ARTIFICIAL
 
Hoje sou como uma flor seca...
e seca pareço-me mais artificial;
será que algum dia fui natural?
 
Um dia me descobri poetisa...
e poetisa me senti desguarnecida
de verdades e empobrecida...
 
Me peguei então lendo Pessoa...
e Pessoa ensinou-me que poeta finge
e fingindo tornei-me uma esfinge...
 
Talvez, de fato, um monstro mitológico...
e meus versos  enigmas de mim
a matarem meu próprio eu, outrossim...
 
Olhando-me agora, percebo-me
um ser mumificado...minhas tumbas gritam
e um certo louro-cinza nº 91 me pintam...



( Imagem: facebook)