CONTOS REFLEXIVOS DO ANDARILHO LAÇOS DO DESTINO

Tantas idas e vindas, quantos momentos incertos guiados pela certeza do acaso, a vida muda de direção como o vento que flui a rumos incertos, tal como a chuva que desce do céu e se espalha pela terra guiada por correntes de ar.

Assim e a vida do andarilho, neste momento aqui, no momento seguinte não sei, as coisas acontecem no ir e vir, movido por pensamentos que pairam pelo ar sendo redirecionados a cada momento e se transmuta conforme o ambiente, se adequando conforme a frequência mental exigida na continuidade evolucional.

De repente o ser para, o vento segue e traz uma voz que parece ecoar ao longe, mas esta a alguns passos atrás, o andarilho se vira e o homem esta imóvel, inerte, como se sempre estivesse ali parado esperando sua chegada.

Uma imagem mental se forma na mente plasmada, transmutada em uma frequência imanente que parece ter deslocado junto ao tempo, um tempo de inércia mental como se estivesse dentro de um quadro, sendo visto observado e analisado, sem poder se mexer.

A areia e fina quase branca, parecem flocos de neve debaixo de um sol de quarenta graus, o andarilho não se lembra do caminho percorrido ate ali, mas tem a certeza de que e o ponto de chegada.

O homem diz ao andarilho.

Venha para sombra o sol esta quente, e o calor pode afetar sua consonancia mental.

O andarilho se move lentamente rumo a uma cabana, o lugar parece um vilarejo que retrocedeu no tempo espaço da própria razão, a cabana e feita de folha de coqueiro com duas redes dependuradas em uma estrutura que foge ao imaginário de um engenheiro quântico.

O homem pede à mulher que traga um copo de água ao visitante, a mulher calmamente assim o faz.

O andarilho observa a figura da mulher, e percebe que aquele ser não faz parte daquela pintura mental, pois a mulher e refinada e parece ser da alta sociedade apesar do jeito simples de se vestir, a roupa e típica e se enquadra no ambiente, mas sua áurea a coloca como uma dama, sua voz e amável e seus movimentos parecem ser calculados.

O andarilho se sente bem como se estivesse em seu próprio lar, a água tem um gosto diferente, parece salgada, mas a doçura do liquido e propiciada pela energia emanada do lugar.

O andarilho lentamente desacelera seus pensamentos e se adéqua ao ambiente, pronto agora a frequência mental transmutacional esta ajustada.

O casal esta feliz parece que a presença do viajante dos multiplanos existenciais estava sendo aguardada.

O andarilho deixa seu saco de roupas na cabana e sai pelo vilarejo, todos se cumprimentam, parece uma só família, e durante a caminhada as pessoas vão se agrupando, ate chegar a uma cabana maior.

E ali que os pescadores se reúnem junto ao seu povo quando volta do mar com os pescados, o pescado parece não ter dono, pois todos se servem do que e necessário para subsistirem.

Depois de cada um pegar o necessário o restante dos peixes e limpo e salgado em seguida colocados em arames esticados para secarem ao sol para servirem de alimento nos dias em que o mar estiver nervoso.

Depois do serviço feito o casal pega um peixe e segue rumo à sua cabana para prepararem seu alimento, e no caminho a conversa vai fluindo naturalmente, o homem explica como funciona a vida naquele local.

O homem diz ao andarilho que ali não tem dono todos vivem de uma forma conjunta, pois as casas não tem área demarcada cada um usa o espaço que precisa para sobreviver, e o alimento e dividido em grupos, e cada semana uma equipe e responsável pelo sustento de todos.

A noite chega e todos se reúnem na cabana principal, aquela em que o pescado foi dividido, e por ali todos conversam animadamente sobre os acontecimentos do dia.

As histórias se fundem e se dividem, se reconstruindo junto ao imaginário coletivo, criando imagens mentais segundo o poder de criação de cada um.

As almas transitam e se transmutam trocando informações que variam de tempo e de mundos astrais, que vibram freneticamente nas múltiplas sintonias dos seres do pluriverso.

E ali naquela comunidade distinta cada um conta sua historia aos demais servindo como ponto de reflexão coletiva.

O novo amigo sente a necessidade de contar sua própria história ao andarilho, todos se tratam com respeito, uma forma de tratamento que o próprio universo devolve aqueles seres que são o DNA do próprio criador.

A alegria e contagiante, o novo amigo conta como se deu o enlace de almas com sua meiga e doce companheira, todos se sentem felizes, pois histórias que trazem um final feliz tendem a transformar a áurea dos ouvintes.

O homem inicia sua história.

Eu tinha 19 anos e trabalhava em um iate de luxo que serve de suporte nas idas e vindas ate uma ilha que pertence a um grande empresário e político.

Era um domingo, o dia se passara rapidamente estávamos em um final de tarde, banhado pelos restos do sol e a brisa marítima noturna se aproximava com toda sua calma.

