ALDRAVIA - poesia minimalista


ALDRAVIA tem origem em "aldrava", batedor, argola de metal com que se bate às portas para que estas sejam abertas por quem está dentro da casa. Era comum na maioria dos casarões antigos de Mariana, Sabará, Ouro Preto e outras cidades mineiras.
Tenho ilustrado minhas aldravias com algumas.


O movimento aldravista se propôs a criar uma arte que chama atenção, que insiste, "que abre portas para as interpretações inusitadas dos eventos cotidianos, em relatos daquilo que só o artista viu."

Este apontamento teórico é adaptação didática e excertos (*) do texto original do Prof. J. B. Donadon-Leal  "ALDRAVIA – nova forma, nova poesia", sem prejuízo do conteúdo e/ou entendimento do texto.

A arte da poesia já experimentou muitas formas. Ela sempre esteve certificada pela grandeza com que a arte encanta olhos e ouvidos. Consagrou nomes e eternizou formas, além de ter revelado muitas faces ocultas das paixões pela vida. Não é à toa que a poesia é tida por muitos como a mais nobre entre todas as artes.

Das narrativas longas da antiguidade, passando pela condensação dos sonetos do advento da era moderna ou pela síntese do haicai, a poesia experimentou extremos: muitas palavras para muitos conteúdos ou muitos conteúdos em poucas palavras.

Em novembro de 2000, com o lançamento do Jornal Aldrava Cultural, nascia o novo movimento poético em Mariana (MG).
Hoje o Movimento Aldravista já alcança algumas cidades da Europa.


O primeiro legado dos aldravistas foi a ideia de organização do mundo artístico a partir do conceito de metonímia** : porções constitutivas das coisas podem representá-las, muito bem, no mundo das significações.

Ao mesmo tempo, a poesia metonímica busca demonstrar que a poeticidade pode estar na simplicidade.
A leitura da poesia não pode ser uma tortura em busca de significações. Sentidos têm que saltar da forma poética com a facilidade com que se captam os significados na fala cotidiana.

Trata-se de pôr em prática o que o espírito da poesia já revela há milênios: o mínimo de palavras para a abertura do máximo de possibilidades significativas, plagiando Pound em sua reflexão sobre a arte da poesia.

A partir de reflexões sobre os destinos da poesia, os aldravistas, liderados por Gabriel Bicalho, buscaram observar a poesia que aponta para a síntese nos poemas curtos, nas trovas, nos haicais.
Mas, seriam, de fato, essas formas poéticas as mais sintéticas?
Representariam elas, de fato, as metonímias perseguidas pelos aldravistas?

A ideia de flash, de fotografia ou de uma porção de algo parece contemplada nessas formas poéticas. Elas demonstram também outro aspecto do aldravismo – a livre escolha de formas de poesia.

Aí outro aspecto do espírito do poeta evidencia-se: a inquietação.
Essa inquietação faz do poeta um ser que está sempre em busca de algo a mais, do ponto extra, da falta, do que ainda não foi visto.
Mais uma vez os aldravistas se valem do legado de Pound em seus ensaios literários de 1934, para concretizarem o paideuma: “a organização do pensamento de modo que o próximo homem ou geração possa achar, o mais rapidamente possível, a parte viva dele e gastar o mínimo de tempo com questões obsoletas”.

Que novidade os aldravistas poderiam deixar às gerações futuras?

O grande investimento aldravista é no conteúdo metonímico – pouco importa a forma. A forma é apenas textual, é apenas envelope dentro do qual os discursos se depositam em sua fecundidade ilimitada, disponíveis aos olhares de espectadores que alcançam alguma porção discursiva a partir da qual expande sua compreensão e interpretação.

Mas, que tal uma nova forma?
Eis que do permanente congresso do movimento aldravista de artes, do qual participam ativamente
Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, eu e J. S. Ferreira, surgiu uma nova forma de poesia: a aldravia, nome sugerido por Andreia Donadon Leal a uma forma elaborada por Gabriel Bicalho, com base na concepção de encontro com os sentidos na possibilidade real de se ter o máximo de poesia no mínimo de palavras, acompanhando a tendência minimalista mundial.

Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem saída.
Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia – aldravia.

O Poema é estruturado em seis versos univocabulares.
Ou seja: somente 6 palavras, uma em cada verso.
Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.

Esta edição do Jornal Aldrava Cultural apresenta ao público a aldravia:

Andreia Donadon Leal:

salto
de
cova
nascimento
do
artista


*
Mário Donadon Leal

poema
põe-se
poeira
cipó
teia
goteira


*
Gabriel Bicalho:

não
fazer
poesia
de
alma
vazia


*
J S Ferreira:

sigo
cigano
em
busca
da
poesia


O movimento aldravista de arte chega maduro aos seus dez anos de existência, pronto para apresentar nova forma poética ao conteúdo metonímico já experimentado nas formas canônicas de versejar.
Poesia tem que ter poeticidade na simplicidade, conteúdo na síntese e porta aberta às interpretações.


Poesia é germinação, por isso não precisa pretender-se à completude em longas narrativas, pois

 
curta

poesia

do

verbo

pólen

via


 
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** Sobre metonímia, sinédoque e metáfora acessem:
http://recantodasletras.com.br/gramatica/3807611

 
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Fontes:
Jornal Aldrava Digital
Jornal Aldravinha Cultural
Dicionário Aurélio Eletrônico
Aldravia – nova forma, nova poesia, de J. B. Donadon-Leal



(*) Edição do apontamento teórico: Kathleen