Vidas ceifadas
Em um caminho de terra
afugentado pela dor da saudade
pensava, minha vida aqui se encerra
Se abre silenciosa a porteira
amorosa, chora e lamenta
vendo de seu amo a canseira
Até chegar a casa grande
pétalas de rosas caidas
harmonizavam-se com o instante
Nas mãos, o laudo da morte
por um aborto provocado
foi lhe tirado o norte
Cada cômodo daquela casa
escuro e empoeirado marcava
a morte da mulher amada
O filho que não conheceu
que nas entranhas da mãe se formava
nem sabia que concebeu
Uma pergunta sem resposta
por que esta pena tão severa
sem piedade lhe foi imposta
Chora a alma, definha o corpo
à vida pediu licença
para viver como um morto
(Inspirado em um fato real de um jovem
que acredita que a esposa provocou o aborto
para lhe penalizar )