O CHÁ DAS CINCO
Nessas tardezinhas de chuva,
Quando o sol cedo vai se deitar,
Eu gosto, de num chá bem quentinho...
A minha poesia esquentar.
Então eu estendo a toalha
De linho...toda engomada,
E na porcelana frisada,
Degusto meu chá com torradas!
Dia desses ouvi um apito...
Da chaleira a me fofocar,
Então estiquei meus ouvidos,
Para ouvir o seu cochichar.
Dizia-me que ouvira um lamento,
Do meu bule a soluçar,
Pois ele, num simples estalido,
Percebeu seu amor a trincar.
Sua bela xícara de porcelana...
Não pode o frio aguentar,
Quebrou-se em meio à faiança
Não pode mais cicatrizar.
Então eu tive uma idéia...
Um chá como unguento inventar!
Quem sabe a ferida do bule,
Talvez eu a pudesse curar.
Pensei num chá de alfazema,
Que sempre perfumam os campos...
De cores suaves e ternas,
Pra recuperar seu encanto!
E o tal do chá de Jasmim?
Também lhe fiz uma infusão...
Quem sabe um amor sem fim
Curasse o seu coração.
Tentei um chá de melissa...
Misturada com erva cidreira,
Pitadas de erva doce
E um pouco de frutas vermelhas...
Depois infundi umas folhas,
E flores de maracuja,
A sua emoção derradeira,
Eu pude um pouquinho acalmar!
Sentamo-nos ao redor da lareira...
E a tal infusão eu provei,
Gostinho de novo amor...
Naquele chá constatei.
Tão logo pude perceber...
Meu bule...muito agradecido
Assim...daquele em diante
Não perdemos nosso chá das cinco.