LOUCURA POUCA
Não é que eu seja amargo, pelo contrário
Só não consigo, ainda, tirar meu riso do armário
Meu cenho oblíquo me pinta de zangado
Mas é farsa, na verdade sou bem-humorado
Acontece que tenho minhas neuras consolidadas
Sei que são criações de minha mente angustiada
Uma espécie de desculpa para inocentar minha baixa-estima
Eu mesmo inacabando minha obra-prima
Uma erva daninha a afastar as pessoas de mim
Tenho consciência mas não força para deixar de ser assim
Costumo sentir inveja de tudo o que não acontece comigo
Aos céus peço ajuda esmolando como mendigo
Nem mesmo passando aqui isso a limpo
Sinto que me redimirei e sairei do meu limbo
Quem sabe uma terceira vez um profissional
Me examine agora mais profundamente e descubra meu mal
Enquanto espero imóvel por minha cura
Me abro e falo da minha loucura
Loucura costumeira
Loucura pouca é besteira