TROVAS À SANTA PROVIDÊNCIA

“Em tempo de Calamidade”

Em tempo de Calamidade,

Que todos estamos passando,

Ninguém cumpre com seriedade

As normas que nos estão dando.

Por aquilo que se está vendo

Há muita gente padecendo

Outros, troçando, a correr risco…

E já se diz para nosso clamor,

Que passaremos de mal a pior –

O que mais custa em tudo isto.

O foco pior de Calamidade

É o que se passa no Parlamento

Onde se boceja, à saciedade,

Em lamentável descaramento.

Não há quem dê um murro na mesa

Nem quem queira assumir a despesa

Deste lamentável forrobodó…

Parece mesmo haver desinteresse

E ao burro, que nem agradece,

Andamos nós a dar pão-de-ló.

O mal-estar vai de má-sorte

E ninguém o faz contrariar,

Quando há horas de desnorte

As coisas tendem a piorar.

Quem está acima do palanque

Não tem perspectivas d´ arranque

E serve de estátua e modelo…

O tempo, esse, vai-se esgotando

E esta Crise, s´ aprofundando,

Levando-nos coiro e cabelo.

E … que vemos nós pela praça,

Por este país de norte a sul?

A saúde… vai uma desgraça

E as contas afundam-se no paul.

A corrupção é um mar revolto,

A especulação é um vírus-solto

Com todos rodando em carrossel…

E dizem que há democracia,

Só se for para a burguesia

Que o povo, coitado, é só fel.

As Instituições, em “standby”,

Nem aquecem nem arrefecem,

A Justiça a toda a hora descai

E as Autoridades amolecem.

As Escolas vão hibernando

E os Políticos, vão ruminando,

Fingindo que vai tudo bem…

As famílias, nem é bom pensar,

Como as coisas estão a andar

Não se vê sossegado ninguém.

Ó Calamidade, calamidade,

P´ la triste cruz desta existência

Venho cantar-te com piedade

Umas Trovas à Santa Providência.

Já não há espaço neste chão

Para outro Ofício d´ oração

Qu´ o celebrante está de baixa…

Talvez o Tempo, cheio de esperar,

Possa dalgum jeito reinventar

P´ ra esta “patine” um´ outra graxa…

Esperemos qu´ A Santa Providência

Não se enrole com o Sto. Elias

E não nos dê mais penitência

Do que a que temos nestes dias.

Austeridade já chega a que foi,

Basta que se cure aquilo que dói

Sem negras brumas no caminho…

O Sol há-de brilhar de novo

Que a Alma qu´ habita este povo

Já merece um outro carinho!

Frassino Machado

In TROVAS DO QUOTIDIANO

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 10/05/2020
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