Não Sou
Não sou aquilo que fui
Nem sei se sou o que sou
Não sou aquilo que querem
Nem, sequer, sei onde estou
Não sou o marujo forte
Nem o poeta coitado
Não sou um homem de sorte
Nem, ao menos, azarado
Não sou o maldito armário
Que me dizia o que li:
- Confie em Deus, seu otário
Mas faça sempre por si
Não sou o capoeirista
Nem lateral, nem goleiro
Não sou também guitarrista
Nem sou eu um violeiro
Não sou produto do meio
Deste meio suburbano
Não sou bonito nem feio
Não sou cruel nem humano
Eu não sou nada de nada
Aceito sim, não me iludo
Mas sou nada, camarada
Que tem um pouco de tudo.