Picabia
PASTORES DE VERSOS
( A TODOS OS MEUS IRMÃOS POETAS ... )
Ah que somos pastores
de versos
Eles fogem, se tresmalham
saem das malhas, das cercas suas
tretas
Aqui !...Aqui!...Joli, cer
ca...
Ah! que temos trabalhos demais
Catar os carrapatos das suas
/ puras lãs
às douradas, lustrar
Conduzi-los em filas guiados
não deixá-los pularem e sumirem
no Mar
Procurar o que se perdeu
/ de momento na noite
infinda do Pensamento
Somos Somos Pastores
/ de Versos
e os diversos caminhos
/ confundem até à fonte
o poço
o arcabouço de dar de beber
Seguimos à frente e eles : nem
Têm uma alma perfeita
/ de neném... fazem
firulas puras acrobáticas
Sambam com o nada vivem
/ bem
Soltos...
E... "ela ia tranquila pastorinha
pela estrada da minha
/ imperfeição..."*
Ah! que somos pastores
/ de versos
diversos como os dedos
/ das mãos
O cajado condutor atrapalha
/ que está
de, revestido, Coração !...
E como um piscoso mar
/ coagulado de sem ajuda
os versos nos desobedecem
/ silentes e solertes nunca
inertes
os versos pulam
Nossa Sorte é que a Poesia
/ é toda Confiança
brincar com eles
como fôramos Crianças !...
Ah que somos pastores
/ de versos...
de as ovelhas___segurá-las
/ é coisa dura, mas que se
/ explica
como
coisa
pura
que pulam dos papéis
/ diversos !...
* Fernando Pessoa
PASTORES DE VERSOS
( A TODOS OS MEUS IRMÃOS POETAS ... )
Ah que somos pastores
de versos
Eles fogem, se tresmalham
saem das malhas, das cercas suas
tretas
Aqui !...Aqui!...Joli, cer
ca...
Ah! que temos trabalhos demais
Catar os carrapatos das suas
/ puras lãs
às douradas, lustrar
Conduzi-los em filas guiados
não deixá-los pularem e sumirem
no Mar
Procurar o que se perdeu
/ de momento na noite
infinda do Pensamento
Somos Somos Pastores
/ de Versos
e os diversos caminhos
/ confundem até à fonte
o poço
o arcabouço de dar de beber
Seguimos à frente e eles : nem
Têm uma alma perfeita
/ de neném... fazem
firulas puras acrobáticas
Sambam com o nada vivem
/ bem
Soltos...
E... "ela ia tranquila pastorinha
pela estrada da minha
/ imperfeição..."*
Ah! que somos pastores
/ de versos
diversos como os dedos
/ das mãos
O cajado condutor atrapalha
/ que está
de, revestido, Coração !...
E como um piscoso mar
/ coagulado de sem ajuda
os versos nos desobedecem
/ silentes e solertes nunca
inertes
os versos pulam
Nossa Sorte é que a Poesia
/ é toda Confiança
brincar com eles
como fôramos Crianças !...
Ah que somos pastores
/ de versos...
de as ovelhas___segurá-las
/ é coisa dura, mas que se
/ explica
como
coisa
pura
que pulam dos papéis
/ diversos !...
* Fernando Pessoa