversando com um papagaio. No livro, há um epílogo, na qual o narrador conta que ficou sabendo dessa história por meio da narração do papagaio ao qual Macunaíma tinha contado as suas aventuras.

Marcela Cristiane
Enviado por Marcela Cristiane em 13/11/2020
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