A vida é direito inato

A VIDA É DIREITO INATO
Miguel Carqueija


Talvez não haja sobre a face da Terra questão que gere mais tergiversações e falácias que a do aborto. Entretanto, à luz da razão, do bom senso e do Direito, não deveria haver dúvida alguma. Vejamos:
O direito à vida não é, como no direito trabalhista, adquirível. Ao trabalhar numa empresa você adquire diversos direitos com o tempo. Porém, no caso da vida isto não se dá. Este privilégio inalienável está vinculado à simples condição humana. Você existe de fato e é um ser humano? Então você tem, pela simples soma desses dois fatos, o direito à vida, que tem de ser respeitado.
Negar isso equivale a condenar, em tese, toda a humanidade à morte. Ora, a vida começa na concepção, como a própria Ciência garante. A união do óvulo com o espermatozoide, formando o zigoto, significa que um novo indivíduo da espécie começou a existir. Não há nenhum outro ponto da trajetória que possa indicar tal início. Certamente não o parto, pois o bebê nascituro pode ser parido prematuramente, até com menos de seis meses. E nesse caso tecnicamente ele é um feto.
Sim, o feto, embrião ou nascituro humano, o bebê de ventre, é uma pessoa humana e a Embriologia é uma ciência maravilhosa, cujo estudo transformou o Dr. Bernard Nathanson, de “Rei do Aborto” como era conhecido nos Estados Unidos, a intransigente defensor da vida humana desde a concepção.
É espantoso como as pessoas, diante até da evidência dos fatos, buscam às vezes pretextos ou manobras para não aceitarem a verdade! A um amigo advogado (que portanto devia ter uma visão jurídica límpida sobre essa questão) a quem eu ponderei esse fator – isto é, ser o direito à vida congenial e não adquirido – saiu-se com essa: “Você está falando em teoria e não na prática, não é?”
Ora bem. De que valeria aceitar um conceito jurídico se não fosse para colocá-lo em prática?
Lembre-se bem disso (ainda mais agora, que fortes pressões são feitas pelas esquerdas no sentido de liberar de vez o feticídio no Brasil): se você não reconhece a intocabilidade da vida de um bebê de ventre, como poderá querer que o seu próprio direito à vida seja reconhecido mesmo pelo vizinho que não vai com a sua cara? Nós não adquirimos esse direito e, se não o temos por nossa natureza, que Deus nos deu, então simplesmente não o temos. O aborto destrói pela base o conceito de direito à vida e abre as portas para o império do homicídio – que por sinal já existe na sociedade moderna e amplamente abortista. O avassalador desrespeito à vida que se verifica nesta Idade das Trevas tem relação com o avanço da cultura da morte que faz do aborto um ponto fundamental.

Rio de Janeiro, 29 de março de 2017.