SOBRE DALCÍDIO JURANDIR

Menino, o rio marcou sua vida. Vida de paisagens, bichos e homens. Vida de uma sociedade primitiva. Uma religiosidade de ladainhas, procissões e velórios, tudo muito à moda antiga. Qual o cenário? Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras. Vida banhada pelo lago Arari e pelo Marajoaçu. O menino Dalcídio conviveu com a matintaperera, com o boto, até que as dificuldades da vida o empurraram para Belém do Pará.

O menino tornou-se homem. Em Belém, devido a sua luta pela igualdade de direitos e justiça social, foi preso. Até passou fome no presídio São José.

Em sua obra ficou registrada a infância no Marajó, e o outro lado, vivido nos subúrbios da capital paraense.

Antes de fixar-se no Rio de Janeiro, Dalcídio já era conhecido como escritor. Recebeu vários prêmios.

Teve um livro publicado na União Soviética: "Linha do Parque".

Seus livros que falam da Amazônia compõem o chamado Ciclo do Extremo Norte.

Morreu em 1979, no Rio de Janeiro. Hoje, nosso maior prazer é conhecer a obra desse grande escritor.

À FLOR DA PELE

A obra de Dalcídio Jurandir constitui-se um verdadeiro testemunho da vida amazônica. O que o romancista escreve faz parte de sua própria vivência, daí a fidelidade com que enfoca o mundo amazônico quando o recria em suas obras.

Os textos que você vai ler constituem-se exemplos dessa abordagem que se estende pelas mais variadas temáticas: o contato com o rio, as tradições, as atividades dos caboclos, os sofrimentos do homem da Amazônia.

Em "O Velho e os Miritizeiros" e "A Boiada Encantada" o autor focaliza a convivência harmoniosa entre o homem interiorano e a natureza: "Seguiu uma vez o avô até o miritizal, o velho ali sentava, também miritizeiro..."

Aspectos da cultura popular nortista evidenciam-se quando o romancista nos conta os preparativos e a apresentação do bumbá Estrela Dalva (O Boi) e também quando nos leva a conhecer a atividade artesanal do avô Bibiano, mestre na tecelagem de paneiros (O Velho e os Miritizeiros).

O texto "A Escola" nos deixa ver com nitidez o contraste entre a exuberância da natureza e a miséria do homem que nela habita: "Em casa o pau de lenha à espera do aracu que o pai há de trazer - peixe anda arisco, arisco. Veio a mãe, amarela, seco e solto o cabelo, um trapo em cima da pele..."

Esse desvendar da vida amazônica, onde o mágico se confronta com o trágico, é-nos trazido através de uma linguagem bem trabalhada, poeticamente construída: "... O avô destrançava as fibras (...) a enfiar tala por tala, os dedos que pareciam entrevados, no tecer tão maneiro, tão sabidos, o avô dedilhava. E Alfredo teve semelhante visão: o avô não tecia, tocava."

OUTRAS OBRAS DO AUTOR

Chove nos Campos de Cachoeira, Marajó, Belém do Grão Pará, Primeira Manhã, Ponte do Galo, Os Habitantes, Chão dos Lobos, Linha do Parque, Ribanceira.

Josebel Akel Fares et al.
Enviado por PROF MOREYRA em 25/03/2012
Reeditado em 25/03/2012
Código do texto: T3575241
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