EPÍGRAFE, O REFORÇO TEXTUAL
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Estudos Literários
Entre os Gregos e Romanos, usava-se inscrever breves textos em pedras, estátuas, medalhas, monumentos, etc. Esses breves textos recebiam a denominação em grego de "epigraphê" que significava escrever sobre. Entretanto, a Epígrafe só entrou em uso na literatura no século XVI e atingiu o ápice nas décadas seguintes.
Epígrafe são fragmentos de textos (de outros autores) que precedem um texto ou obra. Servem como "lema" do texto, da obra (ou capítulo), ou ainda de um poema. Pode ocorrer em uma página isolada, antes do início do texto, como uma abertura solene, ou logo abaixo do título de um livro, ou de um poema, quando o escritor pretende sugerir que as ideias desenvolvidas no texto, se aproximam das contidas na epígrafe.
Na entrada do discurso formal ou sermão, considera-se, a epígrafe, como parte do texto; sendo o ponto de partida da discussão. Pode acontecer, de encontrarmos epígrafe sem vínculo com o conteúdo da obra; funcionando apenas como um mero enfeite ou uma demonstração de conhecimento.
A escolha de uma epígrafe obedece tendências ideológicas e subjetivas, por isso, ela pode nos fornecer uma ideia da doutrina básica de um poeta ou romancista, o seu nível cultural, etc. Assim, o fato de Castro Alves citar Ésquilo, Heine e Shakespeare em Francês, nos dá ao mesmo tempo o âmbito de suas leituras e em que língua fazia.
Não se devemos confundir a epígrafe com a dedicatória da obra, nem com os resumos de capítulos, como o faz Almeida Garrett em Viagens na Minha Terra:
Viagens na Minha Terra
Capítulo II
Declaram-se típicas, simbólicas e míticas estas viagens. Faz o A. modestamente o seu próprio elogio. Da marcha da civilização: e mostra-se como ela é dirigida pelo cavaleiro da Mancha, D. Quixote, e por seu escudeiro Sancho Pança. — Chegada à Vila Nova da Rainha. Suplício de Tântalo. — A virtude galardão de si mesma e sofisma de Jeremias Bentham. — Azambuja.
Essas minhas interessantes viagens hão de ser uma obra prima, erudita. Brilhante, de pensamentos novos, uma coisa digna do século. Preciso de do dizer ao leitor, para que ele esteja prevenido; [...].
Gonçalves Dias, na abertura do poema, A Canção de Exílio, tem como Epígrafe o fragmento da Balada de Mignon, retirado do romance Os Anos de Aprendizagem de Wilhem Meister, de Goethe, assim traduzido por Manuel Bandeira:
Canção do Exílio
"Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn,
Im dunkeln Laud die Gold-Orangem glühn,
Kennst du es wohl?
(Conheceis o país onde florescem as laranjeiras?
Ardem na escura fronde os frutos de ouro...)
- Dahin, dahin!
Möch ich... ziehn.
(Conhecê-lo? – Para lá, para lá
quisera eu ir!)" Goethe
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá
Nosso céu tem mais estrelas
[...]
Já na primeira estrofe, percebemos que a epígrafe escolhida por Gonçalves Dias, retira do poema de Goethe, o desejo que também vai desenvolver em sua Canção – o de voltar à Pátria. ®Sérgio.
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