A mão e a manivela
Penso nas curvas do espaço
no lado escuro da lua;
penso no verso que eu faço
antes que o tempo o destrua...
Minha mão na manivela
tira água lá do poço;
que absorvo pela goela
grande abismo do pescoço...
Penso os passos que eu dei
no encalço do destino;
penso em ti que desejei
com tamanho desatino...
Minha mão na manivela
dando corda na vitrola;
Sabiá lá na cancela
olha triste e cantarola...
Penso o brilho lá do sol
apagando o meu sonhar;
penso em ti como um farol
sob a lua a enluarar...
Minha mão na manivela
faz a ponta num grafite;
que desenha uma janela
devassando-te Afrodite...
Penso um beijo já roubado
quando menos esperares;
penso o encontro já marcado
entre os versos e os olhares...
Minha mão na manivela
traz pra mim outra sereia;
tão faceira -mais que bela-
que a mim me saboreia...
Minha amiga Ana Átman, ajudando a rodar a manivela..rsrs
Tua mão na manivela
vai rodando o molinete
iscas sereia mais bela
para ter o teu deleite
Com água fresca na goela
sem lugar para as ariscas
quem te ama se arrisca
quem quiser que te aproveite