O NEO-JUDAISMO: AS ÁREAS DE CONFLITO E A INTELIGÊNCIA ANTI-TERRORISMO.
No Brasil, há um déficit forte de discussão sobre o terrorismo. Ele aparece como um fenômeno estrangeiro, o que não chega a ser uma inverdade. O terrorismo histórico tem um campo de batalha definido, seja na Espanha com o ETA, seja na Irlanda e na Inglaterra com o IRA. Seus alvos são as forças de Estado. Mesmo o Setembro negro e a Fatah, que atacavam fora de seus territórios, o faziam tendo sempre alvos israelenses. Como nas Olimpíadas de Munique, em 1972, quando o Setembro Negro atacou a delegação israelense.
No caso do neoterrorismo, o aspecto midiático é tão planejado que há mais de uma bomba, sendo que a primeira é um chamariz. As bombas são múltiplas. A primeira chama a defesa civil e a mídia, a segunda – e, às vezes, a terceira – é televisionada e atinge justamente esse pessoal que foi resgatar as vítimas da primeira.
Foi assim com o segundo avião do 11 de setembro, que matou centenas de bombeiros que foram resgatar as vítimas do primeiro avião. É assim com a segunda e a terceira bombas detonadas em mesquitas e essas passam ao vivo. Se o neoterrorismo achar que é mais fácil atacar americanos e ingleses no Brasil do que em Nova York ou Londres, vai fazê-lo. Mas, antes disso já havia uma janela. Mesmo sem sediar grandes eventos, o Brasil tem agora um protagonismo mundial grande. E esse protagonismo inclui o fato de o País projetar tropas no Haiti, Angola, Sudão, Namíbia e Timor-Leste, por exemplo, que podem ser alvos de ataque terrorista.
O terrorismo, seja o novo seja o histórico, ataca sem aviso prévio, causa grande dano, assusta as pessoas e busca fazer um governo desistir de uma ou outra política pelo medo. O país com o maior número de atentados é o Iraque e o alvo, em grande parte das vezes são os próprios iraquianos, xiitas atacados pela Al-Qaeda e por outros grupos sunitas.
Os Estados Unidos entram como grande alvo porque apóiam uma das partes, e Israel entra como alvo por causa da ocupação. Judeus historicamente viviam bem com árabes. O problema começou com a criação do Estado de Israel. Hoje é um consenso que a criação de um Estado palestino viável seria uma forma importante de esvaziamento do apoio e do alistamento do terrorismo.