Ser

Na esplendorosa razão do ser

Nasce o templante do fim das canções

Sou, e relutante, sou sem ao menos saber!

Destas pródigas e vazias menções

Que estes eloquentes líricos revivem

Sobra póstuma a memória dos que vivem.

Sou o assassino, sem entender o por quê,

Como uma lâmina que desliza sobre a floresta,

Escarro na beleza da bel modéstia.

O amor que não vem com o sabor do beijo teu,

Que em parcimônia sutileza canta tua quimera,

Canta a mentira desta quimera que sou eu.

Oh, maldita face do homem — esta fera —

Que escarra as pétalas que são o amor,

Restaurando a fome do hediondo fragor.

Esta que morra, pois há outra face

Face desolada pelo encanto que és canção

É contraste do Ser que resgata o coração

E assim mais uma canção nasce

Do pensante afugentado no esquecido Eu

Que cantarás que Ser, és nosso merecido apogeu.

E quando este canta, o outro definha,

Ainda quero que esta beleza sejas minha!

Pois ambas sabem o bem que és ser teu.

Quem é, e bem sabido da sua condição de sou

Sabe que ser é ser poeta e ser escória

Mas se sei quem sou, decerto serei inevitável memória!

Daniel Reis
Enviado por Daniel Reis em 10/06/2013
Reeditado em 12/07/2013
Código do texto: T4335061
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