Esperança

Alguns anos atrás levei meus filhos ao Zoológico. Já tinham idade suficiente para discernir os bichinhos, portanto nada mais justo em ter esta experiência que até então, era apenas televisiva.

Minha filha estava doida para ver o leão. Desde que entrou, sua ansiedade só aumentou. Queria conhecê-lo de qualquer jeito, pois lembro-me que foi justamente quando aconteceu o lançamento do desenho que fez o maior sucesso nos cinemas - O Rei Leão. Acredito que ela chegou a pensar que encontraria o próprio personagem da Disney.

O leão é um animal lindo e ao mesmo tempo feroz e selvagem. Em bando pode abater qualquer animal da selva, inclusive um elefante. É retratado em muitas histórias infantis como o “Rei dos Animais” e sua imagem é normalmente associada ao poder, à justiça e a força.

A primeira reação da menina ao ver seu bichinho predileto foi acenar e gritar por ele. Seu maior desejo era ouvir um rugido bem alto, um brado do poderoso.

Nada aconteceu.

Ficou imóvel, apenas deitado. Cabisbaixo, triste e com um olhar distante daquele lugar. Parecia estar entregue.

Mesmo com os gritos e das crianças, nem se manifestou.

Parecia que não havia mais esperança em sua vida.

O livro do Evangelho de Lucas, no capítulo 23, narra um fato que nos ensina o que é esperança. E pra você o que é esperança?

Jesus foi crucificado ao lado de dois ladrões. Morte de cruz na época era o método mais doloroso e humilhante, na verdade a mais vil sentença que alguém poderia receber.

Vamos analisar o contexto da situação. Durante o percurso em que carregou sua cruz para morte, Jesus foi esbofeteado, espancado, cuspido. Foi crucificado e, além disso, ganhou uma coroa de espinhos que perfurou seu crânio com o auxílio das fortes pancadas com pedaço de pau que recebeu dos soldados romanos, isto sem contar as inúmeras chicotadas.

Como ficaria o semblante, o rosto, a fisionomia de uma pessoa depois de toda esta violência? Já viu o rosto de um boxeador após levar alguns golpes? Pois bem, no livro Isaías, o autor profetizou este acontecimento. Escreveu profeticamente sobre o momento da crucificação do Cordeiro (Jesus):

Isaías 53:2 – “Não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.”

Resumindo: Cristo apanhou tanto, que ficou horrível. Desfigurado.

Um dos ladrões crucificados ao seu lado não teve esta visão. Enxergou um sentimento muito mais forte que sua fisionomia. Enxergou que por trás daquela desfiguração, daquele homem sem rosto, machucado, ensangüentado, havia ESPERANÇA. Olhou para o rosto amassado, os olhos inchados, boca e nariz ensanguentados, cabeça perfurada e teve ESPERANÇA. Esperança de encontrar paz. Esperança de encontrar um novo lar, esperança de alívio para seus sofrimentos, refrigério para sua alma.

Mas o que fez este ladrão para estar ali?

Não sabemos, mas ele fez. Estava sendo crucificado! Com exceção de Jesus, todos sentenciados a morte de cruz, recebiam esta punição devido a sua alta periculosidade.

No entanto, o que enxergamos, foi que reconheceu seus próprios atos de crueldade. Reconheceu que tinha uma razão justa para estar pregado naquele madeiro. Reconheceu que suas ações, que o percurso que trilhou durante toda a sua vida foi o caminho errado e que precisava mudar de direção. Confessou ao outro ladrão que mereciam estar ali quando disse: "e nós, na verdade, com justiça, porque recebemos que nossos feitos mereciam..."

Meus queridos, o dia-a-dia tem matado muita gente. A falta de esperança tem sugado nossas energias, tem tirado nosso interesse até mesmo em ajudar o próximo. Nossas atividades se tornaram monótonas e corriqueiras nos sufocando. Preocupamo-nos apenas com nosso pequeno mundo particular.

Trabalho, estudo, trabalho, casa, trabalho, preocupações, trabalho, dívidas, trabalho, filhos, trabalho, segurança, estresse.

Não se entregue a problemas, diversidades ou qualquer situação que possa parecer irreversível, afinal de contas, este tipo de punição não existe mais e, mesmo que existisse, temos um belo exemplo que ainda que seja o último suspiro, não podemos desistir.

O ladrão não desistiu.

Disse a Jesus: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino."

Pense nisto.

Onde está o leão dentro de cada um de nós?

Onde está o nosso rugido?

Onde está o nosso poder e a nossa força?

Onde está nossa esperança?