DIÁLOGO EM TROVAS

DIÁLOGO EM TROVAS

José Rodrigues Filho & Douglas Alfonso

O dia do nordestino

É mais que um dia, é magia!

Um marco puro e divino

Da nossa mãe poesia.

Douglas

A magia brasileira

Conheci desde menino,

Pois nasci em Bananeira

Solo agreste nordestino.

Rodrigues

Já eu sou um Bragantino,

E por ser, sou bravo e forte!

Pois cumpri o meu destino

Ao honrar o imenso Norte...

Douglas

Bragança bela cidade

no Pará, ostenta porte,

Porém a felicidade

É Juazeiro do Norte.

Rodrigues

Tu defendes tua sorte!

Eu também defendo a minha!

Teu Juazeiro do Norte;

O meu Pará, a terrinha.

Douglas

De nascer tivemos sorte

Nesta nação varonil...

Não tememos nem a morte

Nestas plagas do Brasil.

Rodrigues

Trafego em terreno hostil

Com bravura sigo em frente,

Pois sou filho do Brasil

Terra de gente valente.

Douglas

Valentia não é fardo

Faz parte do brasileiro...

No canto alegre do bardo

Enfrentando o mundo inteiro.

Rodrigues

No repente sou guerreiro,

E minha arma é a viola!

Sou poeta e violeiro

Aprendendo nessa escola...

Douglas

Entre muitas profissões

Sou poeta e cordelista...

Cantando belas canções

Sou menestrel, sou artista!

Rodrigues

Eu sou um positivista

Luto com perseverança,

Marceneiro e repentista

Filho ilustre de Bragança.

Douglas

Sou fã do positivismo,

Comte foi seu criador,

Também do socialismo:

Farol do trabalhador.

Rodrigues

Outro grande pensador

Foi Confúcio, que dizia!

“Moralidade é amor”,

Em sua filosofia.

Douglas

Com seu livro: O Capital,

Karl Marx nos alertou...

Do sistema que faz mal

Sua ganância mostrou.

Rodrigues

Há outro que nos falou!

Eu não sei se em devaneios...

Maquiavel que citou:

“Os fins justificam... meios”.

Douglas

Um defensor da razão

Foi o filósofo Kant,

Sua experiência então

Foi deveras importante.

Rodrigues

Com um fervor fulminante,

Da antiga China, na terra!

Sun Tzu, e seu dom gigante,

Escreveu “A arte da Guerra”.

Douglas

Cervantes, por outro lado,

Escreveu o “Dom Quixote”...

Sancho Pança seu criado

Cuidou dele até a morte.

Rodrigues

Dos versos fez o transporte

Dentro de uma caravela,

Eis Camões, poeta forte;

De musa perene e bela!

Douglas

Peitando a religião

Dela mostrou vários fatos...

E o “Boca do Inferno”, então,

Foi o Gregório de Matos.

Rodrigues

Bocage tirou baratos

Com seus versos tão satíricos,

Mas era um gênio nos atos

Ao compor sonetos líricos.

Douglas

Falando de poesia

Em rimas que o mundo abarca...

Do soneto a primazia

Coube ao poeta Petrarca.

Rodrigues

Sigo aqui em fala parca

Tendo Deus em meu auxílio.

Você falou de “Petrarca”,

Citarei o bom Virgílio.

Douglas

Azeitando a minha lira

Do samba para o bolero

Um poeta que me inspira

É o pertinaz Homero.

Rodrigues

“Homero” da Grécia antiga,

Também tenho em minha ideia!

Meu lirismo então se abriga,

Em Ilíada e Odisseia.

Douglas

Shakespeare na Inglaterra,

Fugindo do português,

Para honrar a sua terra

Compôs o soneto inglês.

Rodrigues

Há também um Português

Do passado, mas ecoa,

Por compor com polidez

Viva o Fernando Pessoa...!

Douglas

O maranhense poeta

Dito Raimundo Correia

Compôs sua obra dileta:

“As Pombas”, com rara veia.

Rodrigues

Tem outro da mesma teia,

Que te teceu as poesias,

Cantou muito em terra alheia

O grande Gonçalves Dias.

Douglas

Com o tema amor e morte,

E a tragédia por enredo,

Outro vate, muito forte,

Foi o Álvares de Azevedo.

Rodrigues

Esse foi um grande aedo,

Mas faz tempo que repousa,

Igualmente ao vate ledo

De “Floripa”, Cruz e Sousa.

Douglas

Vale a pena relembrar

Castro Alves, o condoreiro,

Com seu grito a reboar

Em seu Navio Negreiro.

Rodrigues

Esse ilustre brasileiro

Merece palmas e bravos,

Pois lutou o tempo inteiro...

O poeta dos escravos.

Douglas

Das letras, um grande mestre,

Para o qual eu peço bis,

Talvez um extraterrestre:

Foi Machado de Assis.

Rodrigues

Quando falamos de Assis

Sentimos grande alegria,

Pois fez o que sempre quis:

Fundar uma Academia.

Douglas

Outro mestre do Soneto

Foi o vate Cruz e Sousa,

Chamado de Cisne Preto

Em Minas Gerais repousa.

Rodrigues

O epitáfio está na lousa,

Em território mineiro,

Onde o sonho de quem ousa,

Finda dentro de um madeiro.

Douglas

Entre tantos sonetistas

Bilac é merecedor

Nessa plêiade de artistas

Ser, talvez, superior.

Rodrigues

Um tentou se sobrepor,

Sem tocar violas, banjos,

E Bilac não deu valor

Ao bardo Augusto dos Anjos.

Douglas

Bilac um pré-modernista

Diferia de “dos Anjos”,

Mas ambos tinham em vista

Fazer rimas sem arranjos.

Rodrigues

Protegido por arcanjos,

Esse atravessou as eras,

Saudosismo seus arranjos,

E seu livro: “As Primaveras”.

Douglas

Tem outro importante vate,

De rima fenomenal,

Que tinha muito quilate

Foi Antero de Quental.

Rodrigues

Bardo internacional

Repleto de inspirações,

Um patrício sem igual

Do inesquecível Camões.

Douglas

Encerrando este debate,

Que a redondilha teceu,

Deixo loas de bom vate

Ao Casimiro de Abreu.

Rodrigues

José Rodrigues Filho e Douglas Alfonso
Enviado por José Rodrigues Filho em 15/10/2024
Reeditado em 15/10/2024
Código do texto: T8173953
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