O uso do Código Penal como uma propaganda sensacionalista, a criminalização como meio de coerção social, as origens do direito Romano- germânico, em sua evolução positivista; em seus princípios as vezes amorais ou imorais. Vejamos alguns exemplos
Após ser dado o veredicto, a agressora foi levada ao cadafalso na praça do mercado. O crime era assassinato e a sentença, a de morte. O longo pescoço da ré foi seguro com firmeza pelo ajudante. Depois, o carrasco colocou a corda da forca ao redor do próprio e o apertou. Mas ela não era humana, era um animal, uma porca, executada como se fosse uma criminosa comum, mais uma na estatística da história do Direito.
O fato aconteceu em 1386 em Falaise, França, e toda a cena foi registrada em um mural pintado dentro da igreja local. A porca tinha sido condenada por matar uma criança. A sentença foi, dessa forma, condizente com a pena para um criminoso comum, mas essa foi mais do que uma excentricidade isolada.
Em 1457, outra porca foi condenada pelo assassinato de uma criança de cinco anos em Savigny, França, e “pendurada numa forca pelas patas traseiras”.
Seus seis filhotes foram considerados “manchados de sangue” e indiciados como cúmplices, mas acabaram poupados porque não havia nenhuma prova de que eles haviam ajudado. Foram todos devolvidos ao dono, mas os jovens seriam detidos se “novas evidências" provassem “cumplicidade" no crime de sua "mãe”.
Em 1712, em Nuremberg, Alemanha, um percussionista foi processado porque seu cachorro mordeu um vereador. Ele negou a responsabilidade, entregando cachorro que ficou um ano preso no mercado, em um armazém usado para confinar quem desacatasse autoridades. O percussionista foi liberado em seguida.
Em 1546, besouros foram pegos danificando vinhedos da igreja de St. Julien, também na França. Depois de várias audiências, um julgamento foi feito, mas a decisão continua até hoje desconhecida, já que parte do documento foi comida, possivelmente pelos besouros.
Na Nova Inglaterra em 1662, Thomas Potter, descrito como “ um devoto" na veneração, talentoso na oratória, avançado na edificação de um discurso entre religiosos e zeloso com o "arrependimento" dos pecados de outras pessoas, foi condenado por fazer sexo com animais. Por trás do véu de respeitabilidade religiosa, ele tinha “vivido profanamente por 50 anos... (Sua esposa o vira perturbando uma cadela 10 anos antes).
Ele pediu desculpas como pode, mas a fez prometer que manteria segredo”. Ele manteve seu segredo destruindo as provas - enforcou a cadela. O próprio Potter acabaria enforcado, junto a outros animais, com os quais se meteu . Com ele na forca, foram mortos, diante de seus olhos, uma vaca, dois novilhos, três ovelhas e três porcas, com os quais ele havia cometido suas obscenidades.
Em 1872, bichos chegaram a ser torturados para que deles fossem arrancadas uma confissão. O escritor francês Arthur Mangan afirmou:
- “Os gritos que eles deram, sob tortura, foram recebidos como confissões de culpa”. Tal crueza também apareceu na mente do seu antecessor, o filósofo-matemático francês René Descartes. ( rev. knowledge n1,pg 55-2009)