Inquietude de poeta

I nventam-me: poeta!

N em tampouco perguntam

Q uanto verso ainda falta,

U nitivos, que o me façam.

I ntitulam-me, de um modo,

E ncravado na palavra,

T endo eu, menos roçado, que

U m canto que me lavra.

D evo eu sagrar-me tal?

E is que surge então um tal?

D evo sagrar-me, tao!

E is que surge tal!

U m poema no poeta!

M eu poeta na poesia!

P enetram-me a porta

O nde o quieto, hospedado,

E xcita-se por substantir-se.

T ocando no cerne do verbado,

A versando-se, por cultura.

Fá Gonçalves
Enviado por Fá Gonçalves em 31/05/2008
Reeditado em 09/11/2008
Código do texto: T1012821
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