Bandeira do Brasil
Desde criança que te olho com amor, paixão e fé. Desde os tempos de criança, quando não entendia nada, quando não sabia o que representavas. Foi amor à primeira vista.
Meu tempo de criança, eram tempos de Getúlio Vargas. Diziam que era gaúcho, mas eu não sabia bem o que era gaúcho. No Grupo Escolar de Da.Amélia Figueiredo, em Iguatu, falavam dele, tinha uma foto na parede. Em todas as salas.
Já, na minha casa, se cultuava um tal de Brigadeiro. Esse eu decorei. Sabia tudo dele. O cara era piloto. Por isso, sempre quis ir para a Força Aérea. Era um tempo meio confuso, aquele meu tempo de menino.
O piloto andava com uma turminha “braba” na praia, e todo mundo levou tiro do Getúlio. Em Iguatu(CE), naqueles tempos, tudo terminava em bala. Disso, eu entendia bem. O brigadeiro levou a pior: ferido e preso. Papai gostava dele, cantava o hino dele, e com tiro ou sem tiro, se dizia, que era o maior “guerreiro do céu de anil.”
Eu pensava, de onde iam tirar tanto anil... Devia ser anil p’rá dedéu, igualzinho ao que minha mãe usava na roupa branca. Lavava, enxaguava, mergulhava numa água azulada e o bicho ficava mais branco. Alvinho, cor de nuvem do céu. Era complicado. (Será que as núvens do céu eram brancas, por causa do anil do céu? Talvez.
Agora, quando apareciam nuvens escuras que a gente pensava ser escuro de fumaça, chovia. Devia ser a água de lavar as nuvens. (Era um mundão complicado p’rá menino entender.)
E havia a bandeira. Minha bandeira.
Porém, havia, também, um tal de Eixo. E eu que pensava que só caminhão, e meu carrinho de rolimã tinham eixo. Aí, apareciam uns caras maus, tipo aqueles que atiraram no tal de brigadeiro. Os caras maus se chamavam gringos, ou boches, ou alemães, ou sei lá o quê. Mas eles seriam destruídos pelos homens da RAF. Estes, sim, eram meus heróis. Eles ganhavam de todo o mundo. Eu queria ser piloto da Raf. Eles moravam numa ilha, onde só tinha cabra macho, uma tal de Inglaterra. Era uma guerra só de nomes complicados.
Mas por cima de todos os eles, havia a nossa bandeira.
Passavam uns filmes que a gente não ia. Os filmes começavam às 19:30 e terminavam tarde, depois das 21:30h. Eu encrencava com essa história de 19:30 e de 21:30 horas. Minha mãe encrencava mais ainda, mas por outros motivos. Por que não começavam às sete ou sete e meia? Eu não entendia. Eu tinha um relógio que não funcionava, daqueles que se tinha que mexer os ponteiros o tempo todo, e se comprava nas bancas da feira. Eles não marcavam 19 nem 21. Só ia até 12. Perguntar? Jamais. Eu não era burro...
Era tudo muito confuso para minha cabecinha de sete, oito, nove anos de idade.
Na verdade, a gente não tinha, era dinheiro para o ingresso. A molecada escutava o filme começar, olhava pelas frestas da parede de madeira. Pelas músicas, se adivinhava o que estava acontecendo. Sabíamos até a hora que ía terminar. Às vezes, tocava o hino do Brasil no final. Então, era a glória! A gente formava pelotão, fila de dois, de três, alguém empunhava um pedaço de vara e marchávamos para casa, entusiasmados, gritando qualquer coisa.
À frente, na ponta da vara, virtualmente, a Bandeira Nacional.
Hoje, já vão muitos anos... Aquele tempo se foi. Não há mais brigadeiros, não há marcha noturna empunhando uma bandeira de amor, não há mais a RAF vencedora; Getúlio é história; já sou avô, e fico buscando sonhos que embalem meus netos. Restou, por sorte, a nobre, a belíssima, o amor de toda uma geração de patriotas: a bandeira nacional.
O Eixo ainda existe. Agora ele está em Brasília, envergonhando uma Nação. Ele está em muitos governos estaduais e prefeituras também, e são poucos os caras da RAF que possam derrotá-los. A turma do Eixo não deve ser brasileira. São só ladrões. Não se depena o pouco dinheiro da Educação, da Saúde, da Terceira Idade, das Estradas. Eles devem ser os BOCHES!
Mas temos a bandeira.
A bandeira dos que sofrem com a seca, dos que abriram os seringais da Amazônia, dos que fizeram a ferrovia Madeira x Mamoré, ligando o Brasil à Bolívia, dos que cortam a cana nos canaviais do Sul, dos que tocam as grandes plantações do centro-oeste, dos candangos que construíram a cidade de Brasília, dos que lutam, sobrevivem e esperam.
Se este povo um dia se cansar!...
Alguns estão em templos como este nosso da Loja Segredo e Força da Acácia, dos Rotarys, do Lions, como do novíssimo Lions
Clube de Sobral – Princesa do Norte. Somos poucos, mas estamos atuando, tentando, alguns DE PÉ E Á ORDEM, todos trabalhando. Que sejam muitos os templos, como este nosso, onde a bandeira nacional é rainha, e, como tal, reverenciada.
Salve, bandeira Nacional !