Convívio na aldeia
Hoje, a entrada é de pêssegos
Que a fome está a apertar;
Casca tirada co’a boca
E o sumo a escorregar.
Chega o prato principal
E que forte é o apetite:
Barriga e sardinha assadas
Muito melhor que um bife.
Guardanapos? Foram de férias
Fiquei com os dedos melados;
Lambi-os o melhor que pude
P’ra não estarem besuntados.
A sardinha está mais seca
Mas a gente faz milagres;
Digo eu e dizes tu
E mais os nossos confrades.
A barriga tem bom aspeto
Mas não a quero provar;
Tenho barriga que chegue
Não a quero aumentar.
AS batatas saborosas
Não eram, nem foram demais…
Toda a gente as provou
E só queriam comer mais.
A salada está um mimo
Mesmo co’a cenoura faltando;
Mais os ovos que esqueceram
Mas estamos almoçando.
O vinho é o do costume
Estava como se quer;
Com álcool o quanto baste
E fresquinho p’ra beber.
P’ra terminar o repasto
Pão de Deus às fatias;
Comidas sem faca ou garfo
Que a gente não tem manias.
As senhoras já comeram
Esperamos que o Sô Zé
Acabe o que tem no prato
Pró Paulo fazer café.
E terminados os comes
Como a vida não é uma seca;
Formamos duas equipas
Para jogar à sueca.
Junho de 2018
Lucibei@poems
Lúcia Ribeiro
In ”Trovas e Quadras”