Quando de repente uma bela jovem que já me observava há algum tempo me chamou, fingi que não era comigo, mas ela não se conformou e olhando em minha direção me disse, hei e você mesmo rapaz não se faça de desentendido venha aqui e agora.

Não estava entendendo nada achei que tinha feito algo de errado e ia ser chamado a atenção, pois ela era filha do patrão.

Aproximei-me e disse a ela.

A senhora necessita de alguma coisa, e ela com ar de superioridade me disse, sente se, eu simplesmente lhe obedeci.

Ela então me fez uma proposta. Olha garoto eu preciso de sua ajuda, pois estou em uma situação complicada.

Então lhe perguntei, o que a senhora deseja de mim.

Ela então agora em outro tom de voz me contou uma longa história, onde estava com grandes problemas pessoais e familiares e precisava se casar urgentemente.

Não levei a serio o que ouvi, mas ela me exigiu uma resposta de imediato, e a imagem dela tomou conta do meu ser, pois eu sempre ha vi por ali cercada e bajulada por todos, mas nunca imaginei que um dia aquilo pudesse acontecer.

O por fim acabei concordando, ela me explicou os termos de um contrato que faríamos, seria um casamento aos moldes de sua necessidade momentânea, onde eu não teria direito nenhum sobre seus bens.

O homem faz uma pausa o andarilho mal consegue esperar o recomeço.

E o homem continua.

Assim o fizemos, fomos a um cartório e registramos tudo como ela queria, e ela sorria como se tivesse superado um grande obstáculo.

Depois de tudo pronto pegamos o avião e fomos para capital, levei apenas o documento que tinha, que era minha carteira de identidade, e ao desembarcarmos ela comprou roupas ao seu gosto me transformando no objeto necessário ao seu momento existencial.

Depois pegamos um taxi e fomos para seu apartamento, que era uma cobertura a beira mar, mais luxuoso que um palácio dos emirados árabes, ao chegarmos ao apartamento ela arrumou um pequeno quarto de forma simples, mas muito confortável, que para mim era um palácio, pois tinha banheiro com água quente e uma televisão só para mim.

No dia seguinte fomos ate a casa de seus pais, eles levaram tudo na brincadeira, mas concordaram, pois era filha única e eles faziam tudo que ela queria.

Eu estava vivendo um sonho, casado com uma mulher linda e morando em uma cobertura a beira mar.

E assim a vida seguiu, convivíamos no mesmo espaço como dois estranhos ela fazia força para me cumprimentar e eu levava a situação com muita cautela.

Mas o tédio foi tomando conta do meu ser, e fui me sentindo um inútil, ate que em uma manhã enquanto caminhava pela calçada a beira da praia vi um anuncio de emprego em uma barraca de sucos e bebidas, conversei com o dono e comecei a trabalhar no mesmo dia.

E continuei levando minha vida tranquilamente em uma relação consolidada apenas no papel e fazendo Companhia nos momentos em que ela estava solitária e cansada da vida que levava.

Não me faltava nada e todos me tratavam com o respeito necessário as boas relações sociais, e assim fui me adaptando e construindo meu mundo paralelo sem ninguém desconfiar que eu morasse em um lugar rico e luxuoso.

Mas como não tem como se esconder para sempre, ate que em um feriado prolongado eu trabalhava tranquilamente na barraca quando de repente ela apareceu cercada de amigas.

Foi a maior zombaria suas amigas riam de mim e faziam piadas de muito mau gosto, eu me senti muito envergonhado e procurei me esconder, o dono da barraca percebeu e me chamou para conversar.

E eu lhe contei todo o acontecido ele achou a história absurda, mas viu que era tudo verdade, e acabou por me dispensar, eu sai em busca de um quarto para alugar.

Depois de tudo organizado fui ao apartamento e peguei meus uniformes e mais algumas coisas que cabiam na mochila juntamente com minhas economias e fui para minha nova moradia, que era um quartinho em uma república na periferia.

E assim fui levando minha vida e tentando acostumar com a ausência que a presença daquele amor me fazia, pois meu sentimento tomava conta do meu ser, aquela mulher parecia fazer parte da minha própria alma.

Eu deitava a noite e ficava imaginando onde ela estaria e com quem estaria minha mente vagava, as noites eram eternas tentava desviar os pensamentos, mas eles me traiam.

A agonia era tanta que eu buscava trabalhar o Maximo de tempo possível para vencer o corpo, mas não adiantava minha mente jogava contra meus pensamentos, o corpo podia estar ali, mas a mente vagava a sua procura.

Foi um tempo de agonia de tristeza e aflição, mas resisti bravamente me mantive quieto e nunca fui a sua procura.

Já haviam se passado quase seis meses, quando em uma segunda feira do mês de setembro por volta das 21hs eu saia do serviço rumo a minha morada uma mulher encostou o carro próximo a mim e me chamou para conversar.

Tentei resistir e falei a mim mesmo não vou, mas minhas pernas me traíram e entrei no automóvel, andamos lento tranquilo e silenciosamente ate um bar de elegância humilde.

