TROVAS AO VENTO

TROVAS AO VENTO

Você que vive rodando pelas estradas,

Você que é um bom caminhoneiro,

Nunca saia pelas entradas,

Mesmo que seja o primeiro.

Ontem eu tive um sonho esquisito,

Sonhei que estava voando,

E o meu compadre José Xisto.

Foi quem acabou me acordando.

Trabalhei hoje o dia inteiro,

Num serviço um tanto danado,

Ganhei tão pouco dinheiro,

Que eu fiquei enfezado.

Eu tenho um compadre baiano,

Que gosta de acarajé,

tenho outro compadre goiano,

Que gosta de leite com café.

Minha filha inocente,

Estudante do colegial,

Um dia me deu um presente,

Dizendo pai: você é amigo legal!

Você que está triste agora,

Não fique assim meu camarada,

Depois que todos forem embora,

Sua dor será sarada.

O bem-te-vi cantou bonito,

No alto do jequitibá,

Hoje vou comer palmito,

Com muita carne de jabá.

Em tempo de apagão de dia,

O melhor mesmo é aproveitar,

Para colocar o amor em alegria,

O negócio bom mesmo é amar.

Nada resiste a um bom cafuné,

Nem homem nem mulher.

Depois de tomar goles de café,

Só faltam subir pela chaminé.

Em dia de lua cheia no céu,

Quem não quer ver estrelas?

Mesmo com a vida em escarcéu,

Será sempre bom revê-las.

Namorei uma morena bacana,

Noivei uma loira num átima,

A morena se chamava Ana,

Casei-me com a loira Fátima.

Tive amizades no tempo de garoto,

Dentre elas adveio um compadre,

Um colega pra lá de maroto,

No seminário, não quis ser padre.

Nos anos noventa morei na montanha,

À tarde por diversas vez lá subi,

Eu estava comendo pamonha,

Tão depressa que nem a senti.

Em Deus sempre cri,

Nos homens também um pouco,

Se até hoje não morri,

Viver duzentos anos tampouco.

O nome dele é Costa Paz,

Ele fala português e espanhol,

Todos gostam do que ele faz,

Mesmo não sendo jogador de futebol.

Conheci uma moçoila que se chamava Lia,

Ela enamorou-se de um cabra arretado,

Mas viveu na maior melancolia,

Pois o cabra era ademais safado.