SONHOS, SAUDADES, SOLIDÃO....

TROVAS

(Sócrates Di LIma)

I

Nunca vi minha alma chorar,

Nunca ouvi minha alma em clamor.,

Nunca ouvi o meu soluçar,

Nem meu suspiro de amor.

II

Quisera eu ver uma lágrima rolar,

Por minha face tristonha.,

Do poder de não poder amar,

A senhora que meu pensamento sonha.

III

De tristeza meu coração se queixa,

Meus olhos me inundam de dissabor.,

Meus lábios trêmulos por isso não deixa,

Sufocar minha mágoa, suportar minha dor.

IV

Nunca chorei lágrimas por alguém,

Nunca chorando fui buscar meu alento.,

Mas, de ontem, hoje elas ainda vem,

Banhar minha alma em desalento.

V

Jamais minha alma há de estar em prantos,

Que dantes esta alma tinha.,

Distorcia, se prostrava em cantos,

Quando teu beijar para minha boca vinha.

VI

Que sabor gostoso do mel,

Espalhava-se nos lábios teus.,

Hoje que dissabor, gosto de fel,

Espalhados nos lábios meus.

VII

Quisera eu pedir, pedir...

Para não esquecer-me assim.,

Abandonar, deixar fugir,

De teu pensamento, uma imagem de mim.

VIII

Se te fui bom ou ruim,

Se te abri o meu coração.,

Foi por que me vi assim,

Perdido, escapando da solidão.

IX

Encontrei-te, me vi perdido,

Procurei-me, me encontrei feliz.,

Por sentir que fui bem querido,

Por você, a mulher que sempre eu quis.

X

Que faço de mim, oh! Aves do meu céu,

Se gosto tanto dela, e a quero tanto.,

Mas, esta vida ingrata e, todavia, cruel,

Não ame deixa viver este meu encanto.

XI

Será que um dia ao romper da aurora,

Este amor que tanto nos inspira agora.,

Não suporte o tempo de espera e vá-se embora,

Naufragando os sonhos pelos mares afora.

XII

Sonhos, Saudades e solidão,

Restarão-me se o teu amor por nada partir.,

Deixar nossos momentos, meu coração,

E em outro coração residir.

XIII

Vejo-me a cada instante pensativo e triste,

Ao recordar cada momento belo por nós vivido.,

Tenha certeza, na tua partida tudo o que agora existe,

Será testemunha do amor por ti, em mim nascido.

XIV

Saudade terá demais,

Na solidão, naufragarei.,

Os sonhos serão vivos e fatais,

Mas me conforta em saber que sempre te amarei.

XVI

Todas as noites, aqui sentado em meu leito,

O dia se vai e uma dor marcante em meu peito.,

Chega como vento, chega como tempestade,

Trazendo consigo minha doida saudade.

XVII

É noite alta em minha alma,

Solidão, desespero toma conta do meu ser.,

Olho ao redor, tudo aqui é tom de calma,

Aumentando ainda mais a vontade de te ver.

XVIII

Se estas distantes vão a ti o meu pensamento,

Busco-te tocando de leve em teus cabelos.,

Querendo alem, viver um ultimo momento,

Para acabar de vez com estes meus pesadelos.

Jardinópolis-SP, 14 de março de 1984.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 03/11/2008
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T1262855
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