O lugar era fino, os móveis rústicos colocados de forma simples, transformando o lugar em uma maquina do tempo, me remetendo a um passado que nem eu mesmo vivi.

Ela estava abatida e parecia cansada, me perguntou como estava se precisava de algo, eu lhe respondi que tudo corria bem e que ela não se preocupasse, mas por dentro minha vontade era de puxá-la junto a mim e dizer tudo que estava passando.

Quando de repente ela pegou em minhas mãos e me pediu que voltasse, pois sentia minha falta, e que eu poderia continuar trabalhando e levando minha vida como eu quisesse.

E meu caro andarilho, acabei por não resistir aos encantos daquela linda mulher e acabei voltando naquela mesma noite, tudo foi lindo como nunca havia sido antes se e que você me entende.

O andarilho deu um largo sorriso e disse.

Sei como e meu caro, sereias nos encantam e povoam nosso imaginário, não ha homem em sã consciência que resista.

O homem continuou.

Acabei por voltar, mas o sonho durou pouco, e logo a vida voltou ao que era, voltei a ser um objeto inanimado, um mero enfeite em um palácio imaginário em um mundo ao qual eu nunca pertenci.

Acabei por não resistir por muito tempo, e numa noite chuvosa conversei com meu patrão fiz o acerto me despedi passei em casa peguei o pouco que era meu de verdade e fui para o aeroporto, o vôo só saia na manhã seguinte.

Dormi por ali mesmo, chegada a hora embarquei e voltei para minha terra natal e acabei para o antigo povoado no qual me criei.

Minha cabana estava do mesmo jeito, o tempo por ali não passou, era como eu nunca tivesse saído dali, me senti em casa cercado por pessoas que completavam meu ser e davam sentido a minha própria existência.

Os dias de angustia continuaram, mas eu não me sentia mais sozinho, ninguém me perguntava o que tinha acontecido parecia que eu nuca tinha saído dali.

Voltei a ir para o mar pescar e dar continuidade a minha rotina, mas por dentro eu me sentia perdido em um vazio que só tinha uma forma de se completar.

Em uma tarde quando voltei do mar, senti meu corpo arder em febre, o frio congelava minha alma, a noite pareceu cobrir toda minha existência, os pensamentos vagavam em busca de não sei o que.

Senti a presença dela todo o tempo, seu cheiro e sua voz permeavam o ar que eu respirava, eu não queria voltar, e me desligava lentamente do meu invólucro carnal, todos a minha volta já estavam ficando preocupados.

Mas não existe noite eterna assim como um dia que não termine, com os primeiros raios do sol e meu corpo parecendo sair de uma luta violenta que durou uma eternidade eu custei abrir os olhos.

E quando consegui enxergar eu vi aquela figura que estava impregnada em meus pensamentos, ela chorava copiosamente e em estado de desespero, me levou ao hospital.

Fiquei mais três dias em coma, e ela ao meu lado em desespero absoluto, quando voltei a este mundo novamente ela me falou da sua realidade, e que sempre me amou, mas demorou muito para aceitar tudo que aconteceu.

A conversa foi longa, e ao fim ela prometeu mudar e que nos deveríamos voltar juntos para nossa casa. Nesse momento pedi que ela se calasse e disse tudo que sentia, e por fim lhe disse.

Quero voltar a viver com você, porém quero que seja junto aos meus, em minha cabana a beira mar, pois sei que se voltarmos para sua casa cedo ou tarde você me abandonara.

Ela me disse que queria construir uma nova vida, pois aquela que ela levava só trazia tristezas e arrependimentos, e por fim voltamos para minha cabana e passamos a conviver em paz e harmonia.

E daquele momento em diante passei a viver uma completude espiritual que permeava os multiplanos existenciais ha muito buscado e agora consolidado em carne.

O andarilho agora somava mais uma história de vida junto a história do universo de seres iguais que se separam e se unem como forma de crescimento espiritual.

Que acabam por se unir em um só espírito dual que fica quase impossível diferenciar quem e quem nos multiplanos frequênciais que vaga por múltiplas dimensões.

E assim o ser que vaga segue sua jornada ouvindo e contando histórias que servem de exemplo para aqueles que seguem na renovação de sua própria existência.

“Às vezes saímos da frequência da nossa mente, pois uma freqência maior necessita contato com a parte antimatéria do corpo metafísico. Assim a vida segue por caminhos incertos construídos nas certezas de nossos atos palavras e gestos, por isso o cuidado com o pensar e o falar se faz essencial em nossa caminhada continua no ir e vir, só a cautela nos conduz a uma transição segura pela ponte do destino” Paulo César de Castro Gomes.

O livro contos reflexivos do andarilho do pluriverso se encontra pronto, aguardando editora para publicação.

Paulo César de Castro Gomes.

Graduado em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós-graduado em docência universitária superior pela Universidade Salgado de Oliveira Goiânia, pós graduando em Criminologia e Segurança Publica pela Universidade Federal de Goiás. (email. paulo44g@hotmail.com)