SETE HOMENS E UM DESTINO

Desde menino sempre gostei de filmes do estilo “western” onde os bons são muito bons e os maus são muito maus. Embora não seja adepto da violência, gosto daquele código de honra onde tudo ou quase tudo é resolvido na bala e no fim o mocinho ainda casa com a mocinha, na maioria das vezes filha de um rico fazendeiro. Dos muitos faroestes que assisti alguns ficaram na minha memória para sempre. Sem Lei e Sem Alma, No Tempo das Diligências, Minha Vontade é Lei e principalmente Sete Homens e Um Destino, (The Magnificent Seven). Este é um filme excepcional sobre a última aventura, tão à gosto de Sam Peckimpah mas este, dirigido por John Sturges, outro especialista do ramo. A história se passa por volta de 1890 quando o Oeste passava por grandes mudanças e quase não havia mais espaço nem trabalho para os grandes pistoleiros. O filme fora filmado originalmente por Akira Kurosawa com o título de Os Sete Samurais e depois vendido os direitos de adaptação à Hollyhood para que em 1960 se fizesse o western. A história é simples: Frequentemente um vilarejo mexicano na divisa com os Estados Unidos é invadido por Calvera (Ely Wallach) e seu bando que saqueiam alimentos e dinheiro dos habitantes. Aconselhados pelo morador mais antigo da vila reúnem todos os seus pertencem e três deles vão à cidade em busca de pistoleiros dispostos a arriscar a vida para defendê-los. No dia em que chegaram houve uma desavença e alguém matou um índio cujo corpo ficou abandonado na rua porquê os moradores tradicionais da cidade não admitiam que um mestiço fosse enterrado num cemitério de brancos. Nesse momento chegou a diligência e se formou um aglomerado de pessoas em torno do corpo do índio, entre eles os três mexicanos do vilarejo. Um passageiro da diligência inconformado falou para quem quisesse ouvir que daria uma importância em dinheiro para quem levasse o corpo e o enterrasse no cemitério. “Alguém se habilita?” Perguntou. “Eu levo”, respondeu alguém. Todos se voltaram e deram de cara com Chris Adams, (Yull Brynner como o pistoleiro de roupa preta) que já foi se arrumando na boleia da carroça. Em seguida sentou-se ao seu lado outro pistoleiro, Vin (Steve McQueen) com um rifle nas mãos. A carroça seguiu para o cemitério acompanhada por uma pequena multidão que queria ver o desfecho da situação, entre eles um jovem de descendência mexicana que queria ser pistoleiro para esquecer suas origens e subir no conceito junto à população. Depois de balear alguém numa janela e ferir dois guardas no cemitério, Chris e Vin voltaram, entregaram a carroça e foram para o bar. Ainda na rua o passageiro da diligência ofereceu uma garrafa de bebida a ambos e perguntou a Chris: “De onde você vem?” Bebendo diretamente do gargalo ele apenas apontou com o dedo para trás, como quem diz, “de lá”. O passageiro insistiu: “E para onde vai?” Ainda com a garrafa na boca e em silêncio, Brynner apontou para frente para dizer onde ia. Depois de ser contratado pelos mexicanos Brynner montou uma espécie de escritório no hotel onde estava hospedado e contratou mais cinco pistoleiros. Bernardo O´Reilly (Charles Bronson), Vin (Steve McQueen), Harry Luck (Brad Dexter), Britt (James Coburn) e Lee (Robert Vaughn). O personagem Chico (Horst Buchholz) foi admitido somente quando chegaram na aldeia e o sino da capela tocou reunindo todos na praça. Chico subiu na torre falou à população que eles estavam ali arriscando suas vidas para defende-los enquanto todos se escondiam como galinhas assustadas. Depois do discurso Brynner falou: “Agora somos sete”. Calvera, interpretado por Ely Wallach é outro personagem fabuloso. Há um momento em que a quadrilha se aproxima para entrar na aldeia e um menino na beira da estrada com o chapéu na mão afasta-se para dar passagem. Calvera com seus dentes de ouro o encara com cara de mau enquanto a música vibrante de Elmer Berstein que foi tema dos cigarros Malboro na televisão, enriquece a cena ao som dos cascos e relinchos dos cavalos, tornando a cena antológica.

O filme é todo feito de passagens simbólicas e marcantes. No final, depois de terminada a missão sobram três pistoleiros: Cris, Vin e Chico. Depois de deixarem o vilarejo e seguirem para as montanhas de volta para casa, todos param e dão uma última olhada para a vila. Então Chico vê Petra (Rosenda Monteros) a mexicana com quem ele teve um caso, chorando. Seu coração balança e ele fica na dúvida, não sabe se volta com seus companheiros ou fica com sua amada. Brynner resolve tudo ao lhe dizer: “Adios!”. Chico desce então a ladeira a galope, salta do cavalo, abraça e beija sua amada numa linda cena de amor enquanto Brynner e McQueen desaparecem no horizonte. O filme acaba, as luzes do cinema se acendem mas por um momento eu me recuso a levantar. Os sete magnificos ainda estão vivos dentro de mim...

JotaCF
Enviado por JotaCF em 24/11/2015
Reeditado em 25/11/2015
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