LOUCURA POUCA

Não é que eu seja amargo, pelo contrário

Só não consigo, ainda, tirar meu riso do armário

Meu cenho oblíquo me pinta de zangado

Mas é farsa, na verdade sou bem-humorado

Acontece que tenho minhas neuras consolidadas

Sei que são criações de minha mente angustiada

Uma espécie de desculpa para inocentar minha baixa-estima

Eu mesmo inacabando minha obra-prima

Uma erva daninha a afastar as pessoas de mim

Tenho consciência mas não força para deixar de ser assim

Costumo sentir inveja de tudo o que não acontece comigo

Aos céus peço ajuda esmolando como mendigo

Nem mesmo passando aqui isso a limpo

Sinto que me redimirei e sairei do meu limbo

Quem sabe uma terceira vez um profissional

Me examine agora mais profundamente e descubra meu mal

Enquanto espero imóvel por minha cura

Me abro e falo da minha loucura

Loucura costumeira

Loucura pouca é besteira

Rinaldo Saracco
Enviado por Rinaldo Saracco em 29/11/2018
Código do texto: T6515200
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