NARA

Com firmeza e com bondade

Veio ao mundo, minha irmã,

Fez com a tal felicidade

Seu papel de anfitriã.

Muito nova inda menina

Foi cuidar de nossa avó,

Aplicando-lhe insulina

Sem temor, nem rococó...

Algum tempo se passou

Uma prima então nasceu,

Mas doente precisou

De uma ajuda que ela deu.

Sem contar os seus irmãos

Que ela amou e com certeza

Filhos foram em suas mãos

Nos momentos de tristeza.

Tinha luz no coração

Mais o fogo que esquentava

Com amor e com atenção

Quem na sua casa entrava.

Não media sacrifícios

Cultivando sempre o bem,

Mesmo tendo os seus ofícios

Não faltava pra ninguém.

Mas que falta que fará

Não ouvi-la nunca mais,

Sua voz que agora está

Conversando noutro cais.

Como pôde ir tão cedo?

Como pôde nos deixar?

Quem será que fez o enredo

De repente se acabar?

Eu não quero consolar

Nem a mim nem a ninguém,

O que eu faço é chorar

Essa dor que não faz bem...

Sem querer lhe disse adeus,

Dia antes do destino,

Porta voz que fui dos meus

Nesse embarque repentino.

Siga em paz o seu caminho

Se puder nos dê seu rumo,

Não repare o desalinho

Pois ficamos sem o prumo.

A paixão que nos mostrava

Pela vida, ao seu redor,

Em seus gestos culminava

Refletindo o seu melhor.

E quem fica, fica só,

Mesmo quando rodeado,

A saudade aperta o nó

Cá no peito sufocado.

Os seus filhos sentirão

Dor mais forte quando a sós,

Mas na certa saberão

Dominar mais esse algoz.

Minha irmã e minha amiga

Rendo aqui minha homenagem,

Desse que na mente abriga

Seu sorriso e sua imagem.